terça-feira, novembro 27, 2007

Cine-banhada

A maldição cinematográfica da Irmandade da Esteva continua; desta vez, enrolados pela conversa da Maria Amélia, sem dúvida incentivado pela Bânia, que esteve momentos antes de decidirmos que filme ver, acabámos por ir ver isto. E isto é muito mau. Mesmo.
Se as lendas dos escandinavos são assim, antes venha a nossa luso-padeira de Aljubarrota, que ainda dava para ver uns coños a levarem nos cornos. O filme parece um jogo de computador, os bonecos parecem de plástico (então as rainhas parecem bonecas insufláveis) e não convecem mesmo ninguém, a Angelina Jolie não tem mamilos e anda de saltos altos (que modernos estes monstros do século V) sobre a água.
Ainda por cima tivemos de pagar mais 1,5 € por uns óculos pirosos porque parece que o filme é em 3D! O que me trouxe à memória traumas antigos de infância quando os meus pais não me deixaram ver "O Monstro da Lagoa Suja" ou lá o que era. Pelo menos neste, o monstro mais o seu fato de borracha assumem logo desde o princípio que são de série Z.
Menos mal, apesar da Maria Amélia ter sido o único (da sala?) a ter gostado desta banhada, ganhamos uns óculos escuros para nos mascararmos no Carnaval.
E já são dois proibidos de escolher mais filmes.

Uff...

Finalmente consegui despachar as aulas da pós-graduação no passado Sábado, que nas semanas anteriores me assombraram o pensamento. Não que estivesse muito ocupado a prepará-las, mas estive sempre muito ocupado em pensar que devia ir prepará-las. O que é uma coisa muito diferente mas ligeiramente mais angustiante. Mas o raciocínio que faço sempre nestas situações é: se vou andar feito zombie a preparar isto, mais vale sofrer durante 2 ou 3 dias intensamente do que durante 2 ou 3 semanas moderadamente. O resultado esteve à vista, que foi ter ficado acordado até às 4h30 da véspera a acabar de fazer os powerpoints.

Isso, a somar, à descoberta que as aulas práticas seriam nesse dia à tarde, fez com que a hora de almoço fosse uma correria a... digamos, juntar uns quantos voluntários para as ditas aulas.

Mas nem tudo foi mau, apesar da minha tagarelice aguda nesse Sábado, que fez com que falasse durante horas a fio sem me cansar, parece que o pessoal gostou e até parece que aprendeu umas coisas. Obviamente, eu também aprendi umas coisas e, como sempre, a concentração de cromos por metro quadrado nestes eventos é extremamente elevada. A saber:
  1. A rainha dos estrogénios a.k.a. dra. TPM, que teve de ser mandada calar por mim duas vezes com umas indirectas ligeiramente directas quando se punha aos guinchos a reclamar por isto e por aquilo. Falta de tubo da cola...
  2. O salvador dos animaizinhos que, para além de nos ter dado uma lição sobre reciclagem de material médico, nos ensinou conceitos interessantíssimos sobre a fisiologia gastro-intestinal dos coelhos;
  3. A desorganização da entidade organizadora;
  4. Decididamente, não percebo um pentelho de computadores e datashow;
  5. Foi uma má ideia juntar na mesma sala amigos meus e alunos; parece-me que vou andar a ser gozado durante um bom par de semanas.

Em todo o caso, obrigado à companhia da Maria Amélia e de mais umas amigas que sempre iam fazendo caretas e dizendo palhaçadas durante as aulas. Daqui a 3 semanas há mais (mas só me vou preocupar com isso 2 dias antes).

quarta-feira, novembro 21, 2007

Last minute panic

Era o que estava a precisar para acabar as apresentações para Sábado. Ainda falta tanto...

