domingo, outubro 16, 2011

De regresso?

Faz já muito tempo, demasiado tempo que não retomava a escrita. E não tem sido por falta de temas, uns mais científicos que outros ou por falta de material, desenhos, fotografias ou outros suportes gráficos. Entre Portugal, a Tailândia e um pezinho no Camboja, não faltam histórias de viajens, aventuras transfronteiriças, elefantes em fúria, barcos em pré-naufrágio, barcos de refugiados, ilhas paradisíacas, muitos pássaros, templos a serem engolidos pela vegetação, comidas literalmente do outro mundo, pessoas com que me cruzei, desdobramento em mais projectos, Sintra conhecida da cumeada da serra até à ribeira da Samarra, peixes endémicos em pré-extinção. Parece que as últimas 4 semanas foram pródigas em acontecimentos, sem falar naqueles relacionados com o meu trabalho (mais ou menos) normal.


Mas o que marcou realmente e, quem sabe, tenha mudado alguma coisa foi uma confrontação a sério com a minha mortalidade em dois momentos distintos: o primeiro, ao quase desaparecer afogado num qualquer rio no Norte da Tailândia, num acidente de rafting. O segundo, já em Portugal, ao rever-me nos olhos de pessoas que amamos e cuja vida se está a esvair diante de nós.


A única coisa que consigo fazer nesses dois momentos é respirar fundo. Não é possível mudar o curso dos rios.


Por tudo isto e, apesar de tudo isto, este blog entra em hibernação.


Até um dia destes

quarta-feira, setembro 07, 2011

Quase de partida

Interrompo esta longa ausência para informar que vou estar ausente e incontactável lá pelos longes...


Amanhã regresso ao Sudeste Asiático!

domingo, julho 31, 2011

A dor! O sofrimento!

Se neste momento estou em quase fase pré-comatosa e a interrogar-me onde anda o frasco de morfina e outros analgésicos vários, amanhã o cenário promete ser muito pior. doem-me músculos que nem sabia que existiam, as articulações estão todas fora do sítio e tenho tanta nódoa negra que devo precisar de um enxerto de pele nova. Estou a cuspir areia, agulhas de pinheiro e tinta amarela-fluorescente.



Primeira experiência de Paint-Ball.



Nem me consigo mexer mas a minha equipa ganhou. Todos os jogos!



Ah! In your face!!!

Sunday Safari

Larus michaelis, praia da Aguda





terça-feira, julho 19, 2011

Jackpot!

Desta vez, a pressão para escrever é elevada e a fasquia foi colocada bem lá no alto, com um "este é o post da tua vida". Sou obrigado a objectar! Embora a qualidade das estórias e viagens acabe por inspirar a escrita e estas duas dimensões andarem geralmente a par, definir este fim de semana como o top da prosa, era definir esta incursão ao Alto Ceira como o expoente máximo das minhas andanças. E, se bem que tenha andado a roçar esse meu conceito de viagem perfeita, era acabar por dizer que futuras expedições não seriam tão boas. E eu quero mais!


















O céu é já a seguir à curva
Literalmente. Acordar no alto do Colcurinho de madrugada e ver até onde a vista alcançasse a Estrela, o Caramulo e uma infinidade de serras e vales era como estar a tocar o topo do mundo. Descer aos vales encaixados nos montes, com casas de xisto abandonadas e atravessar ribeiros de que ninguém se lembra do nome dava uma estranha sensação de conforto e familiaridade. Atravessar a Mata da Margaraça e ganhar torcicolos a tentar alcançar com a vista as copas das árvores era ter uma pequena amostra do que teria sido a floresta original naquela região. Esta acabou por ser uma ideia transversal em toda a viagem, uma sensação de conforto a absorver paisagens naturais ainda desconhecidas com um travo ligeiramente agridoce pois a qualquer curva havia qualquer coisa a dar um ligeiro sentimento de perda. Como parques eólicos a alterar a percepção de escala da paisagem. Ou encostas a recuperar de incêndios a lembrar como as coisas são precárias.









