sexta-feira, agosto 31, 2007

Dia Internacional dos Mortos-vivos

É oficial. O dia 31 de Agosto passa a ser oficialmente o dia internacional, embora com celebrações mais centradas na zona de Lisboa e Alcochete, dos mortos-vivos, vulgo zombies. Se hoje encontraram algumas pessoas a vaguear sem rumo pelos locais de trabalho, com olheiras de meio metro e um fiozinho de baba a escorrer pelo canto da boca, enquanto tentavam manter-se acordados, provavelmente essas almas penadas estiveram a noite passada no Estuário do Tejo. Ou talvez não, porque só mesmo um pequeníssimo punhado de loucos (em que desgraçadamente me incluo) é que se mete nestas coisas.
Mas mais importante que as celebrações, passadeiras vermelhas e discursos inflamados, este dia é principalmente um dia de aprendizagem. Eis então o que eu aprendi:

1. É má gestão da agenda social marcar a uma quinta-feira uma louca caça aos gambozinos, quando se teve uma sequência de borga nos dias anteriores e a borga se prolonga durante o fim de semana. O facto de ter ido trabalhar hoje com 2 míseras horas de sono é irrelevante;

2. Quando se afirma peremptoriamente que se regressa cedo a casa e que às 2h da manhã já se está transformado em abóbora deitado na cama, é mentira! O que se quer dizer na realidade é que só vamos regressar a casa quase às 7h00 quando as pessoas normais estão a sair dos seus lares para irem trabalhar;

3. Novamente, os cabrões dos mosquitos. Aprendi que nem a combinação Prebutix + Tabard + contrapic me salvou dos mosquitos sedentos de sangue do Samouco e que estes filhos das putas conseguem picar através da roupa. MEDO!

4. O facto de que as salinas são poços de areias movediças prontos a sugar qualquer caminhante incauto, já eu sabia; O que fiquei a sabir é que é sadicamente divertido ver as outras pessoas (coitada da Pintinhas) a enterrarem-se repetidamente naquela massa amorfa de sal, lodo e água;

5. Vou passar a andar sempre com 3 ou 4 isqueiros, uma dúzia de caixas de fósforos, um maçarico e um lança-chamas. Descobri que são coisas extremamente úteis e senti um laço de empatia com os nossos antepassados homens das cavernas;

6. Para fazer café (bebida quente e reconfortante, rica em cafeína), dá jeito ter café (pó); Água só não chega;

7. Apesar da minha triste figura de hoje e da actividade cerebral virtualmente nula, tenho que admitir que ainda vão sendo estes programas que vão atenuando um pouco a neura das últimas semanas.

domingo, agosto 26, 2007

quinta-feira, agosto 23, 2007

Estou morto

Estou completamente k.o. Longe vão os meus tempos áureos de jovem destemido e intrépido, em que conseguia trabalhar 24 horas seguidas. Ontem, 15 horas de labuta somadas às 10 de hoje deixaram-me de rastos. Só consegui reunir forças para vos avisar.
Será que também me estou a "vaniar"?

segunda-feira, agosto 20, 2007

The Breeders - CannonBall

Antigo, eu sei mas dá vontade de começar a saltar pela sala e partir a mobília toda.

Carry the Zero - Built to Spill

Já não punha músicas aqui há algum tempo... já tinham saudades? Estes gajos têm músicas incríveis, esta é das minhas preferidas. Infelizmente, são pouco dados à imagem, pelo que só têm um quadrado azul para olhar enquanto ouvem os riffs de guitarra enquanto imaginam um qualquer vídeo genial.

Só para avisar...

... quem anda a seguir a novela dos inquéritos sorológicos, que finalmente recebi os meus resultados, após terem ido parar a casa de outra pessoa, que amavelmente os digitalizou e me enviou via e-mail.
Obviamente que as meninas vampiras me vão ouvir amanhã ao telefone no modo "Monstro" por tão distinta salganhada.
Ficam também desde já a saber que, se daqui a uns tempos começar a andar por aí a delirar (mais do que o habitual) e com um ar febril e assim, quiçá mesmo em coma, obviamente não-alcoólico, a culpa não é minha...
É da Borrelia burgdorferi! Ou, mais uma desculpa para comportamentos socialmente pouco aceitáveis...

