sábado, março 31, 2007

pequenos nadas II

A melhor parte da minha irmã estar a fazer dieta é eu comer fatias de tarte de maçã à frente dela com uma dupla cara de puro prazer.

pequenos nadas I

Ontem alguém deu à expressão "meter o dedo na ferida" todo um novo significado... a palavra que me ocorre será peritonite?

quinta-feira, março 29, 2007

Ichthyornithiformes

Como sei que estavam sedentos de mais um capítulo da saga paleontologia-alternativa-alucinogénica, cá vai mais do mesmo.
Hoje, falemos sobre um outro grupo de Dinossaurios, também designados por Aves, conhecido por Ichthyornithiformes, cuja forma fóssil mais reconhecida é Ichthyornis. Apesar de superficialmente semelhantes a Neornites ou Aves modernas, a principal característica distintiva deste grupo é apresentarem os maxilares com dentes. Ao longo do registo fóssil, têm sido associados a habitats marinhos ou costeiros e hoje em dia não é excepção.


Neolaridae
Mantendo a velha tradição da Ordem de utilizar preferencialmente habitats costeiros, esta família, que inclui a maior parte das espécies actualmente existentes, é o equivalente às gaivotas, andorinhas-do-mar, moleiros e algumas outras Aves marinhas da nossa Terra. Contudo, algumas espécies possuem especializações únicas. Ambas as mandíbulas possuem dentes, os dedos são semi-palmados e são bons voadores.
Existem 3 sub-famílias: Neolarinae (78 espécies, distribuição mundial), que pouco alterou a sua forma corporal ao longo das eras; Pectenognathinae (4 espécies), com os dentes do maxilar finos e alongados, usados para a captura de pequenas presas à superfície do oceano; Mareaquilinae (3 espécies), possuem uma bolsa gular, que à semelhança dos pelicanos é utilizada para armazenar alimentos, habitualmente pilhados a outras espécies de Aves, à semelhanç das fragatas.

Odontocicconiidae
Com uma forma geral e hábitos semelhantes às garças e cegonhas, as 62 espécies de pseudo-cegonhas só são traídas quando observadas de perto e se constata que ambos os maxilares contém fiadas de pequenos dentes, úteis para capturar as presas escorregadias de que se alimentam. A sua distribuição geográfica estende-se por todos os continentes.





Neocathartidae
Estas aves necrófagas de grande porte (envergadura da maior espécie atinge 4,5 m) provavelmente evoluíram a partir de antepassados das pseudo-cegonhas. O bico é forte e curvo, com dentes apenas no maxilar superior, a cabeça e pescoço desprovidos de penas e os dedos possuem garras fortes, sendo um exemplo de evolução convergente com os abutres. Existem representantes deste grupo por toda a Eurásia, África e Austrália.




Mystornithidae
Esta família é a resposta aos flamingos da nossa Terra. A estrutura do bico sofreu alterações profundas para uma alimentação por filtração de pequenos organismos em águas rasas. Os dentes, apenas presentes no maxilar superior, formam uma estrutura semelhante a um pente, que retém o alimento dentro da boca, enquanto que a água é expelida para fora do bico por acção da língua musculosa. O resto do corpo assemelha-se ao das pseudo-cegonhas, embora possuam uma plumagem de cor rosa, devido à presença de corantes naturais na sua alimentação. Existe uma espéice por cada continente.

Que dia tão produtivo...

Parece que hoje tudo conspirou para me desviar dessa sagrada tarefa, que é o trabalho. O que não quer dizer que não tenha feito muitas coisas:
  1. construção de vários modelos de aviões de papel. Os meus voaram muito melhor, quase que arrancaram um olho à minha colega e quando o atiramos pela janela do instituto empalou um pardal que estava pousado no telhado.
  2. empurramos outra colega numa cadeira de rodas pelos longos corredores no preciso momento em que a chefe saiu do gabinete para ver que algazarra era aquela.
  3. luta contra máquinas de café automáticas psicóticas que ora não dão a colherzinha, ora se esquecem de colocar o copo, com as inevitáveis consequências de café espalhado por todo o lado.
  4. Mais uma tarte surpresa ao almoço. Limão? natas? requeijão? ainda agora não sei de que era feito aquilo...
  5. Viciei-me mais um pouco nas páginas de comics online.
  6. Li uns artigos (claro que não tinham nada a ver com a tese) sobre a Teoria Metabólica e fiquei com a ideia de que alguém ainda é mais doido que eu.
  7. Lá para o fim da tarde lá tive algo para fazer e aproveitei para despachar mais algum trabalho do mestrado.
  8. E agora, enquanto devia estar a fazer algo mais produtivo, estou aqui a declarar oficialmente que hoje não fiz nada de jeito... de trabalho, claro.

quarta-feira, março 28, 2007

A Páscoa está à porta...

Cyanide and Happiness, a daily webcomic
Cyanide & Happiness @ Explosm.net

Questão filosófica do dia

Quantos litros de muco, ranho ou verdete pode um nariz humano produzir em 3 dias sem que o seu dono caia para o lado desidratado?

Oviraptorosaura

Obviamente, muitas páginas do guia de campo alternativo seriam ocupadas com dinossaurios (seja lá o que isso for). Um grande grupo, que engloba espécies tão diferentes como as Aves e Velociraptors, é conhecido por Maniraptora. Uma linhagem algo bizarra que surgiu no início do Cretácio na Ásia foi a dos Oviraptorosaurios, que na nossa realidade produziu exemplares fósseis bem preservados, como Oviraptor e Caudipteryx. Até ao final do Cretácio este grupo estava representado por animais de pequeno-médio porte, omnívoros generalistas. Nesta outra Terra alternativa, na ausência da extinção em massa, os Oviraptorosaurios (Oviraptors para os amigos) evoluíram para uma variedade de novas formas.