A lotaria ornitológica
Este fim-de-semana, saíram-me dois cromos novos: Ptyonoprogne rupestris e Hirundo daurica e a possibilidade de voltar a ter outros na mão, como Cinclus cinclus, Dendrocopus major e Sylvia cantillans, que embora sendo repetidos deixam-me sempre a salivar um bocadinho nos cantos da boca. Mais que isso, é a whole package, com cobreiras a sobrevoar-nos, descobrir ninhos de cias no meio da vegetação ou ver um melro-d'água a cair na rede. Pumba!






Os olhos também comem


E alimentaram-se das paisagens e de todo o património natural. Mas o resto do corpo também precisa de se nutrir. Mas falo a verdade quando digo que estes dias ultrapassaram o conceito de nutrição. Estamos a falar na mais pura alarvidade e gula alguma vez vistas. Vendo em retrospectiva o que se comeu e bebeu (eu, nem por isso, visto ainda estar em alarme amarelo pré-gotoso - felizmente falso-alarme) dava para alimentar todo um qualquer país africano. Durante um ano. E aumentar a taxa de hipertensão, diabetes e colesterl mau na população. A lista de pratos e petiscos regionais é infindável, dava para escrever todo um volume do livro de Pantagruel. Só sei que se as paisagens idílicas foram o paraíso, tudo o que se deglutiu deu direito a uma passagem em primeira classe no expresso do pecado da gula para o Inferno.





As tríades lusitanas


O triângulo Natureza + Pássaros + Gastronomia não faz sentido sozinho. Estas coisas só funcionam quando estamos acompanhados de amigos. Mais que um prazer, foi uma honra acompanhar 3 PADAs efectivos nestes 3 dias. Claro que a convivência com estes senhores não é isenta de riscos, quer pelos excessos culinários, que mais uma garfada e ficava com o sangue transformado em leite condensado, quer por ideias geniais a roçar o suicida, de tomar banho nas águas indescritivelmente geladas da Fraga da Pena. Ainda não sinto os dedos dos pés. A verdade é que apesar de continuar com a conta bancária na mesma, tenho a sensação que neste fim de semana me saíram 5 números e 2 estrelas.






A questão que fica no ar é... quando é a próxima expedição?

terça-feira, julho 12, 2011

Mais um dia, mais um cromo

Com as actividades anilhadeiras a ganhar novo fôlego e de regresso à zona de conforto de multi-tasking com horários perfeitamente impróprios para consumo e incompatíveis com sanidades mentais socialmente aceites, lá me levantei eu às quatro da matina e atravessei o Tejo, agora parece-me, em estato completamente sonâmbulo.


O objectivo? Isto:


Não são borrões na fotografia, são muitas dezenas de Apus pallidus, ávidos de bater com a tola numa rede e de levar com uma anilha numa pata mas ainda a sobrevoar a Serra da Arrábida no local de trabalho com melhor paisagem. Nascer do sol à beira do mar: SCORE!



Mas que meninos... as garras dos bichos furam os dedos e fazem dói-dói... Alguém está a precisar de um curso intensivo de bicos & garras de papagaios e aves de rapina variadas. A verdade é que com garras ou sem garras, são uns bichos bem castiços. Apus pallidus na mão calejada aqui do je: SCORE!




E a provar que os ares do campo e a brisa do mar abrem o apetite e que a associação aves & gastronomia regional é transversal, os trabalhos foram finalizados com doçaria local. Torta de azeitão: MEGA SCORE!!

sexta-feira, julho 08, 2011

Próximos destinos



O regresso à Ásia será só em Setembro...

terça-feira, junho 28, 2011

Experiências

Águia-sapeira (Circus aeruginosus) macho adulto


Esboço com guia de marcha directa para a pasta dos abortos... ou ainda será aproveitável? Será que consigo fazer um projecto só com esboços e rabiscos? Será o uso gatafunhos e cadernos de campo um tema tesável?