Há lá organismo mais fashion que este!...

Nota: avisam-se as mentes mais crédulas que, efectivamente, não ando aí a espalhar a peste ou outra peçonha. Quer só dizer que o meu sistema imunitário já contactou com este ser vivo e que tenho anticorpos protectores. Para qualquer dúvida, vão rever "Era uma vez a vida..."

Pequenos prazeres

Ir à praia ao fim da tarde de sábado com amigos. Comer bolas de berlim (com creme! Não digam nada à ASAE) na praia. Jantar frango assado e galhofa até altas horas e, mais uma vez, constatar que Portugal é mesmo um penico, em que toda a gente conhece toda a gente. Dormir até altas horas no Domingo. Voltar à praia à tarde e comer mais uma grande bola cheia de creme. Ao fim do dia, ir petiscar mexilhões de cebolada e choco frito ao Sr. Domingos, embora dispensasse as criancinhas a correr pela esplanada aos guinchos e a fazer gongos das bandejas, mas mesmo estas situações deram azo a mais galhofa. Terminar a noite no sítio do costume.
Eu sei que não me canso de gabar e acarinhar estes momentos, mas vão sendo cada vez mais raros, logo mais preciosos. E quando hoje retornei ao meu, por vezes infernal, dia-a-dia só penso no próximo fim de semana.

quinta-feira, agosto 16, 2007

O feriado de 15 de Agosto em números

28 minutos de atraso com que chegou o resto do pessoal (o que vale é que já tenho anos de prática e já estava a contar com isso...);

6 de 6 pessoas que rumaram ontem à Comporta de manhã acharam que estávamos loucos em ir para a praia com aquele tempo;

25 minutos que aguentámos na praia até começar a chover a potes;

48 sardinhas que foram devoradas à hora de almoço;

2 de 6 pessoas ainda conseguiam continuar a degustar alarvemente mais umas sardinhas;

30 graus célsios marcavam os termómetros depois de almoço, anunciando uma bela tarde de praia;

13 toques seguidos de vólei foi o máximo que 5 totós conseguiram dar na areia;

15 graus célsios (mais coisa menos coisa) devia estar a temperatura da água, mas que soube como se estivesse a 25;

47 fotografias idiotas que conseguimos tirar durante a tarde;

1 único mosquito à volta para os carros (e nem sei se chegou a picar a Pintinhas);

1 ano passado desde a última vez que apanhámos um dia de praia excelente e a vontade, espero, de repetir mais vezes o programa.

Parabéns... fora de prazo

Então não é que este pasquim, veículo de informação, por vezes deformada, é certo, do conhecimento científico e social da nossa praça fez 1 ANO no passado dia 12 e eu nem me dei conta?
A celebração acabou por ocorrer da terça-feira, noutro aniversário, este da minha irmã, quando fazia uma pilha monumental com as cascas de camarões, que tinha devorado. Como me esqueci do evento, estão desculpados por não darem os parabéns e podem compensar a vossa falha oferecendo a este escriba lindos presentes, como uns travões novos para o carro, um emprego novo - que, como alguns bem sabem, o presente já enjoa.
PARABÉNS A MIM!! E a vocês, que estoicamente, me aturam - embora eu saiba que, secretamente, não conseguem viver sem o GUIA DE CAMPO...

terça-feira, agosto 14, 2007

Invasão!