Neofringiliformes
Descendentes de espécies similares a Aves como Caudipteryx, os Neofringiliformes aperfeiçoaram essas semelhanças, só sendo traídos pela presença de 3 dedos bem desenvolvidos nos membros anteriores, dos quais o dedo I é oponível, permitindo-lhes manipular nozes, sementes e frutos, que compõem a base da sua dieta. As mandíbulas são desprovidas de dentes e possuem uma dupla articulação, à semelhança dos Psitacídeos, o que lhes permite aumentar o seu ângulo de abertura e partir a casca dura de muitas sementes. As últimas vértebras caudais estão fundidas, formando um pigóstilo. Todas as espécies são de pequenas dimensões (200 g a 2,5 kg), deslocando-se no solo das florestas, tendo um papel importante na disseminação das sementes de muitas espécies de plantas. Actualmente, a maioria das espécies ocorre no Sudeste asiático e África, com exemplares nas florestas temperadas da Eurásia. Há alguns milhões de anos, expandiram para o continente americado, atravessando a ponte de Béring e, nas florestas tropicais sul-americanas sofreram uma considerável diversificação.

Talpiaviales
Sobreviventes de uma radiação antiga de Oviraptors, que há 55 milhões de anos atravessaram o istmo do Panamá vindos do Norte, os antepassados dos Talpiaviales adaptaram-se a uma vida subterrânea, sofrendo uma evolução convergente com as toupeiras. Existem cerca de 8 espécies, de pequenas dimensões (200 a 600 g) e semelhantes entre si. Os olhos e ouvidos encontram-se atrofiados, a plumagem é curta e densa, os membros anteriores estão adaptados à escavação, com 3 unhas espalmadas muito desenvolvidas e não possuem cauda. Os talpiaviales escavam extensas galerias subterrâneas, alimentam-se essencialmente de raízes e tubérculos e vivem em pequenos grupos familiares.

Megalonychia
Descendentes da mesma radiação que originou os Talpiaviales, este grupo evoluiu na América do Sul para um nicho semelhante ao ocupado pelas preguiças terrestres na nossa Terra. Todas as espécies são herbívoras, de médias a grandes dimensões (até 2.000 kg). Os membros anteriores são bem desenvolvidos, com 3 garras curvas e a língua, extremamente desenvolvida, o que lhes permite alcançar vegetação arbórea.


Casuaroraptora
As pampas sul-americanas são percorridas por 2 espécies semelhantes, descendentes da mesma radiação de Oviraptors sul-americanas. Assemelhando-se às grandes Aves corredoras da Australásia, os membros anteriores são atrofiados, os posteriores muito desenvolvidos e adaptados à corrida, não possuem cauda e a cabeça é adornada por uma crista córnea. São animais omnívoros de médias dimensões, que se deslocam em grupos de até 12 indivíduos.


Dunculoraptora
As florestas do Norte da Eurásia e América do Norte são percorridas por estes predadores solitários de médio porte (30 a 200 kg), mais semelahntes aos Oviraptors típicos do final do Cretácio. A mandíbula superior é curva e possuem em ambas as madíbulas projecções semelhantes a dentes. Os membros anteriores são desenvolvidos, com garras fortes para capturar as presas e os posteriores estão adaptados à corrida. A cauda longa, desprovida de pigóstilo, permite-lhes manobrar eficazmente entre as árvores quando perseguem as presas.


Xenoraptora
Animais nocturnos bizarros, ocupam um nicho semelhante aos texugos ou ursos da nossa Terra. Ao contrário dos restantes Oviraptors adoptaram uma postura quadrúpede, com membros anteriores desenvolvidos e dotados de garras desenvolvidas, que usam para desenterrar tubérculos, invertebrados, não desdenhando outros pequenos animais ou carcaças que encontrem. A cauda é extremamente curta, possuindo um pigóstilo terminal. As mandíbulas são desprovidas de dentes. São animais solitários e de médio porte, atingindo 15 a 120 kg.
Digam lá se não são fixes! Agora comecem os baptismos!

Guia de campo alternativo

No seguimento de uma história sobre a teoria do caos e o efeito borboleta fui desenterrar do fundo de uma gaveta uns gatafunhos que tinha feito há uns tempos. A permissa não é nova e, de facto, fui beber inspiração daqui. Eu juro que não andei a fumar nada de esquisito nem ando a experimentar cogumelos mágicos, mas ocorreu-me que a minha presença aqui, hoje, a escrever estes disparates metafísicos deve-se puramente ao acaso (teoria do caos) e que, no passado, um determinado acontecimento pode ter levado a uma sequência de eventos perfeitamente díspares (efeito borboleta).
Portanto, o evento no passado a que me refiro é uma extinção em massa que terá ocorrido há 65 milhões de anos, causa desconhecida (também não interessa para o caso). A pergunta é "Que rumo teria tomado a evolução se essa extinção não tivesse ocorrido?"
Pois bem, imbuído de um espírito criacionista com laivos de heresia, esta é a minha resposta. Se fosse eu a mandar, os guias de campo teriam bichos muito mais fixes! Ora atentem nos próximos posts.
P.S. Quem quer inventar nomes para estas espécies?

segunda-feira, março 26, 2007

Futebol, alicates e lenços de papel

Perguntarão vocês, e com razão enquanto pensam que finalmente perdi o restinho de juízo, o que é que estas coisas têm a ver? Tudo!!! Retorquirei eu enquanto deixo fluir das minhas fossas nasais mais uns litros de muco amarelo-esverdeado. Pronto, a parte dos lenços de papel, com diferentes matizes de cor, desde o branco espumoso até ao verde-musgo e que vou deixando por onde passo, já perceberam. Quanto ao resto, trata-se de uma sequência de eventos, quase todos felizes, mas que me deixaram neste mísero estado.