segunda-feira, junho 27, 2011

Sobre sangue e cerejas

Às vezes há momentos de inspiração e as palavras parecem escorrer do cérebro para os dedos e teclas do portátil. Outras vezes, nem por isso. Parece-me que não tenha muito a ver com os episódios e estórias a relatar e durante este fim de semana, riquíssimo, como sempre, em momentos bloguísticos, não tivesse eu ido parar novamente a Coimbra e arredores, andei a compor mentalmente qualquer coisa para fazer o relatório da visita. Começa a fazer-se notar a pressão por parte de alguns ilustres leitores em retomar a escrita regularmente de modo a ser devidamente apreciada.
Apreciada como em escreve senão vais parar ao fundo do Paúl da Madriz.
Felizmente nunca exigiram que escrevesse coisas bonitas e lisonjeiras. Senão por esta altura já tinha a minha cabeça decepada espetada num pau de bambú com uma carriça a fazer o ninho na minha órbita esquerda, como sinal para escribas mais incautos.
Em retrospectiva, tudo nos últimos dias pareceu girar em torno de assuntos sanguíneos: mais uma edição de um curso de formação de vampiros, a fazer esguichar litros de sangue de jugulares de passarinhos bebés e fofinhos. A súbida de sangue à cabeça a deixar-me uma veia da testa a latejar quando oiço fundamentalismos. A belíssima cabidela de galinha sofregamente consumida em Brasfemes na noite de Sábado; a descida de sangue da cabeça para o estômago umas horas depois, de modo a permitir fazer a longa digestão do galináceo mas impedindo-me de manter acordado numa saída à noite Coimbrã. O sangue das melhores cerejas do mundo a escorrer pelos dedos, ao serem degustadas e a pingar para a roupa já nos pomares da Serra da Gardunha Domingo de manhã. O calor a apertar ao longo da manhã a injectar de sangue as caras dos cerejólogos, só refrescados com água da fonte ou sentados à frente de uma pratada de cabrito grelhado com batatas à murro.


Belíssimo.

quarta-feira, junho 22, 2011

Retomar o trabalho



Fuzhong, Mestre em procrastinação.

Tese subordinada ao tema:


"Estudo comparativo de diferentes metodologias de adiamento de tarefas e subsequente resolução de problemas causados por prazos de entrega - a perspectiva da inspiração Last Minute Panic"


Eu e as minhas grandes ideias...

domingo, junho 19, 2011

Regresso à Lagoa

Pois é, parece que afinal, destilar um bocado de veneno até compensa e hoje deu para acompanhar uma sessão na Lagoa de Albufeira, sem ter de recorrer a requerimentos à Presidência da República ou a fazer promessas a Santa Anilha, padroeira dos alicates. Ainda perdido de sono e a fazer a digestão das alheiras e farinheiras, num espaço completamente alterado pelos cursos das ribeiras e crescimento desenfreado de salgueiros e caniços, montou-se e desmontou-se redes e passaram-se vários passarinhos pelas mãos, a ressalvar a vasta família de guarda-rios e isto tudo feito por apenas 3 marmanjos.





Ainda deu para tirar umas fotos e a melhor, ainda que desfocada, foi esta:



Raposa (Vulpes vulpes)

Na Tasca tosca

Parece que estamos a voltar a uma escrita algo mais regular. Será pelo multiplicar de eventos, será pelo estímulo que a troca de galhardetes que um post recente causou, não sei. Mas é tempo de fazer uma crítica gastronómica.



O jantar de ontem, numa onda "traz um amigo também", reuniu uma dúzia de convivas ali para os lados do Mercado da Ribeira e, se não fosse a boa disposição e galhofas presentes, o sítio tinha ido parar directamente à minha lista negra de restaurantes e afins. Salvou-se a sangria, que não era má, as azeitonas e o pão e um salpicão fatiado. Pois, só isso. Houve uma série de sinais premonitórios que nos devia ter feito levantar e ir comer caldo verde e bifanas noutra barraca da praça (ainda se vivia o espírito dos Santos populares por estes lados):



O frio polar fora de época para aqueles lados e a mesa reservada era na rua;

