segunda-feira, junho 27, 2011

Sobre sangue e cerejas

Às vezes há momentos de inspiração e as palavras parecem escorrer do cérebro para os dedos e teclas do portátil. Outras vezes, nem por isso. Parece-me que não tenha muito a ver com os episódios e estórias a relatar e durante este fim de semana, riquíssimo, como sempre, em momentos bloguísticos, não tivesse eu ido parar novamente a Coimbra e arredores, andei a compor mentalmente qualquer coisa para fazer o relatório da visita. Começa a fazer-se notar a pressão por parte de alguns ilustres leitores em retomar a escrita regularmente de modo a ser devidamente apreciada.
Apreciada como em escreve senão vais parar ao fundo do Paúl da Madriz.
Felizmente nunca exigiram que escrevesse coisas bonitas e lisonjeiras. Senão por esta altura já tinha a minha cabeça decepada espetada num pau de bambú com uma carriça a fazer o ninho na minha órbita esquerda, como sinal para escribas mais incautos.
Em retrospectiva, tudo nos últimos dias pareceu girar em torno de assuntos sanguíneos: mais uma edição de um curso de formação de vampiros, a fazer esguichar litros de sangue de jugulares de passarinhos bebés e fofinhos. A súbida de sangue à cabeça a deixar-me uma veia da testa a latejar quando oiço fundamentalismos. A belíssima cabidela de galinha sofregamente consumida em Brasfemes na noite de Sábado; a descida de sangue da cabeça para o estômago umas horas depois, de modo a permitir fazer a longa digestão do galináceo mas impedindo-me de manter acordado numa saída à noite Coimbrã. O sangue das melhores cerejas do mundo a escorrer pelos dedos, ao serem degustadas e a pingar para a roupa já nos pomares da Serra da Gardunha Domingo de manhã. O calor a apertar ao longo da manhã a injectar de sangue as caras dos cerejólogos, só refrescados com água da fonte ou sentados à frente de uma pratada de cabrito grelhado com batatas à murro.


Belíssimo.

2 comentários:

PADA disse...

Tens 20 dias para recuperar, pois está marcada para expedição ornitológica a Pampilhosa da Serra, com a competente jantarada no restaurante "O Juiz" na aldeia do Fajão. Acreditamos que será este o derradeiro argumento para a tua fixação por terras beirãs.

Fuzhong! disse...

Sabem que não são precisos mais argumentos... mas vou começar a tomar os remédios.