Ora tudo começa no Sábado quando fui ver o Portugal-Bélgica a Alvalade. Umas horas antes do jogo, já sentindo uma ligeira comichão na garganta, vai de tomar um Nimed e um anti-histamínico, não vá o diabo tecê-las (obviamente, o diabo teceu um enxoval inteiro, como vão ver mais à frente). Eu até juro que ia bem agasalhado, mas não deve haver faringe que resista a mais de 90 minutos de gritaria e saltos no meio de 47 000 pessoas e sabe-se lá quantas variedades de vírus da constipação. Se calhar foi castigo por ter chamado tantos nomes ao gaurda-redes belga...

Se calhar também não foi muito boa ideia, depois do jogo, ir beber jolas para uma esplanada... e começar a sentir que anti-histamínicos + alcool = wee!!

Mas o que deve ter sido mesmo genial, mas assim mesmo uma excelente ideia, foi no dia seguinte, acordar às 6h00 para ir para a serra de Sintra, mais exactamente para a Peninha, dar ao alicate.

Relembro que nessa noite a hora mudou e que efectivamente devo ter dormido umas 4 horas. O resto da manhã foi assim a modos que passada num limbo, entre a moca dos medicamentos e os efeitos da constipação, o que foi uma pena pois até se observou, fotografou e anilhou espécimes engraçados. Diz até que recolhi amostras para o mestrado e que foi a sessão inaugural daquela estação de anilhagem, cheia de ilustres convidados!

Lá para o fim da manhã, surgiu a cereja em cima do bolo, ou mais exactamente a chuva e nevoeiro em cima da serra, o que só ajuda a curar as maleitas.

Almoço em Tercena, na Franguia. Neste momento, sinto um castigo atroz, pois a comida sabe-me toda ao mesmo graças às minhas células olfactivas destruídas pelos vírus. É com gordas lágrimas a escorrer-me pela cara que como nacos de polvo à lagareiro, só me apercebendo do sabor pela cara de satisfação dos restantes convivas.

O resto do Domingo resumiu-se a: dormir, acordar para jantar e dormir. Se não fosse a máquina fotográfica a lembrar-me tinha achado que tinha passado o dia em coma:


Emberiza cirlus

Sylvia melanocephala




sexta-feira, março 23, 2007

Eu me confesso

Soem as trombetas, sustenham a respiração e passem a boa nova: o meu carro foi finalmente à inspecção, passou com distinção e até comprei o selo do imposto de circulação (do ano passado, obviamente)! Por fim posso abandonar a clandestinidade!

Os longos meses de ilegalidade terminam por fim. Vou finalmente poder dormir sossegado sem histórias de terror de brigadas de trânsito, operações stop e violência policial a assombrar-me o sono.

Agora compreendo o que o Dr. Kimble, fugitivo à lei e injustamente acusado, sentiu durante meses... também eu andei fugido à lei e quantos calafrios e paragens cardio-respiratórias tive sempre que me cruzava com um agente da ordem. Pois, claro...

Na verdade, cheguei à conclusão que o crime compensa. Quando fui comprar o selo já esperava uma gorda e rechonchuda multa para pagar e já tinha preparadas umas quantas histórias mirambolantes para justificar a minha falta. Quando a senhora das finanças me disse que só tinha 15 euros para pagar, quando eu já pensava vender um dos rins, ia tendo uma apoplexia. Claro que tratei de pagar logo e girar dali para fora antes que me descaisse.

Na verdade estou a pensar seriamente em deixar de comprar selo... para quê?

Outra coisa engraçada foi que durante os 2 dias em que fiquei sem o meu carro adorado, descobri que tinha um irmão incógnito. Chama-se Seat Cordoba, bebe gasolina e é o menino dos olhos do meu pai. Como para vir trabalhar precisava de viatura, pedi a do meu progenitor emprestada, não sem antes ouvir um rol interminável de cuidados e recomendações a ter com a sua utilização. Obviamente, deixei de ouvir a partir da segunda frase mas ainda notei os olhos do homem marejados de lágrimas quando me deu a chave e os documentos.

E se no primeiro dia ainda tive algum cuidado, hoje era ver-me queimar borracha e fazer piões na A5, qual ás do volante. Se bem que este meu mano tenha algumas vantagens, nomeadamente a via verde ser debitada noutra conta que não a minha, nada substitui o meu polo-quase-todo-terreno, que desde subir pirinéus a atravessar rios, já me levou a quase todo o lado. Que é a gasóleo. E que até tem umas cicatrizes de guerra.

Hãm? uma história de crimes hediondos, barba por fazer. Só me falta uma tatuagem para ser um verdadeiro bad boy. Os tenrinhos do prision break perto de mim são uns meninos...

quinta-feira, março 22, 2007

Ufa...

Ontem ao almoço, para grande alívio da minha pessoa, descobri que não sou o único a ter dormitado em horário de expediente... Mais, as modalidades e versões de sesta são incontáveis!

terça-feira, março 20, 2007

Espécies hospitalares

Hoje o Guia de Campo, nas suas habituais deambulações por uma determinada instituição, descreve algumas espécies muito particulares:

As p***s das velhas que apanho sempre à minha frente no bar do instituto, que demoram uma eternidade a fazer um pedido a prestações, tipo: "Quero um café","mas é cheio","com adoçante","está muito quente, mude de chávena","e também quero um queque","este não, o outro"... e por aí fora. Ainda por cima as gajas andam sempre em matilha, portanto é esta cena a multiplicar por 3 ou 4. Conseguem despertar os mais profundos instintos assassinos na alma mais pacífica, como a minha.

O médico-actor-de-novela, que deixou as minhas colegas a babarem a gelatina do almoço. Quando perguntei quem era o cromo fui trespassado por olhares do mais puro ódio, que me gelaram o coração. Parece que a especialidade do senhor é obstetrícia e não ginecologia, como algumas desejavam...

A médica-bruxa que parou a fila da cantina porque o arroz "sabia a bispo".

