terça-feira, março 29, 2011

Take Away Show

E se um dia fosse a sair de casa, estivesse no café ou a comprar pão e assistisse a um concerto na primeira fila de Shins? Ou Beirut? Ou Bon Iver? Os Take Away Show's são do caraças!!

quarta-feira, março 23, 2011

Hoje há magia no Freak-Show!!

Há quem tire o coelho da cartola.
Hoje eu tirei o coelho do tumor.

terça-feira, março 22, 2011

Drawing sucks!!!



Será que consigo apresentar uma tese só com os dois esboços de cima? Tenho mesmo de trabalhaaaaaaaaaaar!!!
O dia só tem 24 horas.
Convém dormir umas horas; As pessoas com quem convivo não têm culpa de maus-fígados mal dormidos.
A procrastinação é um problema sério.
Todos os outros projectos e trabalhos, sempre mais urgentes (e mais remunerados) também.

A mala do carro é o espelho da alma

Hoje, quando tirava sacas de mercearias da mala do carro para atestar o frigorífico e despensa da minha mansão (confesso que um dos prazeres alarves da vida é encher as prateleiras com comida), reparei como a mala da minha viatura é algo de surreal, tipo twilight-zone. Senão, vejam as coisas estranhas que por lá andam aos trambolhões:
  • Obviamente, o macaco, triângulo e essas cenas que habitam em todos os carros;
  • Uma toalha de praia e um fato de banho;
  • Algumas caixas de ferramentas com utensílios das lides profissionais;
  • Resmas de folhas e umas quantas pastas com mais folhas;
  • Um frasco com lombrigas de um pombo;
  • Um frasco com cocó de okapi;
  • Uma pele de cobra;
  • Um saco com facturas de gasóleo;
  • meia dúzia de garrafas de água vazias (para deixar no ecoponto, pois claro).

Se algum larápio me abrir a mala e se deparar com este pequeno e peculiar microcosmo com que ideia ficará da minha pessoa? Espero que bastante má, que deixe ficar tudo no sítio com medo que lhe lance uma macumba qualquer (estás a ver, pele de cobra?).

segunda-feira, março 21, 2011

As Chilices continuam

Esboço rápido de uma enseada qualquer na costa do Pacífico ao Norte de Valdivia.

Algumas semanas após regressar a casa, chego à conclusão que me podem ter tirado do Chile mas, pelos vistos, tem sido difícil tirar o Chile de mim. Mesmo a fazer esboços à pressa como o de cima, mesmo com ameaças pré-gotosas, mesmo quase ficando apeado no meio da Patagónia com o depósito do carro mais seco que os campos do Pali Ailke, mesmo levando com vento e frio no focinho - sim, porque lá o Verão só é essa estação no nome mesmo - e mesmo confrontado com fenómenos naturais e artificiais vários - devo mencionar as reuniões de nerds à hora de jantar, que me deixavam a falar sozinho com os restos de merluza margarita no prato?
Mesmo com todas essas coisas menos boas ou menos espectaculares (que chatice de ventania, não me deixa ver bem os condores ali poisados), graças às bagas de calafate, tenho a cabeça ainda a pairar pelas Torres del Paine.
O que não é necessariamente mau: agora, quando tenho de aturar gente parva, demente ou com QI de uma ameijoa (ou seja: todos os dias, várias vezes por dia), em vez de lhes dar mentalmente com uma moca na cabeça, fazendo-lhes voar dentes em várias direcções, levam com uma escarreta de guanaco na testa ou cai-lhes uma tonelada de leão-marinho em cima.
Parece que o veneno refinou, com um twist de pisco sour.

quinta-feira, março 17, 2011

O grande equilíbrio cósmico das cenas

Hoje de manhã encontrei o carro possuído por um espírito ruim - ainda pensei fazer os rituais de exorcismo ensinados pela engª Saramuga - ou mais exactamente, estava destituído de espírito pois a bateria tinha descarregado durante a noite. Não completamente, claro que sobraram uns electrões para manter o alarme a funcionar, embora a debitar uma gritaria bastante débil, quase moribunda, no meio da rua.
Isto começa bem.
Algumas pessoas devem ter pensado que era um vulgar assaltante de viaturas.
Tinha coelhos anoréticos à minha espera (que, tanto quanto sei anoréticos continuaram).
Depois de chegar a assistência do ACP e resolver o problema, fiquei a desejar que os senhores mecânicos que meteram as manápulas no carro da última da vez apanhem uma valente disenteria que os deixe com as nalgas coladas ao assente da retrete durante dias. Pragas rogadas, passagem na oficina. Entretanto, já com a apertada agenda completament baralhada com este infortúnio, dei por a pensar no que mais podia acontecer de mau. Mas não.
O Universo, na sua infinita sabedoria, soube equilibrar as coisas com luz verde para projectos de passarinhos e passarões, belos bacalhaus com natas para o almoço e novos super-poderes (agora consigo tratar e operar animais à distância).
Claro que se o Universo fosse inteiramente justo, eu tinha ganho o euromilhões (mesmo sem jogar) ou era convidado pela National Geographic para viajar pelo planeta a ver bichos. Mas não. vamos ficar por aqui, acho que é aquela cena do copo meio cheio e meio vazio.

quarta-feira, março 16, 2011

Mais Chilices

Já o meu pediatra dizia "Um pássaro chilote por dia dá saúde e alegria". Não, na verdade mandava os meus pais darem-me comprimidos de flúor e pratadas de iscas com batatas cozidas. Se bem que os primeiros me deixaram os dentes fortes e, quicá, fluorescentes, a quantidade de tecido hepático que tive de deglutir, que dava para montar uma fábrica de transplantes de fígado para alcoólicos cirróticos deste meu país, fez com que os ditos dentes não conseguissem trincar um pedacinho das ditas vísceras durante anos e anos. Mas hoje voltei a gostar de iscas de cebolada e sou uma pessoa melhor.