Não há duas sem três

... que seria caso para dizer que a seguir à amigdalite-gripe-coisa-indefenida seguiu-se uma simpática intolerância à claritromicina, que era o antibiótico que estava a tomar.
Ao fim de 5 dias de secura na boca e ligeiros desarranjos intestinais, seguiu-se o apocalipse no estômago, qual vulcão a cuspir croquetes de magma ácido. Durante 2 dias nem um grão de arroz dava para aguentar no estômago, que não viesse parar cá fora uma horita depois. Apesar dos litros de sucralfato tragados a custo (aquela m***a sabe mal para c*****o) a coisa só acalmou quando mandei a p**a da claritromicina para o lixo.
Como estou a ficar mais adulto, espero ter tirado algum proveito desta situação, que terá sido ter perdido 1 kg ou 2 sem fazer grande coisa, a não ser ir a correr gregoriar-me ou ficar a olhar para o tecto enjoado como uma pescada.

segunda-feira, novembro 19, 2007

Novas contratações

Ontem chegou uma encomenda de livros, para o Guia de Campo ficar ainda mais cromo:

Vou saber isto tudo!! :-)))

domingo, novembro 18, 2007

Rói-te de inveja, Costeau!

Hoje de manhã vesti o fato de mergulho e fui fazer fotografia sub-aquática para os lados do Dafundo. Não fosse um bando de putos a fazer gritaria pelos corredores - que pena não haver um tanque com tubarões, famintos de preferência - e os disparates que as pessoas dizem frente aos aquários, a visita tinha sido melhor.
Em todo o caso, deu para tirar um monte de fotos - 70 % das quais desfocadas e já devidamente eliminadas - que, em breve, serão transformadas em ilustrações mais ou menos científicas.
Não digam a ninguém, mas ainda consegui avariar um daqueles painéis luminosos com informações. Mas também ninguém lê mesmo aquilo...

Parabéns Madre Juanita!

Ontem a Madrezita Juanitazita a.k.a. 'Ricinho fez 290 anos e, como manda a tradição, o pessoal reuniu-se no La Rucula para comemorar o acontecimento. Sortuda, até teve direito a uma vela xpto que assobia e tudo.
Surpreendentemente, a Piko não pediu Rondellini de franguini, mas a comprovar que há coisas que continuam na mesma, rapou os pratos de toda a gente, que quase dava para ver o reflexo. Não só os pratos rapados e luzidios, mas a boa disposição continua a mesma.

sábado, novembro 17, 2007

...Dasse!

Ontem, achando-me ligeiramente melhor da gripe-amigdalite-mas-que-também-dá-tosse-puta-da-médica-que-me-atendeu-para-a-próxima-leva-com-um-melro-cheio-de-clamídias-na-tromba, resolvi vestir meia dúzia de casacos, não fosse o diabo tecê-las, e ir ao curso de ilustração científica, o que é sempre uma boa motivação para esquecer por uns momentos os vírus.
À porta da UAL há um cafézito com uma esplanada sossegada e sentei-me lá a beber um café antes da aula. "Hummm! Café... há quantos dias não bebia...". Estava eu em adoração ao café e a compor uma ode à cafeína, quando fui interrompido por uma gorda desdentada desgrenhada que, obviamente, devia ser a maluquinha do bairro (todos os bairros têm um/uma).
"A esplanada é muito agradável não é? blá blá blá blá blá..." e nunca mais desgrudava de frente da mesa. Como sou um cavalheiro, modelo da educação e moderação, ou talvez porque a febre do outro dia me tenha derretido com o centro cerebral da malignidade, fiz uso de todas as indirectas para a mandar embora; eu olhava para o fundo da chávena; eu via as horas; eu soprava; eu revirava os olhos. E a gaja continuava na sua ladainha. Quando estava prestes a disparar um "F***-se!! Mas eu perguntei-lhe alguma coisa?? Baza daqui P**a do c*****o!!!" ela foi-se embora.
Mas porque é que eu nunca sou abordado por loiras (ou morenas, tanto faz) boazonas e ninfomaníacas???

quarta-feira, novembro 14, 2007

"Eu sou uma pessoa doente..."