O empregado começar a conversa com um "isto está muito demorado" - quem é que começa a promover um produto ou serviço desta maneira? O que é verdade é que estava mesmo e ainda a optarmos por pedir petiscos e coisas rápidas a sair, só começou a chegar comida consistente lá para as 23h;

O pão e as azeitonas virem acompanhados de umas tigelinhas com diferentes azeites gourmet a que foi feita uma apresentação tipo prova-de-vinhos. Foi aí que o meu radar-anti-palermices-pretenciosas-intelectualóides começou a disparar;

Pedirmos coisas -pataniscas de polvo - que uma hora depois "ah afinal já não temos";



É verdade que os petiscos pedidos, todos eles gordurosos e fritos, chouriços e alheiras, farinheira com ovos, pataniscas de bacalhau e por aí fora, não ajudaram muito a fazer a digestão e, apesar de ter havido algumas coisas boas, esta tasca mesmo muito tosca, apesar de se querer mostrar muito fashion não convenceu mesmo.

terça-feira, junho 14, 2011

Instantâneos do fim de semana #2

Merops apiaster prestes a encher o bandulho às crias


Uma primeira tentativa de fotografar os abelharucos deu azo ao diálogo do fim de semana:


Cidadão (mandando parar o carro do Carduelis) - olá, sabes (gosto da familiaridade do tu cá, tu lá) porque é que não consegues fotografar os pássaros?
Fuzhong e Carduelis (entreolham-se pensando no que aí viria) - Não...
Cidadão - É porque eles só estão cá 4 meses no ano!
Fuzhing e Carduelis - Ah... Ok, obrigado! Então adeusinho


WTF?! Os pássaros estavam ali e foram fotografados. O livro era o mesmo mas estávamos em páginas diferentes.

Instantâneos do fim de semana #1

Arzila by night

segunda-feira, junho 13, 2011

Produção científica ao quadrado

É certo e sabido que, fora um ou outro devaneio mais artístico, este é um blog essencialmente científico (o que não quer dizer mentalmente são) e é uma constante essa busca e divulgação de conhecimento. Este fim de semana não foi excepção e os paúis do Baixo Mondego assistiram a vários potenciais prémios Nóbeis a trabalhar em grande e estes são alguns dos artigos (ainda não publicados) que resultaram de horas de trabalho dedicado:



Veneno, F. Butterfly Fever - first detection of Flavivirus particles on butterflies and it's connection with human cases of dementia and other behaviour disorders. Appl Environ Microb 77(12) 2011 (in press)

Pessoal, se achavam que os passarólogos eram loucos ou nerds, os borboletólogos estão muito mais à frente. Foi difícil conter os risos com borboletas a sofrer morte súbita, camaroeiros a voar e pitas histéricas. É sempre bom aprender coisas novas, surpreendeu pela diversidade de lepidópteros esvoaçantes mas acho que também não devo ser muito bom da cabeça para ir meter-me dentro do paúl de Arzila às 2h00, que mais parecia palco de uma cena de contacto com extra-terrestres.



Veneno, F. Adaptions and survival in the extreme environment of Paul da Madriz. Ecology 92(6) 2011 (in press)

As coisas que um tipo faz para ir meter umas anilhas nas patas de meia-dúzia de scirpaceus. Como não me safo na região de Lisboa e arredores, foi necessário fazer cerca de 200 kms para Norte e outros tantos para Sul para conseguir estar presente numa sessão de anilhagem científica. Claro que esta é uma actividade de elevado risco para a saúde, quer pelas horas de privação de sono, quer pelas valas do paúl onde nos afundamos e sentimos as ilhargas refrescadas pela aquela água insalubre, quer pelas areias movediças que quase me tragaram, quer pelos inúmeros cortes de caniço nos braços que me fazem parecer um qualquer carocho heroinómano, quer pelos mosquitos atómicos que por lá vivem. obviamente, nem tudo é mau e apesar de não ter havido pitos novos, foi altamente andar com uma pistola-aspirador a recolher aranhas e lacraínhas e a enfiar tubos goela abaixo dos passarinhos. Isso e o convívio, é claro.