Parece que o SEF tem mais um imigrante ilegal sul-americano com que se preocupar. Já com ninhos - e cheios de crias - ,identificados em Algés e Sintra, parece que os guias de campo ornitológicos vão ter mais uma página para um novo residente nacional, a fazer companhia às hordas de periquitos de colar (Psittacula krameri) que já sobrevoam Lisboa.
Não se deixem enganar pelo ar simpático do bicho. Quem já passou por Barcelona sabe que estes periquitos-de-peito-cinzento (Myipsitta monachus) formam pragas de proporções bíblicas. E desenganem-se aqueles que supõem que seriam uma alternativa mais colorida e simpática aos pombos. É que estes animaizinhos também conseguem ser um reservatório de doenças bem interessante.
É mais um dos efeitos da globalização.
É curioso.

Investigadores embrenhados no coração das florestas equatoriais da República Democrática do Congo descobrem várias espécies de vertebrados novos para a ciência, entre anfíbios, morcegos, roedores e insectívoros.

Na China, o golfinho-de-rio-chinês ou baiji (Lipotes vexilifer) passa a ser oficialmente dado como extinto, substiuindo as águas escuras do rio Yangtzé por prateleiras de museu ou um punhado de fotografias. Fruto da poluição, do tráfico intenso de embarcações no rio e da construcção desenfreada de barragens, qualquer população residual que ainda reste está condenada a desaparecer.

Não estou a falar do equilíbrio natural das coisas, desaparecem umas espécies, são descobertas outras e obviamente, uma situação não compensa a outra. Também não pretendo moralizar ninguém, estava só a constatar 2 factos, aparentemente aleatórios.

Ser mau compensa...

Hoje precisei de ir levantar aos correios da loja do cidadão 2 cartas registadas para a empresa. Após uma longa espera entre magotes de gente, fruto de pessoas complicadas e de avózinhas a contar a história das suas vidas aos funcionários dos CTTs, quando chegou a minha vez já eu bufava de impaciência. Até porque, sendo hora de almoço, já se ouvia um eco vindo do fundo vazio do meu estômago, que mais parecia um buraco negro.

Tendo entregue as folhas para levantar as cartas, o BI e mais umas resmas de documentos que eram necessários, o empregado virou-se para mim e disse: "Ah e tal são precisas 2 assinaturas para levantar isto e o camandro. Não lhe posso entregar as cartas".

"O QUÊÊÊÊ???" Foi nesse momento que se levantou um mar de chamas atrás de mim, reviraram-se-me os olhos até se ver o branco da esclera, começaram-se a alongar os caninos, vampirescos e julgo, até, uns chifres demoníacos começaram a aflorar na minha fornte. Foi com uma voz aterradora, enquanto deixava escapar a minha língua bífida, que referi a impossibilidade da segunda assinatura e que se tratava do último dia para levantar a correspondência.

Ante tal visão do inferno e semelhante metamorfose para lá de kafkiana, o senhor, apavorado, tendo deixado uma poça de urina no assento, pediu desculpa e foi buscar as cartas.

Resultado: consegui o que queria sendo um monstro. Recomendo a prática a todos, especialmente em balcões de atendimento público. Obviamente, algumas partes desta narrativa são treta, mas digam lá se não se tornou uma história mais interessante?

Ora toma!




Your Power Bird is an Eagle



You are spiritual and able to soar to great heights.

You are a true inspiration, and many people look to you for guidance.

And you are quite demanding in relationships... but you're worth it.

People know that you will become even greater than you imagine.

Devo dizer que estes blog-tests são um vício...

R.I.P.

Gadus morhua
Nota: não fui o autor da ilustração - as minhas costumam ser bem mais estranhas, não sei se já tinham reparado. Eu sei que não é muito convenia - aliás, nada neste blog é - , mas a expressão óleo de fígado de bacalhau passa a ter outro signifcado a partir de hoje.