O segurança-x-men, aquele que tem os óculos e deita raios dos olhos. Esse mesmo.

As simpáticas senhoras da cantina, que para além de nos atropelarem com os carrinhos passam o tempo a guinchar "Com licença!", "Deixem passar!". Para além disso, é sempre bem sermos atendidos com umas carrancas de quem bebeu leite azedo ao pequeno-almoço.

Enquanto degustava uma fatia de tarte-mutante-radioactiva à sobremesa, fui assinalando no guia estas espécies.

domingo, março 18, 2007

Domingo KO

É com grande esforço que arrasto os meus dedos pelo teclado para escrever penosamente estas linhas e a grande custo consigo manter os olhos abertos e combater a grave desidratação que se apodera do meu corpo, quase sem vida...
Como já devem ter percebido, mesmo não me tendo inscrito, lá tive que ir para a mini-maratona. Hoje de manhã quando acordei às 8h30 (isso mesmo), hora perfeitamente criminosa para despertar de um Domingo, excepção seja feita às actividades de bird-watching e afins, achei que ainda estava a ter um qualquer pesadelo. Já equipado e alimentado, lá fui a conduzir com os olhos enramelados até Entrecampos para me encontrar com o resto do pessoal, que obviamente chegou atrasado, deixando-me a ponderar seriamente uma fuga estratégica.
Mas não, eu, parte da irmandade da esteva, pessoal da quêpêe e mais alguns (milhares), lá rumámos de comboio ao Pragal embora me pareça que tenhamos feito um ligeiro desvio pelo metro de Tóquio, tal era o aperto de gente dentro da carruagem.
Obviamente chegámos atrasados, mercê dos maravilhosos acessos à ponte 25 de Abril e quando eu estava prestes a ponderar o suicídio, foi quando tive uma epifania, que se prolongou durante os 7 Kms que durava a coisa.
Como não me inscrevi não dispendi os 11 euricos da inscrição, que verdade seja dita são mais bem empregues em qualquer petiscada ou incursão gastronómica. Mas comecei a arrebanhar quase os mesmos brindes que o resto dos milhares de pessoas. Ele eram bonés, carapuços, garrafas de água, barritas energéticas, gelados. Confesso que alguns me foram dados pelos companheiros de caminhada (pensavam que ia correr, era?) e outros pertenciam a uma velhinha amorosa que, do alto do tabuleiro da ponte, viram uma perspectiva diferente do rio Tejo. Mas a grande questão é: inscrever-me para quê quando se pode fazer matrafia e ganhar o mesmo que os outros? Pronto não ganhei a medalha ranhosa, mas pormenores.
E lá dou o braço a torcer, até foi engraçado, especialmente a montanha russa que é o tabuleiro da ponte, a abanar por todos os lados e sempre deu para ir rindo um bocado, em particular com algumas promessas à Nossa Senhora de Fátima e acabar com uma grave crise de identidade.
Não satisfeitos com os míseros 7 Kms, continuámos a correr desvairados, como se possuídos por espíritos malignos, quase a vomitar verdete tal era a fome, até Algés onde estavam algumas das viaturas. Segunda fase da maratona, agora à procura de restaurante para repor as forças, e sempre a levar com a porta na cara.
Quando estava prestes a entrar em coma hipoglicémico vi-me transportado para um paraíso chamado Franguia em Tercena, onde todos podemos repor as calorias perdidas durante a caminhada. Nunca uma imperial me soube tão bem... Como devemos ter perdido vários milhões de calorias foi imprtante alambazarmo-nos alarvemente com pratadas de moelas, bacalhau, batatas (fritas, a murro e assadas), migas, arroz de feijão, várias carnes e outras iguarias. Tudo excelente e a merecer novas visitas.
Pequena paragem para beber café em casa de outros desportistas e regresso a Lisboa para voltar a sair, após banho e muda de roupa para um lanche de inauguração da casa de uma migo numa rua com um nome impronunciável. Mais comida, agora doçaria, sob a forma de tarte de maçã e pudim de pão com crostas de caramelo por cima. A conversa correu fluida ao longo do fim de tarde até que tive de cometer um sacrilégio, que foi desmarcar um outro jantar. Mas estava tão cansado...
Os efeitos da mini-maratona devem-se sentir amanhã sob a forma de uma mega-dor de pernas. Pior, fiquei com as partes pudendas das virilhas meio assadas do extenuante exercício físico (que visão infernal, hã?). Quem me manda meter nestas coisas?

A night at the theatre

Nesta noite gloriosa em que o Sporting ganhou aos tripeiros lá na caverna do dragão, pensastes vós que estava a ver o jogo com uma imperial na mão? Ledo engano, meus leitores, nesta noite fui ao teatro e só fui seguindo o evento desportivo aos soluços, primeiro em casa da Pintinhas, depois no carro da Maria Amélia e finalmente, já na sala de espectáculos, pelo senhor à minha frente, que tinha o auricular sintonizado no relato (felizmente desligou-o quando começou a peça). Só no intervalo é que tive a confirmação via SMS que o Sporting tinha ganho por 0-1. Também poderia dizer que o Porto perdeu por 1-0, mas provavelmente iria ferir susceptibilidades a alguns leitores mais sensíveis. Por isso fico em silêncio.
Até porque este post, como o nome indica, é sobre teatro e não sobre como foi ganho um certo jogo. Adiante.
Pois estava eu escrevendo que fui ao teatro. Que a peça escolhida foi "Dois Amores". Que enchemos uma fila inteira. E que até me portei bem; ninguém ficou surdo (convém referir que a peça é uma comédia) e só as pessoas das 2 filas da frente é que se viraram algumas vezes para trás com esgares de puro terror e me lançaram olhares de ódio enquanto se agarravam aos sofridos ouvidos. Porque consta que tenho um problema com o volume das minhas gargalhadas. O que é uma grande mentira.
A peça é hilariante. Lamentavalmente, a sequência de disparates é tão extensa que não recordo de nenhum em particular para transcrever aqui. O momento alto, pelo menos para mim, foi a cena da "dança de mergulho", que nem durou 4 nano-segundos. O que tornou um pouco bizarro eu ficar a rir-me sozinho na sala durante um bom bocado. Quem conhecia a história também se riu, claro.
Como sempre, os disparates extra-teatro foram bem mais engraçados e acho sinceramente que os argumentistas faziam bem em contratar-nos para escrever comédias. As tiradas da noite incluíram:
  1. Pintinhas: "Vou meter o dedo no buraquinho e alargá-lo!!!"
  2. A condução desenfreada da Maria Amélia pelas ruas de Lisboa. Compreendemos que tem um carro tunning, mas não justifica passar 2 vermelhos, galgar passeios com pinos, tentar entrar em ruas de sentido contrário e outras proezas que quase fizeram necessária uma equipe do INEM para nos fazer reanimação cárdio-respiratória.
Devo-me ter esquecido de dezenas. Quem quer contribuir para o Monstro, como foi hoje apelidado o me Guia de Campo. Acho lamentável...

