domingo, outubro 28, 2007

E a viagem continua...

... e o Guia de Campo continua a papar kms e a contribuir estoicamente para encher os bolsos à Brisa (não sem chamar todo o reportório de palavrões de cada vez que passo nas portagens). Depois da ida-e-volta a Vila Nova de Gaia na sexta, nada como descer à planície alentejana no sábado.
Este fim de semana decorreu na bela localidade de Mértola um encontro técnico sobre as Trixomonas (como já ouvi alguém dizer) e as águias de boné. Como sempre, oportunidade de rever o pessoal de sempre, apesar de faltarem personagens do Clube Amigos Disney. Oportunidade de, como sempre, aprender montes de coisas, trocar ideias e vir com a cabeça a fervilhar de projectos. Conheci um colega de profissão que tem vindo a trabalhar nas Maurícias com as espécies mais fixes - sem desprimor para as nossa águia de boné - desde pombos-cor-de-rosa (Nesoenas mayeri) a periquitos-das-maurícias (Psittacula echo), passando por programas de reprodução em cativeiro espetaculares e investigações super interessantes (para cromos como nós).
Inevitavelmente, qualquer actividade profissional ou lúdica nunca estaria completa sem a componente gastronómica. Desta vez foram as empadas e pastéis de nata consumidos nos intervalos da reunião (há que fazer chegar glicose aos neurónios), as migas de espargos, a sopa de cação, o bacalhau assado e a estupenda açorda de perdiz - que, evidentemente, não foram consumidos de uma assentada mas espaçadamente ao longo destes 2 dias. A acompanhar, uns tintos da região (eram da casa, não perguntem os nomes) e a bela da mine ao fim do dia de trabalho de sábado. O jantar de sábado ainda soube melhor porque não o paguei.
Voltar ao Clube Náutico para dormir e, de manhã, ficar indeciso entre tomar duche com água "fria" ou "gelada". Isso e maravilhosas (NOT!) sandes de queijo no núcleo sportinguista foram, apesar de tudo, as partes menos boas.
A repetir. O sítio. O tema (isso vai ser já em breve). A companhia (alguma também será dentro de pouco tempo). A comida.

sexta-feira, outubro 26, 2007

Viagem relâmpago

Como sou um gajo porreiro (leia-se, não sei dizer que não) estive esta semana toda a preparar uma apresentação sobre a gripe dos pitos, a pedido de uma professora minha do mestrado. A semana toda é capaz de ser exagero... foi mais 90 % a pensar que tinha de fazê-la e 10 % a ler artigos e relatórios da OMS a um ritmo louco para depois passar algumas ideias-chave para o powerpoint.
Correu tudo bem blá blá blá mas o importante foi o tratamento VIP que tive (e leiam muito bem as próximas linhas quando me cravarem para ir falar sobre isto ou aquilo... é que agora a fasquia foi um pouco aumentada). Como os senhores da organização devem ter descoberto que não consigo estar parado um segundo, decidiram contribuir para mais uma viagem-relâmpago, neste caso, ir e vir a Vila Nova de Gaia no mesmo dia. Até aí nada de mais.
Realmente fiquei com a pulga atrás da orelha quando troquei mails nos dias anteriores com a minha "assistente logística das jornadas", que me veio felicitar pela minha "honrosa participação no encontro". Depois, recebi os bilhetes de comboio (primeira classe, claro!) por correio azul. Quando cheguei a Devesas tinha uma senhora à minha espera com uma placa com o meu nome. "senhor doutor isto", "senhor doutor fez boa viagem", carro com motorista à porta da estação. Almoço pago, garrafa de vinho do porto de 10 anos para a viagem e "muito obrigado pela excelente comunicação", palminhas e votos de boa viagem (necessariamente, de carro com motorista e comboio de primeira classe).
Tudo muito bonito e se este post ficasse por aqui de certeza que tinha já 5 comentários na próxima hora a chamar-me de caganeiroso.
Mas... como seria de esperar, os acontecimentos surreais continuam a perseguir-me, de maneira a alimentar estes relatos digitais.
Primeiro, cheguei a casa há coisa de 2 horas e ainda não percebi para quem estive a falar. Eles eram engenheiros de estradas, bombeiros, médicos e outras coisas mais. Depois, eu e os meus professores (eramos um trio que saiu e voltou a Lisboa no mesmo dia) reparámos na grande percentagem de pessoas esquizofrénicas na sala. Era o senhor amnésico, era o senhor ciborgue que ao ajustar o microfone no iníco da minha faladura ia deixando cair a mão artificial à minha frente.
Mas, sem dúvida nenhuma, a rainha do Prozac foi uma menina que brindou cada uma das nossas apresentações com participações indizíveis: primeira apresentação, do professor, interrompeu para dizer "eu estou muito feliz por aqui estar apesar de achar que sou uma cobaia"; segunda apresentação, da professora, desatou a chorar convulsivamente. Claro que o melhor ficou para o fim e, não conseguindo interromper o meu discurso porque levou logo com um "perguntas é no fim" rosnado por mim, começou a puxar longas e viscosas tiras de ranho e outras mucosidades das suas narinas enquanto recomeçava a chorar baixinho.
Que quererá isto dizer? Amanhã vou para Mértola para mais um workshop e nem quero pensar no que me espera...