Pause

Este fim de semana soube bem fazer programa de gente (quase) normal, para variar. Dormir a sesta Sábado à tarde - sim, porque as manhãs de Sábado parecem estar eternamente destinadas a trabalhar - , ir beber um copo com os amigos à noite numa esplanada à beira rio, dormir até tarde Domingo, ir à praia - se bem que a água tivesse descongelado na véspera, o tempo invernal não ajudasse e a as conversas nas toalhas próximas fossem de alto nível, com as frases mais soft serem uns femininos e incisivos "foda-se ó amor..." e "ó estúpido do caralho!..." (e devo dizer que não me choca nada uma mulher proferir palavrões, mas há que fazê-lo com classe e nessa tarde, acho que aquelas interlocutoras nem a quarta classe tinham) - , comer gelados ao fim da tarde. Coisas triviais mas que já me faziam bastante falta.
Claro que hoje fui trabalhar e foi-se a magia.

sexta-feira, agosto 10, 2007

Bem vinda de volta

A Irmandade da Esteva recupera um dos seus ilustres membros que andou pela Estónia, Letónia, Lituânia, Rússia e Finlândia. Bem vinda de volta Pintinhas! Aguardamos avidamente pelas fotos e pelas prendas que, certamente, nos terás comprado por essas longínquas paragens.

O problema deve ser meu...

Hoje o chefe resolveu não ir trabalhar porque, e passo a citar, "Ah e tal estou muito stressado e preciso de relaxar e o camandro". Obviamente, teve a vergonha de não mo dizer na cara e chefe é chefe e faz o que quer (principalmente, levar empresas à falência) mas ainda assim... alguém acha isto normal (pergunta retórica)??? Pelo menos, deixa-me de consciência tranquila pelos dias de "mestrado" em que hei-de ir andar a laurear a pevide. Ou quando, para a semana, precisar de ir de-stressar uns dias para a praia ou ir fazer canoagem.
Nota: obviamente, para meu mal e para sorte do gajo, ainda não tenho a distinta lata de me baldar assim à descarada. Mas já faltou muito mais...

Grandes dúvidas

O que será pior: o carro ficar sem bateria, com 40º graus à sombra, quando está estacionado em segundo fila em frente a uma garagem, com outros carros a querer sair (como aconteceu hoje a uma colega minha) OU o radiador do carro, e com ele o resto do motor, entrar em completa e irreversível fusão no meio do Alentejo à 1h da manhã e com -1º C (como já aconteceu a mim, na última viagem com o saudoso citroen)?

Moluscos Gastrópodes

Raras são as vezes que temos olhos para os pequenos pormenores que nos rodeiam e frequentemente, não nos apercebemos como a vida fervilha por todos os recantos, exibindo padrões de geometria espantosos. Já repararam no detalhe de uma concha de um simples caracol e como se encontra beleza em seres tão singelos? Agora imaginem pratadas com miríades destes pequenos e mucosos seres a fumegar, banhados num molho apurado de alho, cebola e oregãos. Muito melhor!!
Finalmente, senhoras e senhores, consegui abrir a época de caça ao belo do petisco e o resultado foi uma chacina, um genocídio de milhares de pequenos, mas deliciosos seres invertebrados, que certamente morreram felizes ao ser lentamente cozidos vivos no seu próprio muco, sabendo que momentos mais tarde iriam satisfazer a gula alarve de uma mesa muito bem composta por mim e uma excelente selecção de amigos.
Os carcóis foram intercalados com bifanas suculentas, afogadas em rios de mostarda, tirinhas de pica-pau (antes prefiro este que o críptico pico nigro dos Pirenéus) e um sortido de belos enchidos grelhados. Tudo iguarias para fazer as artérias chiarem e estalarem tal deve ser o colestrol a entrar no sistema. Mas de certeza que irão chiar de satisfação ao serem tão bem nutridas. No fundo, ninguém quer saber do colestrol e dessas merdas. Porque melhor que o petisco é toda a animação e boa disposição que o envolve.
Ainda houve tempo para ir conhecer a maison de um casal amigo, resolver todos os quebra-cabeças metálicos e finalmente conhecer personagens singulares como o sr. Vítor Cerqueira, a Lena e a Lu e o Palhaço Pimpolho... Medo! Não os queiram encontrar.
Volto assim satisfeitíssimo, quer de estômago, quer de espírito e principalmente porque acho que me livrei da leve neura dos últimos 2 dias. O que vale é que passam depressa. Deste modo, a verborreia que tem distinguido este blog pode ter continuidade, para meu e vosso deleite!