sexta-feira, março 16, 2007

Cuidado com o que desejas...

Já diz o ditado "patrão fora, dia santo na loja" e como o pessoal é respeitador da sabedoria popular (apesar de ter muito pouco de sabedoria mas enfim) e gosta de manter velhas tradições, hoje foi dia de santo almoço, obviamente sem a chefia.
Entre bifes à correio, filetes, carne de pouco à alentejana, imperiais e cafés, chegámos à brilhante conclusão que faríamos muito melhor se fechassemos o estaminé e rumássemos para a praia ou qualquer esplanada da linha, para passar a tarde a dormir a sesta ou simplesmente fazer nada. Claro que a responsabilidade falou mais alto mas eu e as minhas duas colegas ainda dissemos a 3 vozes "F***-se! Não me apetece nada trabalhar...". E como nos arrependemos... o nosso desejo cumpriu-se da pior maneira pois passamos uma tarde interminável quase sem nada para fazer.
Entre 3 clientes que apareceram (todos os outros devem ter resolvido ir para a praia) e alguns telefonemas, tivemos que ocupar a tarde com as actividades mais díspares:
  1. Beber café;
  2. Falar mal do chefe;
  3. Fazer corridas com as cadeiras;
  4. Quase destruir uma estante;
  5. Guerra de material de escritório;
  6. Quase entornar água para cima do pc do chefe (assim é que tinha de ir mesmo para reparar).
Obviamente, também se trabalhou. Mas a neura foi tão grande que quase preferíamos a casa cheia. Quase...

quarta-feira, março 14, 2007

Crítica televisiva

Confesso que ontem vi uns minutos do novo programa da TVI... esse mesmo! "A bela e o mestre"!! Reparei que nos últimos dias a blogosfera fervilhava de comentários sobre esta nova pérola televisiva e acabei por não resistir.
O que pensar? Mau, muito mau. A cada minuto de visionamento que passava, achava que não podia piorar, mas enganava-me. Aquela atracção pelo abismo acabou por ser mais forte e foi completamente mesmerizado que vi e ri-me, sem acreditar no que via e ouvia ("Quais são as regiões autónomas de Portugal", "Duh... Humm... Lisboa e Porto"). As gargalhadas foram de estalo.
É melhor não aprofundar muito a análise crítica do programa nem pensar que pode ser um reflexo de alguns segmentos do país, em que gajas boazonas, com mamocas a quererem saltar para fora dos decotes mas com buracos negros dentro da cabeça (qual tico, qual teco) e cromos (Geek alert!) que me fazem duvidar seriamente dos seus QIs (se fossem tão altos o que é que estão ali a fazer??), tentam avida e sofregamente ganhar um cheque chorudo sem fazer a ponta de um caralho. Posso estar a ser injusto e cínico e não ver as inocentes intenções dos concorrentes e que vou ser grelhado no inferno mas vou-me rir à gargalhada daquele concentrado de disparates e gozar com aquele festival de aberrações!

terça-feira, março 13, 2007

Prato do dia: lei de Murphy

Entrada: OVH de rotina a lagomorfa em que os grandes vasos, potencialmente indutores de hemorragias stressantes, foram laqueados sem grandes histórias enquanto que aqueles micro-vasos presentes na banha e que geralmente não fazem grande barulho fizeram hemorragias em toalha, lençol e o resto do enxoval. Lá se conseguiu resolver tudo direitinho e a linha do biquini ficou com uma linda sutura intra-dérmica...

Primeiro prato: de todos as dezenas de restaurantes no shopping fui escolher logo aquele que tinha uma única caixa a funcionar e com uma empregada meio mona. Obviamente, os restaurantes ao lado tinham quase ninguém mas era fatal como o destino que se eu mudasse de fila apareciam logo, vindos não sei de onde, duas dúzias de pessoas à minha frente. Por isso deixei-me estar, até porque sou um pouco teimoso. Claro que apanhei á minha frente a convenção internacional dos clientes complicados, que se lembravam de pedir uma sande com tomate mas sem alface e se podia ser em pão de oregãos ou pão do raio que os parta.

Segundo prato: fila na caixa daquela loja que começa por "F" e acaba em "C" e tem um "N" e um "A" lá no meio, para comprar um livro. obviamente, o deja vu para pedir o almoço, com a fila onde eu estava a andar a passo de caracoleta e a outra ao lado a despachar os clientes à velocidade do som. Chega a minha vez "Ah e tal, a factura sff". "Ah como é a primeira vez que pede factura tem de ir ao balcão lá fora e o camandro". Nova fila, mas bem mais rápida. É com um suspiro de alívio que abandono o shopping.

