sábado, setembro 30, 2006

tagliateli afrodisíaco com grelo

Quando pensava que me tinha transformado numa personagem de uma sequela da Noite dos Mortos Vivos, eis que consegui arrastar-me (sim, continuo a conduzir de olhos fechados) até ao Gordini do Estoril na passada 5ª feira para um jantar regado com muita sangria, o tal prato de massa, doces incestuosos e notícias de que, pelo menos para uma amiga, avizinham-se tempos profissionais melhores. Inclusivé, o jantar foi finalizado com uma bela cereja em cima do bolo, ou para ser mais exacto, um floco de neve de papel retornado à bandeja (vês, mestre, como aprendi bem os teus maléficos ensinamentos?)
Em seguida, rumámos até ao casino do Estoril, não para jogarmos nas slot machines ou roleta, mas porque havia um presente musical à espera. No meio da multidão suspensa num céu de espelhos e neons e embalados por ondas radiofónicas AM-FM, fui subitamente chamado à realidade quando uma filha da puta que me conhecia cumprimentou-me com um sonoro "Ah! estás mais gordo!".
Depois desta foi mesmo voltar a desligar, por a coruja-das-neves a trabalhar (o mais provável é voltar com ar e vento nas garras) e voltar em piloto automático para casa.
Se algum dos eventuais presentes neste evento passar os olhos por esta crónica e acharem que a sanidade mental deste vosso amigo se está a esvair, não se apoquentem. Acabei de terminar e enviar mais um trabalho para o mestrado. Por isso, é natural que esteja em curto-circuito.
Agora só interessa mesmo uma coisa: daqui a 12h e 29m estou oficialmente de férias, desligo todos os telemóveis e zarpo para o fim do mundo durante uma semana.

domingo, setembro 24, 2006

Guia de campo revisitado

Ao fim de longos e obscuros meses (desde Junho... que é tempo mais que suficiente para parecer uma eternidade) lá finalmente consegui tirar o guia de campo e binóculos da prateleira e levá-los a apanhar um pouco de ar estuarino. Um pouco mais tarde que o habitual que ontem foi noite de copos no bairro alto e como o pessoal "apanhou todo a bata" foi necessário ficar mais umas horitas a repousar os (já escassos) neurónios.
E foi assim que, com mais 2 estimados birdwatchers, passei uma bela manhã com os olhos colados aos binóculos só a ouvir os tecelões e um carro ocasional que teimava em passar. Não descobrimos nenhuma espécie nova, mas quando somos sobrevoados por uma águia-pesqueira com um espécime piscícola nas garras, acabamos de certa forma por fazer as pazes com parte dos problemas que nos apoquentam.
A manhã correu ligeira com um debitar constante de exemplares avícolas e testagem de material óptico e fotográfico (tenho mesmo que fazer um upgrade...) e terminou com a inevitável observação gastronómica. Começamos por ver um bando de bivalves à bulhão pato desaparecer da caçarola, seguido por uns Sepia officinalis fritos e umas postas de Lepidopus caudatus acompanhadas de arroz de pimentos.
Só espero retomar estes passeios numa base regular (a bem da minha sanidade mental) e fechar os olhos para que esta semana passe depressa (o trabalho que se vai acumulando já começa a assustar) para poder ir de férias. Tenho mesmo que mudar de vida...

sexta-feira, setembro 22, 2006

Espécie a abater

As pessoas que me conhecem sabem que sou uma pessoa pacífica e calma. Mentes menos iluminadas podem dizer que às vezes tenho acessos de mau feitio mas é mentira. Contudo, há situações que realmente me tiram do sério, como esta aqui:

Num dia desta semana, apó estar perto de 14 horas seguidas a trabalhar e ainda sem jantar, foi com grande custo que me arrastei até um daqueles cafés da moda com esplanada, que por uma questão de cortesia não vou referir o nome (mas que começa por K, acaba em A e tem uns Fs pelo meio), para uma ainda breve reunião de trabalho. Como a fome era mais que negra (naquele momento o meu estômago era um buraco negro capaz de tragar o que quer que fosse), encetei este diálogo com o empregado:

"Boa noite. Ainda dá para pedir alguma coisa para comer?"
"Com certeza"
"Então traga-me a lista sff"
(5 minutos)
"Aqui está"
(outros 5 minutos)
"Uma cola e uma tosta mista"
(mais 5 minutos)
"Peço desculpa mas a cozinha fecha às 23h. Pensava que fosse mais cedo"

Foi aí que me passei! O filho da puta não sabe ver as horas? Se não demorasse 15 min a servir ainda era capaz de ter comido qualquer coisa. Mas não... Os amigos que estavam na mesa comigo dizem até que fiquei com os olhos raiados de sangue e a espumar da boca e inclusivé, tiveram que retirar da mesa objectos potencialmente contundentes e oferecer-me um prato de sopa em casa. Em boa verdade o que me apetecia mesmo era meter a cabeça do empregado na tostadeira mas, como disse de início, a minha boa índole impede-me de ter tais pensamentos. Acabei por voltar para casa cansado, com sono e com instintos assassinos mas só vos digo que até me passou a fome...

sexta-feira, setembro 15, 2006

Lindo!...