terça-feira, agosto 07, 2007

Retrato de família

Ora temos então da esquerda para a direita os seguintes antepassados :
1. A tia Lucy, Australopithecus aferensis (crânio) existente há cerca de 3-4 milhões de anos atrás, no que é hoje o Vale do Rift em África e um dos primeiros hominídeos capaz de adoptar uma verdadeira postura bípede. Consta que foi baptizada no seguimento da música "Lucy in the Sky of Diamonds", que devia estar a bombar nas rádios quando os seus restos fósseis foram desenterrados. Por sua vez, diz-se por aí que esta música foi inspirada no LSD (Lucy Sky Diamonds) e se por acaso ouvirem a música, vão concordar que é mesmo muuuuito alucinada.
2. Cynognathus, Réptil Terapsídeo Cinodonte do início do Triássico da África do Sul. Houve uma altura em que era difícil distinguir Réptil de Mamífero e o facto desta espécie e muitas outras apresentarem o corpo coberto por pelos, terem graus variáveis de metabolismo endotérmico e provavelmente amamentarem as crias com secreções de glândulas sebáceas modificadas, dificultava o trabalho.
3. Acanthostega, um dos primeiros Tetrápodes, encontrado em rochas do Devónico tardio na Gronelândia. Mais um fóssil de transição, desta vez entre Peixes e Anfíbios. Repararam que os membros têm 8 dedos e que aninda possui uma berbatana caudal?
4. Eusthenopternon, Peixe de barbatanas lobadas ou um Osteolepiforme Tristicopterídeo, também proveniente do Devónico tardio, mas do Canadá e cuja morfologia devia ser semelhante aos antepassados de Acanthostega.
5. Moi même, Homo sapiens sapiens, versão Perry Bible Fellowship comics e sem as próteses oculares para não dar um ar tão geek e exponte máximo de milhões de anos de evolução. Se quiserem, podem colar a vossa cara por cima.
6. Megazostrodon, um dos primeiros Mamíferos conhecidos, que terá vivido no final do Triássico na África austral. Apesar ser um verdadeiro mamaliforme, com as principais características que distinguem a classe, ainda apresentava uma articulação mandibular primitiva do tipo reptiliano.
7. Hylonomus, Réptil Cotylosauro e um dos mais antigos a libertar-se completamente do meio aquático para se reproduzir, tendo para isso inventado essa maravilha que é o ovo (com todas as ramificações no presente, como a Páscoa).
8. Purgatorius, um dos primeiros Primatas (ou pelo menos Primatiforme), do final do Cretácio da América do Norte e com eles, visão binocular, polegares oponíveis, unhas em vez de garras e um cérebro com potencial para se desenvolver.
9. Pikaia, dos mares do Câmbriano inferior e um dos primeiros Cordados. Possuia um notocórdio, onde se inseriam músculos segmentados e um cordão nervoso suportado, pela estrutura anterior, com uma dilatação anterior, que milhões de anos mais tarde se iria tornar no cérebro que se lembra de criar posts estranhos como este.

Eles existem mesmo!