Vinha eu no carro com o seguinte pensamento maléfico: "MAS QUEM FOI O FILHO DA P*** DESTE MURPHY, CARA***??!!"

domingo, março 11, 2007

Temos cromo novo!

E aqui fica a prova para os cépticos (a gerência do blog agradece a foto tirada pelo sócio com a máquina xpto da Boneça)!!!

Ferreirinha-alpina (Prunella colaris)
Após 4 dias na Serra da Estrela à procura destas p***s, foi preciso ir quase à porta de casa, mais exactamente à Peninha em Sintra para as ver a saltitar no chão a uns 3-4 m de nós. E como uma coisa boa nunca vem só, o dia ainda deu direito a quase anilharmos (ainda montámos as redes), almoçarmos no Gordini na marina de Cascais e acabarmos este belo dia de sol nas falésias junto à praia da Adraga.
E para calar aqueles que dizem que só vemos passarinhos (e que comentam: "pelamordedeuzzz!" ), devo informar que ainda vimos cobras-de-pernas (Chalcides chalcides), Lagartixas (Podarcis carbonelli) e Salamandras (Salamandra salamandra).
E visto a princesa Maria Amélia ter-se armado em fino e ido para a neve fazer ski, informo que a irmandade da esteva fez 2 novas contratações. Temos pena...

Tcharam!!

Sanidade mental = zero

sábado, março 10, 2007

Hey Ya Cover

Já tinha visto este vídeo num outro blog e se o original até nem é mau, esta versão é tipo even better than the real thing.

The Arcade Fire - Wake Up

O albúm novo está aí e ainda não o comprei...

Snow Patrol - Run

Já tinham saudades de uma musiquinha...

Traumas de infância I

Pois é, eu, Fuzhong aqui confesso alguns acontecimentos profundamente traumáticos e perturbadores que ocorreram durante a minha juventude. Certamente irão compreender que sou um resultado do meu meio ambiente e que a partir de hoje irão perdoar alguns comportamentos meus. Igualmente, era bom começarem a fazer-me algumas compensações para amenizar todo este sofrimento (será que esta conversa resulta para engatar algumas moças?)...
Uma das primeiras recordações que tenho é de ir ao jardim zoológico, o que nem deve ser surpresa para quem me conheça razoavelmente bem. Foi um dia recheado de momentos bucólicos, como quando o meu pai me levantou no ar para dar de comer uma folha qualquer à girafa (naquela altura devia-se poder alimentar os bichos... ainda bem que não me lembrei de dar comida aos leões), quando vi aquele boneco a imitar um orangotango (era um boneco, lembram-se) num recinto que mais parecia uma casa de banho (porque também cheirava como tal...), etc. e tal.
Lá para o fim da tarde os meus pais comprara-me um gelado e quem me conhece razoavelmente bem deve imaginar que este prazer em comer não é de agora... Pois foi com uma grande antecipação de gula que comecei a tirar o papel ao corneto de morango. Já a salivar, qual canídeo de Pavlov, ia a dar a primeira lambidela quando apareceu, vindo dos infernos, um cabrão de um macaco (lamento não me lembrar da espécie) e com toda a habilidade larápia me tirar a bola de gelado, enquanto fiquei a olhar para o fundo do cone de bolacha. Como na altura ainda não sabia praguejar, desatei num berreiro, enquanto aquele filho de uma grande puta lambia os dedos e os beiços com o MEU gelado!
Também não ajudou muito TODA a gente no raio de 200 m, incluindo os meus progenitores, desatarem a rir. Ainda hoje suspeito que ouvi as hienas a rir também. Mas foi aí que cometi um erro fatal... desatei numa birra medonha e de nada adiantou os meus paizinhos quererem comprar outro, porque eu queria AQUELE corneto. Resultado: acabei por sair do zoo a chuchar no dedo e a desejar que o macaco apanhasse uma tremenda caganeira ou então que viesse a ser diabético uns anos mais tarde.
E esta é uma das muitas histórias...

sexta-feira, março 09, 2007

A minha família e outros animais

Infelizmente, não sou eu o autor deste título genial e antes que fosse acusado de plágio, prontifico-me a esclarecer o caso, até para evitar ser deserdado, projectado pela janela de casa ou vítima de tragédia semelhante levada a cabo por algum familiar. Este é o título de um livro, que nos anos 80 foi série de televisão, escrito por Gerald Durrel que descreve os anos de juventude passados em Corfu com a família e um rol de outros personagens, incluindo pombos, cobras-d'água e escorpiões.
Mais tarde, o senhor tornou-se um naturalista de algum renome, esteve na génese do zoo de Jersey e foi responsável pelo desenvolvimento de vários programas de reprodução em cativeiro e re-introdução de espécies animais em vias de extinção. Se calhar não ganhou mais renome porque não apareceu a fazer festinhas a gorilas ou tigres; lembro-me sempre de o associar a seres como o periquito-das-maurícias (Psittacula echo) ou o pombo-rosa (Nesoenas mayeri), que obviamente ninguém sabe o que são, até porque estiveram quase a poder ser apenas vistos empalhados em museus ou em gravuras antigas. Felizmente, e graças ao esforço conjunto de várias pessoas, ainda é possível ver ao vivo e a cores estes e outros bicharocos.
Provavelmente terá sido um inspirador e principalmente quando era mais novo, não deixo poder de estabelecer alguns paralelos. Infelizmente, não vivia no campo, mas sim em Lisboa. Mas mesmo assim consegui ao longo dos anos infestar a casa com rãs, salamandras, lagartixas, lagartas, minhocas, peixes, hamster e miriíades de outras pequenas criaturas. Tenho a agradecer a elas as horas infindáveis de observação e o prazer que ainda hoje me proporciona ir para o campo e aperceber-me como o mundo é diversificado e, por enquanto, ainda um bom local para viver.
Obviamente, não vivia só entre sapos e escaravelhos; Também andavam por casa o meu pai, a minha mãe e uma irmã. É verdade que por vezes tiveram que esticar a paciência para com o filho adorado (a prova de fogo deve ter sido a iguana), mas na maior parte dos casos nem sonham com o que já passou por casa nem com a quantidade de fugas dos aquários e terrários (a pior terá sido a fuga em massa de algumas dezenas de salamandras, algumas das quais nunca foram encontradas...). No fim, lá acabaram por se resignar e achar que o filho não tinha mesmo remédio. A minha irmã foi sempre mais tolerante, excepto daquela vez em que me acordou ás 4 da manhã aos gritos porque tinha uma salamandra a trapar-lhe pela cama acima. Que histérica...
Hoje, partilho a casa com uma Mãe hipertensa (o que às vezes se reflecte na falta de paciência com algumas coisas) e trabalhadora, um Pai diabético e reformado sempre à volta com eternas reparações e bricolages caseiras, uma Irmã artista plástica com aspirações a alternativa e a melhor parceira para discussões (com tudo incluído, gritos, peixeirada, portas a bater, coisas a voar... como só os irmãos sabem fazer), um gato obeso (nem vou dizer quantos quilos) e com instintos homicidas, uma iguana e alguns terrários com seres tão invulgares como sapos-de-barriga-de-fogo, gekos-leopardo ou tritões verrucosos. Home, sweet Home...