quarta-feira, outubro 24, 2007

M-E-D-O!!!

Esta semana temos uma coleguinha nova lá no laboratório. Estava eu ao microscópio já com os olhos em bico de ver tanta lâmina, levantei-me para ir buscar mais uma dita na minha infindável procura por maleitas e miasmas quando entra a Mary Lou com a coleguinha nova.
"Olha, esta é a Cátia Vanessa [nome fictício] que vem para cá fazer a tese dela com cocó de gato. Vocês não se conhecem? Fizeram o mesmo mestrado e são colegas de profissão."
"Ah Olá! Pois... agora assim de repente não me estou a lembrar" disse eu, com um nó na cabeça e a fazer listas mentais de pessoas, qual uma slot-machine de fotografias tipo passe, a ver se me lembrava da moça.
"Ah e tal, eu sou de um ano antes do teu e ia às cenas do grupo Fone (como a tia Lucy lhe chamava)" tornou ela, só para fazer a slot-machine ainda girar mais depressa.
"Pois, não me lembro mesmo... desculpa lá!" enquanto pensava da necessidade em fazer suplementos de magnésio e ginseng para o Tico e Teco - pequeno aparte e aparente contradição: eu, que há uns tempos estive a almoçar e mantendo uma conversa fluida com uma gaja durante meia hora sem saber quem ela era, sou chamado de "freak" por saber um ou outro nome duma espécie qualquer!
"Ah deixa lá, eu conheço a tua vida toda!" foi nesse momento que comecei a ouvir a banda sonora do psycho e juro que lhe vi um volume por baixo da bata que de certeza era um picador do gelo (e não, ela não tem nada a ver com a Sharon Stone). Saí de fininho o mais depressa que pude.

sábado, outubro 20, 2007

Sábado de manhã...

Finalmente, ao fim de mais de 4 anos de quase escravidão ao início do fim de semana, qual foi a primeira coisa que acham que fiz com o primeiro fim de semana completamente livre? Dormir até ao meio-dia ou ficar a ver desenhos animados ou os maravilhosos programas televisivos de sábado à tarde, qual vegetal virado para um sol quadrado e às cores. Errado!
Naturalmente, acordei às 6h00 para ir para o Samouco, para ser devorado por hordas de mosquitos canibais (que deita por terra a minha teoria que estes monstros só se bamboleiam de noite) que, decerto contribuíram alguns vírus de West Nile e outras coisas porreiras para a minha corrente sanguínea, derreter sob um sol escaldante (alguém reparou que estamos a meio de Outubro??), passar fome de cão e andar atrás de pitos até às 3 da tarde.

Naturalmente estas foram as coisas não-muito-fixes, como diria o Leve-leve sobre o paludismo, mas a verdade é que após almoçar... digo, lanchar um polvo à lagareiro e regressar a casa num fim de tarde soalheiro depois de largar os pombos tricomónicos na Quinta, só tenho a enviar um grande bem-haja aos anfitirões deste dia e companheiros de alicate!

Iupi!

Peço desculpa pela interjeição meio infantil de alegria, mas ontem comecei o curso de ilustração científica na UAL com o super-mestre Pedro Salgado. Portanto, e dada a dose paquidérmica de estímulo, motivação e etc., 3 avisos:
  1. Vou andar ainda mais contente. Se o "sorriso-de-orelha-a-orelha" avança mais 1 cm que seja, descai-me o crânio para a nuca e fico a parecer-me com um boneco dos marretas;
  2. Vou andar com os cadernos, lapiseiras e aguarelas atrás de mim quando for para o campo (portanto, vou trabalhar menos pois vou estar em estado de contemplação criativa);
  3. Prevê-se nova vaga de proporções tsunâmicas daqueles desenhos lindos de dinosauros e animais alternativos de dimensões paralelas.