Ainda a propósito dos pirilampos, não quis deixar de partilhar esta foto tirada nos Pirenéus, embora não muito brilhante (piadinha fácill...). Quando já na última noite reparo numas coisas verde-fluorescentes no chão ao pé da tenda, eis que me deparo com uma pirilampa (espécie desconhecida) com o rabo alçado para cima a mandar sinais claros e inequívocos aos pirilampos pretendentes de que se encontra interessada em coiso e tal. Enquanto fui procurar máquina para captar o momento, não pude deixar de pensar que é uma pena que na maioria das espécies animais em geral, numa em particular, o sexo feminino não dá sinais inequívocas de nada. Acho que era mais feliz, embora dispensasse os glúteos a brilharem no escuro. Felizmente, deitei-me pouco depois e não pensei mais nisso.

sexta-feira, agosto 03, 2007

Acanthisittidae

Como se não fosse suficiente estar o dia inteiro rodeado de animais, ainda me dá na cabeça vir para aqui escrever sobre eles. E ainda por cima numa sexta-feira à noite, quando me preparo para ir roncar, graças à brilhante conjugação do facto de amanhã trabalhar e estar perfeitamente derradeado. A minha esperança, confesso, é um dia o Guia de Campo estar à altura dos lindos blogs que aparecem em Science Blogs e ser reconhecido como instotuição de reconhecida utilidade pública, graças à inesgotável sapiência do seu escriba (cof... cof...). Até lá, serão vocês a aturar-me, enquanto se questionam de onde vou eu buscar estes temas esquizóides.
A Nova Zelândia não é só aquele sítio nos nossos antípodas, onde o Senhor dos Anéis foi filmado, pleno de paisagens espantosas. Obviamente, a sua fauna é extremamente particular, ou não estaríamos aqui a falar dela (das plantas que falem outros). Infelizmente, a maioria dos seus representantes não resistiu às ondas de invasões de polinésios e, mais tarde, inglesas e todas as hordas de ratos, porcos, raposas, veados e outras bichezas que fizeram uma razia a tudo quanto era fauna autóctone. Assim, só é possível montar os ecossistemas completos do arquipélago graças aos vários fósseis e outros vestígios que chegaram aos nossos dias. E é provável que uma terra que outrora albergara seres como as maiores aves à face da terra (moas), a maior águia (Harpagornis sp.), osgas gigantes, grilos predadores, papagaios ápteros e uma colecção de outras criaturas nos reserve várias surpresas.
À primeira vista, as carriças-neozelandesas (Acanthisittidae), uma das 3 famílias de Passeriformes endémicas na ilha, passariam despercebidas ao observador casual. Pássaros insectívoros de pequenas dimensões, bico estreito e fino, cauda reduzida e plumagem inconspícua em laivos de verde e castanho. Sobreviveram até aos dias de hoje 2 espécies mas outras 2 não tiveram a mesma sorte.
A carriça-da-nova-zelândia (Acanthisitta chloris) é a ave endémica de menores dimensões das ilhas e a mais abundante das 4 espécies conhecidas. É um fraco voador, alimenta-se de insectos capturados em troncos ou na vegetação e usa esquemas de cuidados aloparentais, fornecidos por juvenis de ninhadas anteriores ou adultos, geralmente machos, para ajudar a criar as crias.
A carriça-das-rochas (Xenicus gilviventris) habita zonas rochosas alpinas e sub-alpinas na ilha do Sul, onde se alimenta de insectos. É capaz de sobreviver à neve abrigando-se em buracos no solo.
O dia da descoberta para a ciência da carriça-da-ilha-stephen (Xenicus lyalli) coincidiu com o dia em que foi dada como extinta, em 1894. Pouco se sabe sobre a biologia e hábitos desta espécie, já que apenas foram observados 2 indivíduos em vida, mas pensa-se que tenha sido o equivalente ecológico dos pequenos roedores. Tinha a particularidade de ser o único passeriforme incapaz de voar.
As 3 subespécies da carriça-do-mato (Xenicus longipes), que habitavam a ilha do Norte, ilha do Sul e ilha Stewart desapareceram, respectivamente, em 1955, 1968 e 1964, não resistindo à pressão exercida pelos ratos e ratazanas introduzidos. A introdução acidental de roedores na ilha Stewart na década de 60 foi um dos piores desastres ecológicos de que há memória, embora pouco conhecido, tendo levado à extinção de várias espécies de Aves e de um morcego, todos endémicos.