Mas não era disso que queria falar. Como já expurguei as minhas inquietações no post anterior e como nos últimos dias não sepassou nada de novo (coelhos, dentes, pessoas dementes), está na hora de mais uma chiliposta!

A verdade é que estava bem mais satisfeito de binóculos espetados nos olhos ou com o dedo, nervoso, no botão do obturador da máquina fotográfica, do outro lado do Atlântico, a apontar a estes gajos:

Isto é um sietecolores, não me lembro do nome científico e não me apetece googlar nem procurar no caderno onde apontei isso. Mas fiquem sabendo que é um papa-moscas Tyrannideo todo xpto e muito raro que vimos assim ao longe nuns caniçais ao pé de Valdivia. somos os maiores.

Já repararam que o sono amplifica exponencialmente a demência... e a parição de posts mais criativos?

terça-feira, março 15, 2011

What next?

O Guia de Campo sempre foi um espaço apolítico e apartidário, que sempre viveu em mundos bastante mais risonhos, com dinossaurios a cantar nas árvores ou a serem capturados em perfeitas sessões de anilhagem, espécies hipotéticas que não existem mas que se fizessem fintas a meteoritos podiam andar aí a correr pelos campos, viagens reais ou imaginárias e muitos disparates. Não é um blog autista, simplesmente tem o seu nicho ecológico no blogomundo. No entanto, alguma coisa mudou e não consigo deixar de pensar:
Nos terramotos, maremotos, vulcões reactivados e outros desastres do outro lado do mundo que entortaram o eixo da Terra e encurtaram o oceano pacífico (e o que se passaria num cenário semelhante por estes lados - provavelmente a jangada de pedra ia literal e figurativamente ao fundo);
Na sucessão de explosões em centrais nucleares a fazer pairar novamente o fantasma do que se passou na Ucrânia nos anos 80 (ou repensar na minha posição sobre a energia nuclear e sobre as energias limpas);
Em todas as convulsões sociais e políticas no Norte de África (e que implicações terão a outros níveis);
Em tudo o que se passa por cá nos últimos dias: manifestações (sim, desci a Avenida) greves e paralisações várias (com todas as motivações que observei - das mais bacocas, freaks, inconsequentes, ignorantes até às mais legítimas, informadas ou injustas - que me fazem aceitar, compreender ou ter bastantes reservas a diferentes aspectos. No fim ainda consegui atestar o depósito do carro, não vá o diabo tecê-las);
No enredo embrenhado em que se vê a tele-novela política nos últimos dias (semanas? meses? anos?) e as implicações na vida real (deverei começar a praticar golf? a ir para o trabalho de iate?). Faz-me ter a certeza que é preciso escrever novos capítulos, com personagens e argumentos muito diferentes;
E ainda mais curioso: há 1 semana vi um abetouro à beira da estrada.
Não acredito em conspirações nem em teorias do apocalipse mas realmente parece que os pássaros estão a cantar de forma diferente.
(o próximo post volta a ser sobre passarinhos)

sábado, março 12, 2011

O chile #2

Muito bicho passou pelos binóculos, pelas lentes da máquina e nos caminhos. Infelizmente, foram poucos os que passaram no caderno de viagem. Fica o registo de um dos momentos ornitológicos da viagem: o Hued-hued (Pteroptochos castaneus):

O Chile #1

É difícil escolher O sítio preferido ou A fotografia que represente o país mas houve algo que me transcendeu e, por vezes, chegou mesmo a esmagar: o espaço e as paisagens. Foi na Patagónia e sobretudo perto de Torres del Paine que esta sensação ainda é mais presente. Era impossível para de olhar, de registar e de fotografar tudo e nada. O facto de estar a ler durante a viagem "Na Patagónia" de Chatwin ainda enriqueceu mais a experiência.
Parece que vou lá voltar, provei uma baga de calafate.

De regresso

A pedido de várias famílias, após inúmeras ameaças à minha integridade física e mental (ouvi dizer que as valas nos pauis do Baixo Mondego são bastante fundas) e com enorme sacrifício e espírito de abnegação de minha parte, este vosso escriba retoma o trabalho.
Obviamente houve duas grandes razões para esta ausência: uma expedição ao fim do mundo, que dará origem a vários posts, visto que em 3 semanas se consegue absorver muita informação e preparar mentalmente muitas linhas de considerações. A outra, directamente relacionada com a primeira: ao regressar tinha 3 semanas de trabalho acumulado à minha espera e os últimos dias foram literalmente non-stop.
Mas podem parar de choramingar, a emissão começa dentro de momentos.