Veneno, F. Feeding strategies of vertebrates in the Lower Mondego Area. Nature 474(7351) 2011 (in press)

Programa que é programa não estaria completo sem os momentos da nutrição. Desde frugais frangos assados e pizzas, passando por francesinhas monumentais, pão-de-ló e bolo-dos-cornos acabados de fazer, até à jóia da coroa, que foi o leitão e a respectiva cabidela com bolo de amêndoa e gila de sobremesa, muito se comeu entre Coimbra e a Figueira da Foz. Nem que seja pela parte gastronómica, sinto-me sempre muitíssimo bem recebido naquelas bandas. Claro que se me mudasse para lá, como muito o PQT e o PMA insistiram, acabava morto ao fim de 6 meses com uma cirrose hepática, as articulações cristalizadas com ácido úrico e o sangue transformado em manteiga. Mas com um sorriso na boca, enquanto lambia os beiços da última refeição de chanfana de cabra.

Interlúdio

Ultimamente os momentos de silêncio têm sido mais longos que os de escrita. Não que não se passe nada fora da blogosfera - passam-se sempre coisas, mais ou menos estranhas: casos fascinantes, investigações mirambolantes, congressos, cangurús, projectos, petiscos e jantaradas e por aí fora.


Sem querer fazer promessas vãs, a ver se a coisa volta a ser mais dinâmica. A ver vamos.

sábado, maio 21, 2011

Sobre caril e gladiadores

Por vezes há longos períodos de silêncio, em que só se ouvem alguns grilos a cantar lá ao longe. Não quer dizer que não se passa nada, só não há grande inspiração para relatar os acontecimentos.

Depois, bastam umas horas non-sense para ter material de escrita da mais finíssima qualidade. Ora atentai:



Dia de trabalho com direito a concurso miss t-shirt molhada;

Jantar no Templo Hindu a ver senhores a arrancar dedos extra-numerários dos pés, encontrar antigos professores e comer mini-fodasses à sobremesa;

Desginated driver a infringir tudo quanto era traço contínuo;

Entrada semi-VIP numa festa do canal FOX;

Como as pulseiras e moedinhas davam direito a bebidas grátis - apesar de saberem a sabão e sonasol - let the liquor flow!

Muitas pessoas mascaradas de romanos e romanas, algumas de ânforas e duas de colunas dóricas. Depois também havia uma senhora que devia estar na festa hippie;

Novo passe de dança: slutty text messagin';

No fim, a festa meteu senhoras desnudas em gaiolas, cães a ladrar, espadas do Skeletor a voar e corações a serem literalmente arrancados dos peitos.



Tudo aqui relatado aconteceu realmente, sim senhor!

quinta-feira, maio 12, 2011

No Douro



É que eu estou bem. Acompanhado de alguns amigos que não tenho oportunidade de estar mais vezes, no alto das fragas ou no fundo do vale do Sabor, com grifos a sobrevoar-me quando apanham as primeiras correntes térmicas de manhã cedo, a fotografar lagartixas ou a rabiscar paisagens e bichos no caderno, a conduzir pelas estradas do planalto ou a experimentar kite-surf e o vento me levanta do chão, a tratar de cães sarnentos ou a ver arranjar cascos de burros, a lutar contra francesinhas gigantes em Miranda do Douro ou a beber minis ao fim da tarde no café da aldeia.


Isto tudo e tanto mais que parece que os dias se estendem por mais horas e que se consegue fazer muito mais coisas.


Um dia...



Há tanto tempo que este cromo não escreve...

E a desculpa é sempre a mesa: trabalho, cacatuas sem bico, aulas, artigos e capítulos de livros, ilustrações aldeãs, super-congressos, sangrias de corujas e tanta coisa mais que é a escrita a sacrificada.