and the winner is...

Hoje à tarde no trabalho, num daqueles breves intervalos que potenciam o debitar de disparates, estávamos a falar na quantidade de gente profundamente descompensada e infinitamente asquerosa que nos entra porta adentro e que nos deixa com dúvidas profundas se pertenceremos todos à mesma espécie (não, para variar, este post não é sobre o chefe). Houve logo uns quantos nomes que nos surgiram logo assim de repente, de tão perturbados que o contacto com estes seres nos deixam. A escolha do pior é difícil mas estes são os principais candidatos (os nomes são obviamente fictícios mas têm, não tão obviamente, a ver com as pessoas em questão):
A Dona Anita, ou Bina para as amigas. Felizmente, só a vi pessoalmente uma vez e que visão, tal era o modo como ocupava todo o meu campo visual. Esta senhora lembra-me o filme "Seven" e o pecado da gula, versão feminina. Não é o facto de ser morbidamente obesa, é o cabelo oleoso escorrido, o sarro que lhe espreita entre as pregas de pele, os pneus de camião que ameaçam explodir a qualquer momento, deixando as paredes a escorrer lentamente litros de tecido adiposo. Se pensarmos um pouco mais noutras zonas corporais maior é o asco. Não pensem que falar ao telefone com esta senhora é menos aterrador; afogada em valiuns e anti-depressivos, as palavras arrastam-se sem qualquer nexo e o fio do raciocínio é inexistente, tal deve ser a pedrada com que se encontra. Compreendo que seja difícil levantar-se de manhã (será que consegue?) e olhar-se ao espelho e que esta vivência deve ser um ciclo vicioso de prozacs e colestrol. Também desconheço que problemas terão levado a isto mas é uma personagem perturbadora, no mínimo. Medo, muito medo.
A Dona do Esquito. A história do esquito já é sobejamente conhecida por alguns amigos meus e sempre motivo de gargalhadas, de tão irreal que é. Mas se conhecessem esta senhora perdiam rapidamente a vontade de rir. Obviamente que Deus (para os crentes) ou a genética pregaram uma grande partida a esta senhora mas não lhe contaram. É certo que há ali patologia do foro psíquico, ligeiro atraso, paralisia, quiçá encefalopatia, mas clinicamente provada. É certo que não devemos segregar os deficientes e os maluquinhos e etc. mas também não temos de ver os dentes desalinhados e amarelos intercalados com verdete desta senhora, quando ela nos conta histórias surreais, que tentamos abafar a todo o custo as gargalhadas. Também dispenso de a ver a puxar escarretas e lá vai molho no meio da rua. Não é bonito. Mas o mais assustador é que esta criatura, até há bem pouco tempo, estava grávida!! Mas quem poderá ser o pai???
O senhor Jojó. Não tem mal nenhum ser-se pequeno, careca e com ar de tolinho. Também não é nunhum problema viver em casa dos pais quando se tem, digamos 30 e muitos anos (por este andar da economia deve ser o que me vai acontecer). O problema é ter de aturar este senhor semanas a fio, com um rol interminável de problemas, demorar meia hora a explicar coisas simples como usar uma seringa para apanhar água mas pior de tudo, vê-lo a imitar um canário a piar e a por um ovo... é que tirem-me deste filme!
É verdade que é um post bem maléfico, mas tenho de purgar estes fantasmas senão sou eu que enlouqueço. E também, mal por mal, já devo ter reserva no inferno à minha espera. Pelo menos, pelo pecado da gula. A maledicência é algum pecado mortal? Mas digam sinceramente, com quem gostariam de viver para sempre numa ilha deserta?

