Há anos que não me lembro de um Inverno assim, interminável, e nem falo do frio, que com mais uns 2 ou 13 polares até se vai tolerando, mas da chuva. Eu sei que a chuva assim e o ciclo da água assado, e que sem chuva, no Verão se faz canoagem em seco - alguém para os lados do Ribatejo registou a indirecta? - mais a agricultura e as plantinhas que depois ficam cheias de sede e mirram e o camandro.
Mas já estou cansado de sair de casa com blusões e gabardines, de perder guarda-chuvas e quando me esqueço deles, apanhar uma molha, de andar com os pés molhados, de as coisas não secarem devidamente, de conduzir à chuva e, como se não bastasse a água que cai dos céus, ainda levar com tsunamis de água das poças quando um cabrão qualquer passa de carro, como aconteceu ontem.
É que assim não dá para passear sem ser de fato de mergulho, desenhar sem ser em poliéster, as únicas redes que dá para montar são de pesca e os peixes não têm patas para pôr anilhas, os binóculos, apesar de serem à prova de água, só deixam ver um céu cinzento em que a única coisa que passa são aguaceiros e a máquina fotográfica não é impermeável.
Por isso, antes que me comecem a crescer guelras e membranas interdigitais entre os dedos - o que até teria o seu grau de fixeza, mas acho que sou mais montês que marinho - vamos lá fechar as torneiras e poupar água.
Eu sei que já não me queixava há algum tempo nem largava aqui as glândulas de veneno, como algumas pessoas gostam de lembrar, mas com tanta água o veneno sai mesmo diluído. E é certo que no Verão não me vão ouvir falar mal do calor.
Ah! Mas não há alterações climáticas...