Falha prontamente corrigida.

terça-feira, março 29, 2011

Take Away Show

E se um dia fosse a sair de casa, estivesse no café ou a comprar pão e assistisse a um concerto na primeira fila de Shins? Ou Beirut? Ou Bon Iver? Os Take Away Show's são do caraças!!

quarta-feira, março 23, 2011

Hoje há magia no Freak-Show!!

Há quem tire o coelho da cartola.
Hoje eu tirei o coelho do tumor.

terça-feira, março 22, 2011

Drawing sucks!!!



Será que consigo apresentar uma tese só com os dois esboços de cima? Tenho mesmo de trabalhaaaaaaaaaaar!!!
O dia só tem 24 horas.
Convém dormir umas horas; As pessoas com quem convivo não têm culpa de maus-fígados mal dormidos.
A procrastinação é um problema sério.
Todos os outros projectos e trabalhos, sempre mais urgentes (e mais remunerados) também.

A mala do carro é o espelho da alma

Hoje, quando tirava sacas de mercearias da mala do carro para atestar o frigorífico e despensa da minha mansão (confesso que um dos prazeres alarves da vida é encher as prateleiras com comida), reparei como a mala da minha viatura é algo de surreal, tipo twilight-zone. Senão, vejam as coisas estranhas que por lá andam aos trambolhões:
  • Obviamente, o macaco, triângulo e essas cenas que habitam em todos os carros;
  • Uma toalha de praia e um fato de banho;
  • Algumas caixas de ferramentas com utensílios das lides profissionais;
  • Resmas de folhas e umas quantas pastas com mais folhas;
  • Um frasco com lombrigas de um pombo;
  • Um frasco com cocó de okapi;
  • Uma pele de cobra;
  • Um saco com facturas de gasóleo;
  • meia dúzia de garrafas de água vazias (para deixar no ecoponto, pois claro).

Se algum larápio me abrir a mala e se deparar com este pequeno e peculiar microcosmo com que ideia ficará da minha pessoa? Espero que bastante má, que deixe ficar tudo no sítio com medo que lhe lance uma macumba qualquer (estás a ver, pele de cobra?).

segunda-feira, março 21, 2011

As Chilices continuam

Esboço rápido de uma enseada qualquer na costa do Pacífico ao Norte de Valdivia.

Algumas semanas após regressar a casa, chego à conclusão que me podem ter tirado do Chile mas, pelos vistos, tem sido difícil tirar o Chile de mim. Mesmo a fazer esboços à pressa como o de cima, mesmo com ameaças pré-gotosas, mesmo quase ficando apeado no meio da Patagónia com o depósito do carro mais seco que os campos do Pali Ailke, mesmo levando com vento e frio no focinho - sim, porque lá o Verão só é essa estação no nome mesmo - e mesmo confrontado com fenómenos naturais e artificiais vários - devo mencionar as reuniões de nerds à hora de jantar, que me deixavam a falar sozinho com os restos de merluza margarita no prato?
Mesmo com todas essas coisas menos boas ou menos espectaculares (que chatice de ventania, não me deixa ver bem os condores ali poisados), graças às bagas de calafate, tenho a cabeça ainda a pairar pelas Torres del Paine.
O que não é necessariamente mau: agora, quando tenho de aturar gente parva, demente ou com QI de uma ameijoa (ou seja: todos os dias, várias vezes por dia), em vez de lhes dar mentalmente com uma moca na cabeça, fazendo-lhes voar dentes em várias direcções, levam com uma escarreta de guanaco na testa ou cai-lhes uma tonelada de leão-marinho em cima.
Parece que o veneno refinou, com um twist de pisco sour.