quinta-feira, março 08, 2007

Crise de meia idade antecipada

É oficial! Fui finalmente apanhado na teia desta crise existencial que tem apanhado vários amigos, amigas e conhecidos. Eles é surf, patins em linha, frisbee, skate, mini maratonas, relações amorosas estranhas e a lista continua. Eu, que tinha mais ou menos conseguido ir fazendo fintas a algumas destas modas e achava que tinha curado os primeiros sintomas deste problema quando arranjei a guitarra eléctrica, finalmente dou o braço a torcer. Depois do dia de ontem, cheguei à conclusão que também eu sou um caso perdido. E porquê?
Tudo começou ontem bem cedo em Peniche onde fui dar uma palestra para umas jornadas organizadas por um núcleo de alunos do politécnico de Leiria. Tudo a correr bem, fui o primeiro a falar, sala cheia, ninguém adormeceu e no final, algumas perguntas de quem realmente esteve com atenção. Depois é que começou... desde entrevistas para uma rádio de Leiria, desde alunos a virem ter comigo a perguntar opinião sobre este ou aquele projecto e a noção clara que há alguns anos era eu que andava metido na organização destes eventos e com mil e um projectos na cabeça (felizmente, acho que ainda continuo). Portanto, saí de Peniche com uma ligeira nostalgia dos anos de faculdade. E também arrependido por não ter levado os binóculos... sempre dava para ver uns pitos.
Não satisfeito com isso, à noite vi-me de repente transportado para o Parque das Nações para andar de skate. Onde já lá vai o mínimo sentido de equilíbrio para andar em cima da prancha... para mais, não eram skates convencionais, mas mountain board ou qualquer coisa do género. Eramos então 5 gajos já com idade para ter juízo a descer naqueles montes relvados e mais tarde, no skate park da zona. O resultado: no meu caso, cada viagem, sua queda; fiquei à rasca de uma canela; a noção de que mais arriscado que andar skate é tirar fotografias a quem está andar- especialmente se partiu uma costela há 15 dias; a roupa molhada e suja de relva; ainda se tentou lançar um papagaio (à meia noite no Parque das Nações... será norma?). Mas no final, um grande gozo. Afinal, como alguém comentava ontem, nem foi um post assim tão corrosivo. Quando é a próxima para me partir todo?

terça-feira, março 06, 2007

A oeste nada de novo

Foi um título de um livro que tive de ler no 9º ano para a disciplina de história. Na altura estudava-se a 1ª grande guerra e este livro retratava esse período visto pelo "outro lado", ou seja, por um soldado alemão. Se calhar o livro até era interessante e perdi um raro momento literário. Na prática, acho que só li os 2 ou 3 primeiros capítulos, o que serviu à justa para responder a uma pergunta de um teste qualquer e tirar boa nota. Esta conversa toda para dizer que a expressão "a oeste nada de novo" ficou e serviu para hoje encher espaço no blog, porque realmente não se tem passado nada digno de nota.
A chuva miudinha trouxe paradoxalmente uma grande seca, apenas pontuada com o inesgotável trabalho; ele é mestrado, é apresentações... Pelo menos o patrão está lá nos longes e temos tido algum sossego. Ou não... porque cada dia, sua asneirada descoberta. E claro está, ficamos nós para remendar a bela manta de retalhos que é o trabalho dele.


Entretanto o Guia de Campo assinalou uma nova espécie para a minha rua, uma trepadeira (Certhia brachydactyla) igual a esta aqui em baixo. Qualquer dia tenho águias-reais a fazer ninho à minha janela...

sábado, março 03, 2007

Socorro!

Tenho um bando de pseudo-amigos-tiranos que me querem obrigar a andar 7 kms no próximo dia 18! Será que consigo escapar-lhes??

Que saudades...

... que tinham das minhas crónicas de parvoeira, confessem! Mal conseguiram dormir, trabalhar e realizar outras actividades mundanas a pensar "Quando? Mas quando é que surge um post novo?". Cada vez que abriam o blog o coração acelerava e a respiração ficava suspensa no suspense de vislumbrar no horizonte virtual uma linha nova que fosse. Pois bem, cá estou de volta às diarreias mentais habituais, esperando que agora mais regulares e resistentes a qualquer Ultralevur metafísico.
Na verdade, nada de novo a assinalar, a vida seguiu o seu rumo de acordo com desígnios cósmicos superiores e herméticos e o principal motivo pelo meu afastamento temporário foi até bastante banal: trabalho. Ok, pronto, também houve bastante programa social, mas agora é dificil de comprimir todos os filmes, jantares, almoços, copos e afins que se sucederam num par de linhas. Mas começo a chegar à conclusão que o ditado "patrão fora, dia santo na loja" não se aplica no meu caso; o mais correcto seria dizer "patrão fora, trabalhas a triplicar que te fodes". Mas há que procurar um equilíbrio e compensar devidamente o excesso de labuta. O que provavelmente quer dizer que vou ter de duplicar ou triplicar os programas sociais...
Endim, não resisto a fazer mais uma lista dos estrondosos acontecimentos que abalaram a minha vida nos últimos dias:
  1. Finalmente conheci a Camafeu e nessa mesma noite a princesa Maria Amélia ia espetando o seu carro-novo-semi-tuning num carro da polícia e a Pintinhas ia passando um vermelho mesmo em frente a uma carrinha cheia de bófias. E nem tinham bebido nada... Se não fosse eu a avisá-los, provavelmente estava a visitá-los na prisão. A fã do "Prison Break" ainda poderia pensar "olha que...", mas presidiários de olho verde é só mesmo no Fox Life, Pintinhas!
  2. A invasão das t-shirts comemorativas (outra das geniais estratégias de gestão. Uma história looooonga e surreal que fica para outro dia) numa sala que supostamente deveria estar estéril.
  3. Houve um dia esta semana que achei que a minha actividade profissional podia ser definida pelas palavras "dentista" e "Roger Rabbit";
  4. Os exóticos continuam à frente dos pequenos há vários dias seguidos! Ah pois é... ;
  5. "Entre Inimigos" foi o filme desta semana. Se bem que tenho algumas reservas quanto a ser o melhor filme de acordo com os senhores Óscares, foi um bom filme em que aprendi chorrilhos de potenciais insultos novos.
  6. Ontem, introdução à cozinha japonesa com os colegas da Quêpê da Pintinhas mais a Maria Amélia. É verdade, entre outras coisas, comi peixe crú (sushi, como dizem os japoneses) e gostei. A única dúvida é qual será a sintomatologia de Anisakis? A noite terminou no Chapitô, após uma longa busca por um lugar de estacionamento (sim, porque alguém andou a por sentidos proibidos e cancelas por toda a parte) e após 6 horas de sono, lá fui eu trabalhar.