Desde a sua descoberta, que se sabia serem Passeriformes basais e após as análises moleculares de Sibley e Monroe chegou-se à conclusão que esta família estava na base da radiação da Ordem. Eis então o que se pensa ter passado: por volta de uns 85 milhões de anos atrás, quando a Nova Zelândia se separou do resto de Gondwana arrastou consigo, entre outros, os antepassados das carriças-neozelandesas. Os outros 2 grandes de Passeriformes, Sub-oscines e Oscines só se terão separado mais tarde, tendo a sua origem no Hemisfério Sul e provavelmente tendo de competir com os Enanthiornithes, provenientes do Hemisfério Norte.

Talvez alguns dos ilustres doutores da biologia que por aqui passam possam contribuir com algum do seu conhecimento para elucidar sobre os mistérios desta família. Outro mistério é porque é que me lembro de escrever posts destes?

quinta-feira, agosto 02, 2007

2º grande passatempo Guia de Campo

Iupi! Devem estar vocês a gritar em coro, enquanto dão saltinhos pela sala. Mais um concurso completamente geek! Quem é amigo? Vão então a correr chamar os vossos amigos geeks e tentar acertar o quizz. É que já reparei que quando cheira a passatempos e ao ténue vislumbre de prémios vem logo toda a gente a correr aqui ao estaminé (da outra vez, bateu-se o pico de comentários e estou a precisar de insuflar um bocadinho o ego). Obviamente o prémio para o vencedor é segredo. Para não estragar a surpresa, claro! Então isto é muito simples: só têm de adivinhar a espécie (nome científico obrigatório) a que corresponde cada fotografia herpetológica do paleártico ocidental:
Foto #1

Foto #2

Foto #3

Foto #4

Foto #5

Foto #6

Foto #7

Foto #8

Boa sorte! Só ganha quem acertar TODAS as fotos de uma só vez.

iscas de cebolada

Após ter diagnosticado uma peritonite biliar, ver vesículas a literalmente explodir e bílis a esguichar até ao teto da sala, nunca mais acuso alguém de ter MAUS FÍGADOS!
P.S.: para quem conhece a história, o paciente está óptimo. Modéstia à parte, pode agradecer aqui ao je...

quarta-feira, agosto 01, 2007

Conholândia Road Trip

Finalmente podem dormir descansados e parar de roer as unhas de ansiedade pois após uns dias de ausência para férias pelo Norte de Espanha, o Guia de Campo está de volta, cheio de cromos novos. Como reparei que nestas últimas semanas a blogosfera está repleta de relatos de férias, deixo aqui a minha contribuição, até porque seria conveniente ficarem a conhecer a minha versão (obviamente, a verdadeira) de alguns acontecimentos antes que algumas vozes caluniosas apareçam aí a dizer mentiras ou meias-verdades. Eis então o que se passou:
Dia 1
Marquei presença no casamento do sr engº e da sua Maria, só tendo a lamentar ter saído tão cedo. Fui um tenrinho e durante o dia inteiro só bebi uma amêndoa amarga. Pelo contrário, a minha mesa, que reuniu os convidados mais ilustres, foi a que se portou pior, com o chavascal feito só comparável à diversão reinante. Ao fim do dia lá fui ter com o Sócio e a Maria Amélia, pegámos na Brigite (ou BB, para os amigos) e rumámos ao Porto.
Dia 2
Fazer o trajecto Porto-Somiedo. Chegar a uma bela paisagem montanhosa e encontrar postos de turismo, delegações do parque, associações dos ursos (e ursas ;-)) abertos a um Domingo à tarde (!), para fazer um bocadinho de contraste com o funcionamento dessas coisas do lado de cá da fronteira. Grande momento de ausência no restaurante Urogalo, onde a empregada que nos atendeu, momentos antes estava a tirar macacos do nariz com o dedame. Voltar a acampar foi bom, embora dispensasse a chuva que teimou em cair toda a noite.