... de tanto repetir esta frase quando me deparava com a eventualidade de trabalhos mais chatos ou que não me apetecessem fazer, estou agora a ser severamente punido por estes acessos de clarividência.
Ontem acordei com a amena temperatura de 39,9º C que teimava em não descer apesar das overdoses de Paracetamol e Aspegic tomados ao longo desse dia; somando às dores desde a ponta do nariz aos dedos mindinhos dos pés, que mantiveram na cama e à tosse e dores de garganta, foi um dia muito bem passado.
À noite justificava-se ir às urgências e foi lá que, mais uma vez pude admirar o enorme profissionalismo da nossa classe média. A sorte é que os senhores doutores me apanham sempre tão K.O. que não têm a oportunidade de levar uma dose de mau feitio.
Ora então a senhora doutora, depois da triagem, após ter ouvido a lista de queixas - febre, dores musculares, dores de garganta e tosse (o que me fez pensar para que é que servia o raio da triagem pois tive de repetir a mesma lengalenga duas vezes) - pede para dizer "Aaaahh", vê-me as goelas et voilá! Amigdalite diagnosticada!
"Sim, amigdalite, mas causada por quê?" pensei eu. Não houve cá auscultações, zaragatoas nem nada. O pseudo-exame físico baseou-se em deitar a língua de fora à senhora, que se calhar até é a versão feminina do Dr. House e estou eu aqui a difamá-la. Nem quando referi qual a minha área profissional e o contacto frequente com passarinhos clamidiosos a doutora se compadeceu e limitou-se a receitar um antibiótico.
Duas certezas: 1) tivesse eu alguma vez feito uma consulta assim, de certeza que seria insultado e, no mínimo, teria os pneus do carro furados; 2) A vantagem de estar a tomar antibiótico pela terceira vez na vida fez com que ao fim da segunda toma esteja francamente melhor e possa estar aqui a escrever estes disparates.
Para a próxima garanto que vou ser consultado por um dos veterinários que por aqui passa!

segunda-feira, novembro 12, 2007

What the fuck??!!

Alguns de vocês devem certamente lembrar-se daquela história da menina da zaragatoa, dos passarinhos e das fraldinhas. Pois bem, finalmente hoje chegou algo para amostra. Seria de pensar que ao fim de umas 3 semanas de espera viesse um carregamento de 5 quilos de caca mas não... um mísero e solitário cagalhoto no fundo de uma caixinha.

A menina foi peremptória e disse logo "pois, só consegui isto e não foi da maneira como disse para recolher!"

A medo, perguntei: "Ah não? então como é que fez?"

A resposta, foi lançada como uma bomba: "olhe, soltei os passarinhos no quarto e cobri a mobília com papel"

A bomba estoirou e foram as minhas gargalhadas.

dai-me paciência!

sábado, novembro 10, 2007

Mais anilhas

Anteontem no Samouco, hoje na Peninha... não, não apanhamos mais Acrocephalus agricola nem outras coisas raras - agora era todos os dias, não? depois ficava mal habituado - mas foi uma manhã agradável, o sol a brilhar, um ou outro passarinho, as p***s das Prunellas modularis que só me apeteceu vazar-lhe os olhinhos ou pintá-los com a caneta de acetato vermelha...
Sim, porque conceitos como "castanho avermelhado-acastanhado" não me parecem propriamente objectivos e foi ver bichos etiquetados com 3 ora com olho verde-azeitona, ora com castanho-avermelhado (pelo menos para mim, que nem sequer pertenço ao clube e se calhar, a juntar à lista enciclopédica de defeitos sou daltónico e que me fez por em causa a qualidade - pelos vistos, fraca - do meu trabalho com o alicate). E novidade das novidades, eis que surgiu o critério da cor do bico, qual rosa milagrosamente caída do regaço da rainha D. Isabel, para dizer se determinado bicho tem direito a cartão jovem ou não, coisa nunca antes ouvida pelos meus ouvidos mas se o senhor Svenson diz que é, é porque é - pelo menos, quando dá jeito. Porque doutras vezes, está ao nível da revista Maria.
Antes que me comecem a chamar de rancoroso, maus-fígados, mandar tomar a vacina da raiva e outras calúnias, não me interessa ganhar nenhuma medalha no concurso euro-anilhas e provar que tenho razão, só acho que critérios como cores (particularmente da pupila, que depende de, entre outros factores, concentrações sanguíneas de hormonas sexuais) e 300 técnicas diferentes de usar uma craveira por 300 pessoas diferentes sejam assim a modos que subjectivozitos... Como dizia a outra: Whatever! Por esta altura deve estar a Prunella com olho castanho-avermelhado-cor-de-burro-quando-foge, toda contente a contar aos seus bisnetos como os senhores simpáticos a chamaram de jovem.
Depois de despejar toda a bílis, ainda houve tempo para rabiscar uns esboços no caderno de campo com o burrico "Parente", descendente de Equus africanus, a fazer de modelo. Houve, porém, uma altura em que me perdi um pouco...