Depois de ver isto ou isto acho que devo ter enlouquecido porque só vejo coelhinhos brancos. Vocês não?

fim de semana...

Com esta semana quase a chegar ao fim (sem esquecer que todos os sábados ainda tenho que arrastar este corpinho até ao antro de trabalho e debitar sabedoria e salvar vidas e, às vezes pregar umas rasteiras ao ego e tudo e tudo e tudo), cheguei a um estado de cansaço tal que hoje vinha a conduzir (ainda continuo com um médio fundido) de volta para casa, após mais um dia de labuta, e dei por mim a pensar "ahh! como é bom conduzir e fechar os olhos..." Não temais, fiéis leitores, pois consegui empreender a jornada com sucesso, caso contrário não estaria aqui a redigir este manustrito! Podeis sossegar vossos corações angustiados, pois este nobre cavaleiro não ficou com a fronha espetada em nenhum air bag (se bem que ande curioso para experimentar...)
Felizmente já reconheço este primeiro sintoma, que me indica que tenho de desacelerar um pouco. Geralmente, seguem-se outros, eventualmente mais psicóticos e preocupantes para quem me rodeia. No entanto, desta vez, tenho a noção que esta canseira toda é por uma boa causa: eu (e perdoem-me o egocentrismo, acho que foi a primeira vez que manifestei). Estou cansado porque estou a fazer coisas que gosto:
  1. Acabei um artigo que tinha de entregar hoje (acabei-o ontem, inexplicavelmente dentro do prazo);
  2. Vou poder partilhar alguns (poucos) dos meus conhecimentos sobre seres rastejantes e outros;
  3. Melhor, pude passar 2 desses seres rastejantes para o papel (não, não tirei burriés do nariz com um lenço de papel) ;
  4. Nestes 2 últimos pontos tive a oportunidade de trabalhar (ainda que indirectamente) com um amigo podre, que me lançou estas 2 bolas de fogo (vá lá, não levei nenhuma agulha espetada no chefe do estômago);
  5. O meu empreendimento parece correr bem e avizinham-se melhores ventos;
  6. O meu esforço para ser tratado por "mestre" foi recompensado quando suguei umas gotinhas de sangue a algumas das autóctones mais fixes: a cobreira, a boneli...
  7. Como podem ter notado, as érios já tilintaram na minha conta (eu sei que com sentimentos tão elevados, este materialismo destoa um pouco, mas depois não tinha guito para estar aqui a debitar estas maluqueiras)

Como dá para ver, esta lista já me deu para insuflar um pouco o ego e o trabalho que me deu a ultrapassar esta semana, em última análise, compensou (mas que me pode transformar numa ameijoa este fim de semana pois vou baixar o modo de funcionamento para "invertebrado"). Não me custa ter trabalhos ainda mais hercúleos para despachar porque a médio-longo prazo quero dar o grito de ipiranga e dizer a um certo senhor numa terra que começa por C, acaba em S e tem as letras ASCAI aleatoriamente espalhadas no meio: "So long, sucker!"

P.S. Só tenho pena de estar a partilhar isto com um blog e não com uma moçoila que tivesse paciência para aturar estes acessos workaholic, mas não se pode ter tudo...

segunda-feira, setembro 11, 2006

Valha-me dia de S. Receber!

É dia 11 e ainda me falta receber mais de metade do ordenado! Que bom, não é?
Quer dizer que até receber só vou trabalhar meio horário? ou que de futuro só vou trabalhar depois de receber? Será que devo furar os pneus do carro ao chefe? ou colocar 605 forte na água? Tantas questões...

disquedisse

Uma das espécies mais estranhas com que me deparo nas minhas deambulações por este luso ecossistema (muito de sistema, pouco ou nada de eco, mas enfim...) é o "disquedisse". Geralmente, só se deixa ouvir e geralmente, conta-nos das cantigas, histórias ou relatos mais mirambolantes. Para ilustrar esta espécie de quadrilhice hipervitaminada, vejam só este exemplo:
No outro dia estava eu descansado rodeado de alguns amigos, a sorver o belo do cafézito, para manter os níveis de cafeína dentro do normal, quando uma das ditas amigas me disse que a minha irmã tem uma amiga que disse a outra amiga que disse a uma colega desta minha amiga (geralmente o "disquedisse" tem uma longa cadeia de comando, mais parece aquela brincadeira do telefone estragado) que eu tinha aberto negócio no Estoril com mais 2 colegas e que era "100 % certeza". Quem me conhecer sabe qual a área profissional em que deambulo e que efectivamente abri negócio mas há já alguns mesitos, tenho 4 e não dois sócios e graças a Deus, tive a presença de espírito de não me meter no tipo de empreendimento que tinham falado.
Ora isto levanta-me sérias questões: terei efectivamente realizafo tal proeza empresarial? terei um duplo por aí algures, que se apresente com o mesmo nome e apresente esta cara laroca? terei sido raptado por seres alienígenas e aminha existência neste planeta foi apagada durante algumas semanas? Provavelmente, não. Mas que chateia andar a ouvir histórias da carochina sobre coisas que não fiz, chateia! Qualquer dia andam para aí a dizer que sou um terrorista radical que anda a criar salamandras-bomba geneticamente modificadas para ataques suicida a bares à beira-mar (o que, sem sombra de dúvida, era muito mais interessante do que a história relatada).