Dia 3
Voltas de carro por alguns trajectos do parque. Frio. Vento. Polares vestidos em Julho. Percurso a pé numa zona ocidental de Somiedo para ver as primeiras camurças e alguns veados. Ursos, só mesmo os que iam comigo (esta e outras piadas foram levadas até à exaustão). Jantar noutro restaurante, substituindo os macacos da véspera por um pudim de queijo excelente. Voltar ao parque e descobrir que uns tugas tinham estacionado o carro quase em cima da nossa tenda. O facto do resto do parque estar praticamente vazio foi um pouco desconcertante...

Dia 4
Grande percurso a pé para ir ver um maravilhoso lago natural (NOT!) e andar por carreiros inimagináveis com 5 cm de largura, ora bloqueados por vacas, ora cobertos por plantas carnívoras e espinhosas, ora à beira de precipícios. Mas bem fixe! Menos fixe foi ter descoberto a resposta à seguinte equação:

hiperuricémia + desidratação + não tomar alopurinol = gota!

O meu ácido úrico já é internacional! Durante uns dias andei a fazer de saci pelas montanhas a sofrer agruras, não tanto pelo incómodo do pé, já que me atolei em anti-inflamatórios, mas pelo gozar constante dos 2 ursos que vinham comigo. Fui acusado de explosões de mau feitio e frases proferidas por mim foram distorcidas até à exaustão. Já ganhei o meu lugarzinho no céu...

Dia 5
Viagem de carro de Somiedo para os Pirenéus. Já começa a fazer um calorzinho e o parque de campismo de Gavin é excelente.

Dia 6
Ainda a arrastar-me, lá fazemos uns percursos em Bujaruelo para deleite da minha parte herpetológica, dada a quantidade de espécies novas. Enquanto fotografávamos um Calotriton asper e uns girinos de Rana pyrenaica, passou uma coña por nós a rosnar "No se los puede cojer. Es por eso que ya no los hay" ou qualquer coisa do género. O facto de dizer isto ao filho enquanto este dava pauladas aos girinos não fez muito sentido. Puta! Por esta altura já estamos todos viciados em coca-cola. Paragem à tarde frente a um penhasco impressionante sobrevoado por alguns quebra-ossos. O facto de não termos encontrado a estrada para esse percurso terá sido devido ao facto de o mapa do sócio ter uns 15 anos??? Regressar ao parque para o primeiro mergulho na piscina.

Dia 7
Por esta altura as doses mastodônticas de drogas permitem-me andar apesar de o estômago se começar a ressentir. Mas tinha de ser pois íamos para Ordesa. Rumar vale acima até Cola del Caballo, ver marmotas e alguns pitos novos. O Sócio bem chamava pelo Pico nigro mas nada, apesar de a Maria Amélia ter visto uns espécimes semelhantes. Fazer a viagem de volta na camioneta com a família mais disfuncional que já vi.

Dia 8
Regresso a Portugal, com direito a paragem no Douro. Passear pelas arribas com a Maria Amélia mais Maria Amélia que nunca, a queixar-se dos riscos na pintura da BB e o camandro. Rever amigos e burros, jantar excelente, café excelentíssimo para esquecer a aguadilha que nos servem em Espanha, assistir ao reencontro do Batman com o Robin. O resto da noite foi meio surreal, dado o sono, mas lembro-me de ter andado por uma quinta com mais burros, cães e gatos, dar boleia a uma mula e de ter parado no Macdrive dos abutres (cenário dantesco).

Dia 9
Despedidas e regresso a Lisboa, passando por incêncios e temperaturas de 43º C. Acabaram-se as férias. Mais só em Setembro!
Em resumo, espécies novas (observações de jeito e confirmadas):
Calotriton asper
Alytes obstetricans
Iberolacerta monticola cantabrica
Iberolacerta bonnali
Podarcis muralis
Podarcis hispanica
Certhia familiaris
Parus palustris
Serinus citrinella
Rupicapra rupicapra
Marmota marmota