quinta-feira, novembro 08, 2007

Quiz

Hoje foi dia de anilhar no Samouco e, entre coisas mais vulgares, apanhamos isto:


Eu dou uma ajuda e como estou inspirado, vai em forma de verso:

Eu sou agricola muito procurada
raramente observada
por alguém, duas vezes cobiçada
mas nunca anilhada

Douro Road Trip

Mais uma vez, o Guia de Campo é deixado ao abandono devido a um misto de trabalho e lazer. Contudo, aqui vai uma actualização relativa à grande expedição ornitológica à região do Douro Internacional.
No fim de semana (prolongado) passado o planalto mirandês foi o centro do mundo; para além da nossa empresa científica à região - obviamente, a actividade mais importante - houve todo o tipo de eventos: um festival de cinema, o congresso internacional da gaita de foles mirandesa e um curso com os amigos burricos. Como sempre, a Irmandade da Esteva, embora desfalcada de 2 membros (ponham-se finos que ainda perdem direito à inscrição), que foram substiuídos pelo casal de alcochetenses, foi recebida de forma exemplar e hospitaleira pelos seus amigos transmontanos.
Apesar da viagem não ter começado da melhor maneira - as longas 7 horas e tal de caminho que nos fizeram chegar às 4h30 a Atenor, o pânico de conduzir um jipe vintage cuja direcção tinha vontade própria e ter assustado o resto dos viajantes com a cara de morto-vivo algures numa estação de serviço conha, tudo se dissipou no dia seguinte.
Passeios às arribas e a possíveis locais de anilhagem, conhecer a burrica recém-nascida e os terroristas bascos e alambazar-me com as belas alheiras. À noite tive a confirmação que Portugal é mesmo um penico e que toda a gente conhece toda a gente, pois no sítio mais improvável do mundo, no restaurante "O Lagostim", quando me preparava para atacar um javali assado com tomilho, encontrei um amigo de Lisboa.
Os 2 dia seguintes foram de anilhagem. E a primeira coisa que me vem à memória é o frio! O frio que às 7h00 me congelava as orelhas e o nariz e que me anestesiava os dedos e que nem com todos os casacos e polares que levei vestidos passava. Ao longo da manhã era ver-nos a tirar roupa à medida que a temperatura aumentava até chegar a uns confortáveis 2o e tal graus. Uma espécie nova anilhada (Turdus iliacus), uma nova observada (Scolopax rusticola) e um enigma de penas que ainda hoje nos deixa a pensar em que espécie seria e que passaremos a chamar de Turdus atenorensis.
Sábado à noite ainda houve oportunidade, depois de atestarmos bem o depósito com uma jeropiga de estalo, de ir a Miranda do Douro ouvir as gaitas de foles e, pelo menos para mim, ver pela primeira vez uma actuação dos Pauliteiros de Miranda. Esta parte do programa, etnográfica, complementou o restante e tornou muito mais viva a imagem que tenho daquela região.
Domingo ainda deu tempo de ir ver umas reais e bonelis a sobrevoar as arribas, almoçar até estoirar e fazer a viagem de volta de 7 horas e meia.
Um grande bem-haja a quem nos recebeu só sendo de lamentar não ter podido ir o resto do pessoal.