sexta-feira, setembro 08, 2006

Há pouco, fiquei cheio de remorsos de ter falado mal do meu carro... É que, apesar das luzes fundidas e outros pormenores, é quase a minha segunda casa, à pala do tempo que passo em viagem de um local de trabalho para outro. Qual jipe qual quê! Esta maravilha sobre rodas leva-me a todo o lado, como podem ver. Nesse dia, para além de ver Grous e Abetardas em barda, atravessei esse amazonas para um lado e para o outro e ainda fui a Beja ver uma perdiz... no prato!

Quero estes todos!!!

Terrenae-problemaedae

Apesar de pensar que estava aqui a falar para os meus botões ou para leitores imaginários, afinal tenho um leitor preocupado com o meu estado de saúde. Desde já o meu obrigado, mas à parte da gota que, quando dá sinal, me faz lembrar que devo mudar um pouco os meus hábitos alimentares (felizmente não lhe passo grande cartão), sou um jovem adulto perfeitamente saudável.
E assim, aproveitando o tema "os meus problemas terrenos" (obrigado, meu caro anónimo por me ter fornecido este termo, eis a minha lista (afinal, este é um guia de campo, certo? as coisas vêm organizadas taxonomicamente em famílias e listas). Felizmente, são poucos e pouco graves (não sou adepto do FCP nem tenho um olho na testa), mas ainda assim, não se resolvem com um simples travo de um charro ou um copo de whisky velho com 2 pedras de gelo (se bem que ajudem, mas no dia seguinte tenho uma ressaca do tamanho de Saturno a juntar aos meus problemas terrenos), que são as únicas drogas consumidas social e esporadicamente por este taxonomista. Também tenho outros mecanismos de defesa, nomeadamente, tirar umas piadas das situações
Problema número 1: falta de liquidez. Tenho a agradecer ao meu principal empregador o facto de ser dia 8 e ainda não ter ouvido o som dos "érios" a pingar na minha conta... Mas também coitado, não tem culpa de a instituição bancária de onde me transfere o guito não gostar de mim, porque já é o 3º mês consecutivo em que isto acontece!! Mas pronto, lá vou eu cantando e rindo todos os dias para o meu local de trabalho, como bom empregado que sou... don't worry, be happy! Felizmente, toda esta micro-conjuntura sócio-económica, reflexo da república das bananas em que vivemos, só me estimulou a capacidade de iniciativa própria, aderindo ao tecido empresarial e esperemos que, dentro de alguns meses, mandar o gajo dar uma volta.
Problema número 2: falta de tempo. Devia viver noutro planeta (às vezes acho que sim), cujo dia tivesse pelo menos 48 h, para ter tempo de fazer tudo a que me proponho (provavelmente ia arranjar mais que fazer, mas nesse caso emigrava para outro corpo celeste). Como tenho um polo a gasóleo e devido ao problema nº 1, não posso comprar uma nave espacial, devo ficar por este planetóide durante mais uns tempos...
Problema número 3: o meu espírito aquarófilo foi posto à prova, quando há uns dias, a pior tragédia que pode ocorrer à face deste mundo, ocorreu na minha humilde habitação: um aquário cheio de água (felizmente só com habitantes vegetais, Anubia nana) rachar, começar a verter água e transformar o quarto numa piscina olímpica. Por isso, vou saltar um degrau evolutivo, largar a Classe Pisces e voltar aos meus queridos Amphibia.
Problema número 4: ainda não tenho o selo do carro, tenho um médio fundido e este mês tenho inspecção da viatura. Como tenho o problema nº 1 para resolver primeiro, logo me debruço sobre este.
Como vêm, a lista é reduzida. No entanto, amanhã os problemas terrenos podem ser outros (porque os de hoje podem ser resolvidos ou aparecerem outros piores) e claro está, para além destes tenho os meus problemas metafísicos: de onde vimos? para onde vamos? existe vida em Marte e Europa? etc. e tal. Como se pode constatar, até tenho razões para cantar quando vou a conduzir.