Em suma, mais difícil de aturar mas com muito menos mau-feitio (ou preferiam a versão anterior e inversa?)

sexta-feira, outubro 19, 2007

Pepe le Pew

Venho por este meio informar uma sub-população de leitores deste blog que há por aí um novo animal de companhia, exótico é evidente, com que se podem deparar no vosso dia-a-dia. Hoje tive um desses encontros imediatos do 3º grau com uma mofeta (Mephitis mephitis) e até lhe estive a fazer festinhas na cabeça. Soube também que há mais 9 por lares deste nosso país.


Sim, até é simpático (lembram-dos desenhos da WarnerBros?) mas qual será a nova moda seguinte? Morcegos-da-fruta (Pteropus spp.), Fanecos (Fennecus zerda), Suricatas (Suricata suricata), Tegús (Tupinambis spp.) ou kingajus (Potos flavus)? Divido-me entre o fascínio por novas espécies e o pânico de não saber lidar com elas (vão ver o que é cada um desse exemplos e depois vão perceber do que falo).
Nota para aqueles que acham que passei a manhã a tomar banho e a perfurmar-me: as famosas glândulas destes bichos já foram removidas cirurgicamente!

segunda-feira, outubro 15, 2007

Contou-me um passarinho...

... não o pombo do post anterior, que, como sabeis, não é pássaro e neste momento deve estar mais preocupado em apresentar queixa à Sociedade Protectora dos Animais por ter sido violado por uma zaragatoa.
- Mas senhor juíz, foi tudo em nome da ciência! E até humedeci cuidadosamente a ponta de algodão da zaragatoa com soro para não magoar o bicho - diria eu em minha defesa.
Mas voltando à questão inicial, veio um passarinho segredar-me ao ouvido que sou uma pessoa horrível (a sério?), um péssino profissional (Não!...), que era o ex-chefe que me resolvia os casos todos (neste momento atirei-me ao chão agarrado ao estômago a rir) and so on and so on. Já perceberam que este passarinho veio a voar dos lados de Cascais? Apesar destas acusações terem sido proferidas pela mulher esquizofrénica do chefe, já se sabe o que a casa gasta (devia gastar mais em medicação anti-psicótica).
Pessoal, ficam já a saber que sou o novo Anti-Cristo!!! Cuidado comigo!

Hoje quase ganhei o dia...

...quando ouvi alguém dizer "Que fixe! É o primeiro animal que vemos aqui". E estamos a falar de um pombo!
Depois ia-me escangalhando a rir (sim, daquelas gargalhadas very typical) quando, ao introduzir uma zaragatoa - de modo firme mas gentil - na cloaca do dito columbídeo e ouvi "Oh! Coitadinho!!!" ao mesmo tempo que alguém fez um profundo esgar de dor e repulsa.
Isto promete... Cheira-me que o Monstro vai ter muita matéria prima.

