domingo, janeiro 24, 2010

back in business

Este fim de semana, voltei à minha zona de conforto. Passarinhos, almoços e jantares, muitas ideias para projectos, fins de tarde em Lisboa e reencontrar amigos. E não foi preciso dar a volta ao mundo, estava tudo aqui.

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Amazon Chronicles #4 - as ausências mentais

Duas semanas sob efeito big brother, com o sol tropical a torrar a mona e a tomar mephaquin é meio caminho andado para muito disparate. Também é verdade que grande parte daquele grupo (pelo menos, os fixes, onde obviamente me incluo) tem um conceito de normalidade... bem, diferente. O que é certo é que toda esta conjugação permitiu uma colecção vasta de episódios mais ou menos mirambolantes, a chocar os espectadores mais impressionáveis, e que vistos em retrospectiva, podiam ter corrido muito mal. Sobretudo quando interagíamos com alguns dos modelos animais (havia uma ou outra flora mais desagradável mas simplesmente não se ligava).
A dificuldade é escolher a história... aquela das capturas de jacarés quando um levantou vôo pela floresta? ou quando outro jacaré ia entrando dentro da canoa? e aquela da tarântula que levámos para o barco e desapareceu a meio do percurso? e daquela vez em que tivemos de sair para a água e empurrar as canoas entre piranhas e ictiofauna menos simpática? Houve também aqueles ataques de peixes voadores. Ou quando subimos à árvore gigante de 30 metros. Também chegámos à conclusão que escaravelhos são muito mais fixes que a casa do Lula. Só não chegámos bem à conclusão se aquela cobra que desenhámos era realmente venenosa. Bem, mas quando fizemos snorkling, havia lá uma cobra coral, que proíbiram de apanhar. Assim como a jibóia, que não me deixaram sair do barco para a capturar. Depois houve aquele enxame de abelhas Trigona que tomou o pequeno-almoço conosco e lançou o pânico entre alguns. E a conversa mete-nojo de lavar crânios com Neoblanc gentil. E tantas histórias mais, sempre com uma dose saudável de insanidade, sem ligar muito aos conselhos médicos, porque tudo acaba sempre bem.
Nota: todas as uretras vieram intactas (pode-se fazer tudo, rebolar com jacarés, pegar em escorpiões, dar abraços a preguiças, levar dentadas de botos mas nunca fazer xixi dentro de água!)

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Amazon Chronicles #3 - A Fauna

Confesso que o meu interesse na viagem era a parte faunística e que o(s) meu(s) caderno(s) regressaram repletos de desenhos de bichos. A biodiversidade chega a ser estonteante, a cada passo na floresta saltam grilos, rãs, formigas e escorpiões; as árvores estão cheias de aves, embora a maioria seja ouvida e não vista; os rios albergam uma variedade tão incrível de peixes que chega a parecer irreal. Mas este não é o sítio para observar grandes mamíferos ou cenas National Geographic pois tudo se passa em múltiplos microcosmos que são abafados pela vegetação. A lista é interminável mas estes foram os meus preferidos:

As preguiças (Bradypus variegatus) foram a jóia da coroa de um dos dias.

Mas esta família de lontras-gigantes (Pteronura brasiliensis) foi mesmo o top.

Os botos (Inia geoffrensis) até nem foram dos encontros mais interessantes.

Se os jacarés (Caiman crocodilus) falassem, iam contar muitas histórias.


Também não deixou de ser uma perspectiva diferente ver espécies conhecidas noutro contexto. Aqui um Amazona amazonia.

E os peixes! Em forma, cor e tamanho intermináveis. Aqui uma das 70 e tal espécies de piranha.


Havia mais, muito mais. Tanto que nem dá para contar.

domingo, janeiro 10, 2010

Amazon Chronicles #2 - O espaço

As paisagens, senhores, os rios, a água branca, a água negra, a água boa, a floresta. E o pôr do Sol? E o nascer? As trovoadas e tempestades tropicais. E o céu, à noite? E os sons da floresta? E aqueles recantos num nó de uma raiz ou num banco de areia? Fica uma pequena amostra, a anos-luz do que é a realidade.

A nossa base de operações durante estas 2 semanas, o "Dorinha".




A estranha confluência do Rio Negro (à esquerda) e do Rio Solimões (à direita), que se juntam para formar o Baixo Amazonas, apesar de as águas correrem separadas ainda durante alguns Kms.



Paisagens fantásticas dos rios e seus afluentes...

... florestas...

... e no final de cada dia, um por-do-sol sempre diferente.

Amazon Chronicles #1

Esta longa ausência, que agora me parece mesmo curta, terminou quando o avião aterrou hoje de madrugada na Portela e me comecei a preparar para o choque cultural que aí vinha. É que, 2 semanas a navegar na Bacia do Amazonas, para além da experiência inesquecível que foi, proporciona material para alimentar qualquer blog durante meses.
Portanto, 15 dias depois, milhares de Kms de rio percorridos, desenhos, fotografias, percursos em diferentes florestas, a comida, as caipirinhas da dona Anete, o nascer e por do sol, a esmagadora biodiversidade, os botos, os tucuxis, os hoatzins, as lontras-gigantes, os jacarés, os peixes, as guaribas, os insectos, e também as plantas, as maiores árvores, cipós e palmeiras.
E claro, as pessoas, os episódios vividos, as surpresas em conhece-las melhor, tudo isso fez-me crescer enquanto indivíduo, quer quando os jacarés andam de mão em mão quer quando se subtraem folhas ao caderno de campo. Claro que houve momentos menos bons, mas esses ou foram transformados em caricaturas ou, espera-se, as águas do rio acabam por levar.