quinta-feira, março 17, 2011

O grande equilíbrio cósmico das cenas

Hoje de manhã encontrei o carro possuído por um espírito ruim - ainda pensei fazer os rituais de exorcismo ensinados pela engª Saramuga - ou mais exactamente, estava destituído de espírito pois a bateria tinha descarregado durante a noite. Não completamente, claro que sobraram uns electrões para manter o alarme a funcionar, embora a debitar uma gritaria bastante débil, quase moribunda, no meio da rua.
Isto começa bem.
Algumas pessoas devem ter pensado que era um vulgar assaltante de viaturas.
Tinha coelhos anoréticos à minha espera (que, tanto quanto sei anoréticos continuaram).
Depois de chegar a assistência do ACP e resolver o problema, fiquei a desejar que os senhores mecânicos que meteram as manápulas no carro da última da vez apanhem uma valente disenteria que os deixe com as nalgas coladas ao assente da retrete durante dias. Pragas rogadas, passagem na oficina. Entretanto, já com a apertada agenda completament baralhada com este infortúnio, dei por a pensar no que mais podia acontecer de mau. Mas não.
O Universo, na sua infinita sabedoria, soube equilibrar as coisas com luz verde para projectos de passarinhos e passarões, belos bacalhaus com natas para o almoço e novos super-poderes (agora consigo tratar e operar animais à distância).
Claro que se o Universo fosse inteiramente justo, eu tinha ganho o euromilhões (mesmo sem jogar) ou era convidado pela National Geographic para viajar pelo planeta a ver bichos. Mas não. vamos ficar por aqui, acho que é aquela cena do copo meio cheio e meio vazio.

quarta-feira, março 16, 2011

Mais Chilices

Já o meu pediatra dizia "Um pássaro chilote por dia dá saúde e alegria". Não, na verdade mandava os meus pais darem-me comprimidos de flúor e pratadas de iscas com batatas cozidas. Se bem que os primeiros me deixaram os dentes fortes e, quicá, fluorescentes, a quantidade de tecido hepático que tive de deglutir, que dava para montar uma fábrica de transplantes de fígado para alcoólicos cirróticos deste meu país, fez com que os ditos dentes não conseguissem trincar um pedacinho das ditas vísceras durante anos e anos. Mas hoje voltei a gostar de iscas de cebolada e sou uma pessoa melhor.

Mas não era disso que queria falar. Como já expurguei as minhas inquietações no post anterior e como nos últimos dias não sepassou nada de novo (coelhos, dentes, pessoas dementes), está na hora de mais uma chiliposta!

A verdade é que estava bem mais satisfeito de binóculos espetados nos olhos ou com o dedo, nervoso, no botão do obturador da máquina fotográfica, do outro lado do Atlântico, a apontar a estes gajos:

Isto é um sietecolores, não me lembro do nome científico e não me apetece googlar nem procurar no caderno onde apontei isso. Mas fiquem sabendo que é um papa-moscas Tyrannideo todo xpto e muito raro que vimos assim ao longe nuns caniçais ao pé de Valdivia. somos os maiores.

Já repararam que o sono amplifica exponencialmente a demência... e a parição de posts mais criativos?

terça-feira, março 15, 2011

What next?

O Guia de Campo sempre foi um espaço apolítico e apartidário, que sempre viveu em mundos bastante mais risonhos, com dinossaurios a cantar nas árvores ou a serem capturados em perfeitas sessões de anilhagem, espécies hipotéticas que não existem mas que se fizessem fintas a meteoritos podiam andar aí a correr pelos campos, viagens reais ou imaginárias e muitos disparates. Não é um blog autista, simplesmente tem o seu nicho ecológico no blogomundo. No entanto, alguma coisa mudou e não consigo deixar de pensar:
Nos terramotos, maremotos, vulcões reactivados e outros desastres do outro lado do mundo que entortaram o eixo da Terra e encurtaram o oceano pacífico (e o que se passaria num cenário semelhante por estes lados - provavelmente a jangada de pedra ia literal e figurativamente ao fundo);
Na sucessão de explosões em centrais nucleares a fazer pairar novamente o fantasma do que se passou na Ucrânia nos anos 80 (ou repensar na minha posição sobre a energia nuclear e sobre as energias limpas);
Em todas as convulsões sociais e políticas no Norte de África (e que implicações terão a outros níveis);
Em tudo o que se passa por cá nos últimos dias: manifestações (sim, desci a Avenida) greves e paralisações várias (com todas as motivações que observei - das mais bacocas, freaks, inconsequentes, ignorantes até às mais legítimas, informadas ou injustas - que me fazem aceitar, compreender ou ter bastantes reservas a diferentes aspectos. No fim ainda consegui atestar o depósito do carro, não vá o diabo tecê-las);
No enredo embrenhado em que se vê a tele-novela política nos últimos dias (semanas? meses? anos?) e as implicações na vida real (deverei começar a praticar golf? a ir para o trabalho de iate?). Faz-me ter a certeza que é preciso escrever novos capítulos, com personagens e argumentos muito diferentes;
E ainda mais curioso: há 1 semana vi um abetouro à beira da estrada.
Não acredito em conspirações nem em teorias do apocalipse mas realmente parece que os pássaros estão a cantar de forma diferente.
(o próximo post volta a ser sobre passarinhos)