domingo, outubro 14, 2007

Encontro Nacional de Centros de Recuperação

Após um breve interregno de escrita por estes lados, devido a 3 dias de palestras e muita conversa, eis-me regressado para fazer o balanço deste encontro.
Obviamente que não estamos a falar de recuperação de edifícios ou de fisioterapia para acidentados no trabalho (embora haja algumas pessoas que devem ser verdadeiros acidentes profissionais mas isso é outra história).
Obviamente que este tipo de reuniões, carinhosamente apelidadas por mim de Clube Amigos Disney - porque somos quase sempre o mesmo grupo de habituées e, sinceramente, acho que somos verdadeiras personagens (alguns mais cartoonescos que outros) - me estimula e me dá imenso prazer. Não tanto pelas palestras, algumas muito boas, outras nem por isso (aquela da gripe aviária... WTF?!), mas pelo reencontrar e conhecer amigos e colegas e por tudo o que se passa pelos bastidores.
Não se trata de nenhuma teoria da conspiração e como os tais acontecimentos dos corredores não aparecem no livro de comunicações, vou levantar uma ponta do véu. Até porque sinceramente, passado uns tempos ninguém se lembra da comunicação A ou B, mas sim da palhaçada C ou do cromo D.
Antes de mais, foi curioso finalmente conhecer pessoalmente colegas com que já comunicava via electrónica há bastante tempo. Ainda ganhei um hemoclip improvisado e nos intervalos deliciei-me com belos pratos de pastéis de nata e queques. Para além do fluxo constante de cafés, que deve dar para manter acordada a população de uma aldeia média transmontana durante uns meses. Jantar de sábado animado para ficar com a pulga atrás da orelha, entre outras coisas, do pica-miolos. Uma comunicação hoje à tarde que esteve quase a necessitar de distribuição de luvas de boxe e uma visão do inferno do Jabba the Hut a ter orgasmos múltiplos atrás de golfinhos (!). Também foi muito agradável rever (NOT!) o projecto de Lara Croft à portuguesa (quem esteve na companhia dos lobos há uns anos sabe de quem falo) que ora punha ora tirava um cachecol muito curioso ( o Sócio elaborou a sua teoria).
Mas o que vai ficar mesmo na memória, e pelas piores razões possíveis, foi o almoço de sábado e o coleguinha que ficou à minha frente. Entre um nariz empinado que quase lhe batia na nuca, um ego que batia no tecto da sala e saídas geniais como:
"não se pode negar um cigarro a um gajo com tuberculose" - quando este anda a escarrar bacilos pelos corredores hospitalares, como vi durante 1 ano de mestrado;
"não sei se sabes o que é bumblefoot..." - frase que ecoou propositadamente mais tarde na sala;
"estes colegas novos..." - confesso que nesse momento deixei de ouvir que disparates saíam do Tico e do Teco (vêm? uma referência Disney)
... fizeram com que quase ganhasse uma faca espetada na testa. Só quem esteve naquele canto da mesa é que entende a dificuldade que foi conter o vómito com aquela conversa e o Sócio e uma quase-aluna já reviravam os olhos, embora temessem pelo homicídio, perfeitamente justificado, daquele calhau. Não ganhei um exemplar da bíblia da medicina de rapinas do século XVII, mas em compensação tive o enorme prazer de fazer uma careta à frente do gajo que, sinceramente espero que a tenha visto. E não me importar um c*****o com isso!

quarta-feira, outubro 10, 2007

Update

Eu sei que já faz 2 semanas que o Guia de Campo não é actualizado e que todos vocês sofrem nos vossos lares, na expectativa de novos posts, mas aqueles que têm seguido as últimas páginas do Guia ou que têm participado directamente nos seus capítulos, sabem que estes últimos dias têm sido ricos em acontecimentos que têm absorvido a minha atenção. Por outro lado, especulo que acontecimentos afortunados como estes últimos não sejam tão inspiradores para blogar (reparei que grande percentagem de posts são verdadeiras verborreias de maus fígados), mas como alguns de vós me acusam, injusta e caluniosamente, de ter sempre um quê de mau feitio (que mentes iluminadas designariam por sarcasmo...), acho que rapidamente vou encontrar alvos para algumas farpas.
Então só para actualizar e organizar cronologicamente as cenas dos últimos capítulos:
  1. Depois da bomba lançada ao agora ex-chefe, rumei novamente ao Porto para uma reunião no Sábado. Havia ainda trabalho para fazer Domingo, mas este ficou irremediavelmente comprometido com um desfile de caipirinhas, whisky e finos (que é o que os meus amigos tripeiros chamam às imperiais) na noite anterior. O que é realmente importante referir é que ainda continuamos em grande forma! Foi uma noite de copos à antiga, excelente companhia e galhofa noite fora. Ressaca? Nada que 2 pratadas de arroz de cabidela no dia seguinte não resolva... Pessoal da Inbicta: fica combinado para futuras visitas, aí ou na capital alfacinha, igual tratamento VIP.
  2. Nos últimos dias no antigo emprego foi difícil evitar as longas trombas do ex-chefe espalhadas por todo o lado. Paciência! Hoje tive a noção que o ressabiamento está elevado à nona potência mas quero lá saber. O chato é que ainda tenho de lá passar para ir buscar alguns pertences e o difícil vai ser parar de rir
  3. Breve passagem por Santo André no fim de semana e anilhagem de cromos novos: Jynx torquilla, Acrocephalus schonobaenus, Luscinia svecica e Cisticola juncidis. Oportunidade de conhecer outros cromos, como o inglês-hiperactivo. Só foi pena não ter ido o resto da pandilha.
  4. E finalmente, começar no emprego novo esta segunda. Devo dizer que ainda estou em estado de graça, nem que seja pelos horários maravilhosos, por ter tempo para terminar o mestrado, inscrever-me no curso de ilustração científica da UAL e uma infinidade de outras pequenas coisas que agora me vai ser permitido fazer. Ainda é cedo para fazer mais juízos de valor mas desenganem-se aqueles que me queriam transformar em sucedâneos do Meireles, do Homer Simpson ou do Taveira.

Em suma, não tenho conseguido tirar este sorriso idiota da fronha!! :)