sexta-feira, outubro 26, 2007

Viagem relâmpago

Como sou um gajo porreiro (leia-se, não sei dizer que não) estive esta semana toda a preparar uma apresentação sobre a gripe dos pitos, a pedido de uma professora minha do mestrado. A semana toda é capaz de ser exagero... foi mais 90 % a pensar que tinha de fazê-la e 10 % a ler artigos e relatórios da OMS a um ritmo louco para depois passar algumas ideias-chave para o powerpoint.
Correu tudo bem blá blá blá mas o importante foi o tratamento VIP que tive (e leiam muito bem as próximas linhas quando me cravarem para ir falar sobre isto ou aquilo... é que agora a fasquia foi um pouco aumentada). Como os senhores da organização devem ter descoberto que não consigo estar parado um segundo, decidiram contribuir para mais uma viagem-relâmpago, neste caso, ir e vir a Vila Nova de Gaia no mesmo dia. Até aí nada de mais.
Realmente fiquei com a pulga atrás da orelha quando troquei mails nos dias anteriores com a minha "assistente logística das jornadas", que me veio felicitar pela minha "honrosa participação no encontro". Depois, recebi os bilhetes de comboio (primeira classe, claro!) por correio azul. Quando cheguei a Devesas tinha uma senhora à minha espera com uma placa com o meu nome. "senhor doutor isto", "senhor doutor fez boa viagem", carro com motorista à porta da estação. Almoço pago, garrafa de vinho do porto de 10 anos para a viagem e "muito obrigado pela excelente comunicação", palminhas e votos de boa viagem (necessariamente, de carro com motorista e comboio de primeira classe).
Tudo muito bonito e se este post ficasse por aqui de certeza que tinha já 5 comentários na próxima hora a chamar-me de caganeiroso.
Mas... como seria de esperar, os acontecimentos surreais continuam a perseguir-me, de maneira a alimentar estes relatos digitais.
Primeiro, cheguei a casa há coisa de 2 horas e ainda não percebi para quem estive a falar. Eles eram engenheiros de estradas, bombeiros, médicos e outras coisas mais. Depois, eu e os meus professores (eramos um trio que saiu e voltou a Lisboa no mesmo dia) reparámos na grande percentagem de pessoas esquizofrénicas na sala. Era o senhor amnésico, era o senhor ciborgue que ao ajustar o microfone no iníco da minha faladura ia deixando cair a mão artificial à minha frente.
Mas, sem dúvida nenhuma, a rainha do Prozac foi uma menina que brindou cada uma das nossas apresentações com participações indizíveis: primeira apresentação, do professor, interrompeu para dizer "eu estou muito feliz por aqui estar apesar de achar que sou uma cobaia"; segunda apresentação, da professora, desatou a chorar convulsivamente. Claro que o melhor ficou para o fim e, não conseguindo interromper o meu discurso porque levou logo com um "perguntas é no fim" rosnado por mim, começou a puxar longas e viscosas tiras de ranho e outras mucosidades das suas narinas enquanto recomeçava a chorar baixinho.
Que quererá isto dizer? Amanhã vou para Mértola para mais um workshop e nem quero pensar no que me espera...

2 comentários:

Anónimo disse...

Meu Amigo!

Acho que a cobaia foste tu e os lanzudos dos teus profs...

Ainda vão aparecer num programa qualquer do tipo "isto só video" ou pior ainda.

Abraço e bom "passeio" por Mértola.

kuyzat disse...

a gripe dos... pitos?! a pedido da tua professora... tá bem tá.