sábado, março 12, 2011

O chile #2

Muito bicho passou pelos binóculos, pelas lentes da máquina e nos caminhos. Infelizmente, foram poucos os que passaram no caderno de viagem. Fica o registo de um dos momentos ornitológicos da viagem: o Hued-hued (Pteroptochos castaneus):

O Chile #1

É difícil escolher O sítio preferido ou A fotografia que represente o país mas houve algo que me transcendeu e, por vezes, chegou mesmo a esmagar: o espaço e as paisagens. Foi na Patagónia e sobretudo perto de Torres del Paine que esta sensação ainda é mais presente. Era impossível para de olhar, de registar e de fotografar tudo e nada. O facto de estar a ler durante a viagem "Na Patagónia" de Chatwin ainda enriqueceu mais a experiência.
Parece que vou lá voltar, provei uma baga de calafate.

De regresso

A pedido de várias famílias, após inúmeras ameaças à minha integridade física e mental (ouvi dizer que as valas nos pauis do Baixo Mondego são bastante fundas) e com enorme sacrifício e espírito de abnegação de minha parte, este vosso escriba retoma o trabalho.
Obviamente houve duas grandes razões para esta ausência: uma expedição ao fim do mundo, que dará origem a vários posts, visto que em 3 semanas se consegue absorver muita informação e preparar mentalmente muitas linhas de considerações. A outra, directamente relacionada com a primeira: ao regressar tinha 3 semanas de trabalho acumulado à minha espera e os últimos dias foram literalmente non-stop.
Mas podem parar de choramingar, a emissão começa dentro de momentos.

quarta-feira, janeiro 26, 2011

Em missão

Correcção: afinal vou para o Chile em trabalho... em missão jornalística como correspondente de uma importante revista. Depois lêem a foto-grafo-reportagem.
(só para calar as vozes que me continuamente me acusam de andar sempre de férias.)

Intervalo

... para regressar aos safaris fotográficos, caminhadas e outras rotinas que se perderam noutras rotinas. A ideia genial de, a recuperar de uma constipação-gripe ABC, ir passear para a costa da Sintra, entre a Azóia e a Praia das Maçãs, com o vento gelado a soprar e a acelerar o regresso ao carro para tratar a hipotermia entre uma bebida quente no moinho e um jantar nepalês.

quarta-feira, janeiro 19, 2011

Novamente online!

Onde é que eu ia?
Entre Gent, trabalhos mil, regresso ao laboratório, sapos e salamandras, mais uma mão-cheia de projectos, escassos desenhos e começar a pensar que daqui a uns dias estou a voar para o Chile, perdi-me um pouco...
A emissão segue dentro de momentos.

quinta-feira, janeiro 13, 2011

Nota breve

Há muito para dissertar sobre as últimas semanas mas fiquemo-nos por esta:


Os anfíbios são quase tão fixes como os passarinhos!


(sem querer ser traidor à causa...)

Comunicado oficial

Não estou em coma, não me volatilizei, não fui raptado por extraterrestres nem nada de extraordinário. Simplesmente, depois de mudar de casa, ainda não instalei internet e acho um bocado foleiro vir escrever para aqui baboseiras durante o expediente (como estou a fazer agora).
A emissão deve voltar à normalidade nos próximos dias.