terça-feira, fevereiro 20, 2007

Serra da Estrela

Este ano decidi mascarar-me de pessoa-já-farta-do-trabalho-de-seca-e-de-patrões-cromos (ao contrário de alguns que resolveram mascarar-se de gripe e ir para carnavais tipicamente portugueses ao som do samba...) e rumar para o ponto mais alto de Portugal continental junto com o grupo habitual da irmandade da esteva mais umas contratações ao Douro (só é pena terem estado tão pouco tempo). Apesar do frio que fez (o termómetro chegou a marcar -4º C em alguns sítios), fomos recebidos com todo o calor e hospitalidade serrana e conseguimos fazer grandes fintas aos tristes locais de peregrinação habituais (torre, Sabugueiro e bancas de venda de queijos e cães) e embrenharmo-nos a sério no reino do granito e gelo.
Foi a oportunidade de rever locais de sonho, como o covão da Ametade e o vale glaciar do Zêzere e conhecer outros como o Poço do Inferno e o vale glaciar de Loriga. Apesar de ainda não ter sido desta que consigo ver a Prunella colaris, valeu a pena pela companhia, pelas grandes caminhadas serra fora, pelo requeijão de Seia com doce de abóbora e toda a gastronomia, pela banda sonora "Comemisto", pela paisagem grandiosa e por todas as pequenas coisas, desde a silhueta de um corvo contra a neve até à neve cristalizada nas folhas de urze. Novamente e como já é habitual nestas viagens, muito havia para dizer mas fico-me por um grande obrigado à Pintinhas por este fim de semana prolongado.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Novas estratégias de gestão

Às vezes pergunto-me o que ando a fazer neste mundo, especialmente num certo local de trabalho lá para os lados da linha. O país está assolado por uma crise económica e os tempos estão negros como os barris de petróleo... Mas eis que na escuridão, surge a luz! Esta semana tenho sido iluminado por uma mente superior e sábia que irá mudar os rumos daquela pequena empresa, quiçá ser prémio Nobel da economia!
À primeira análise estas estratégias podem parecer arrojadas e, sim, perfeitamente cretinas, mas quem sou eu, trabalhador prolífico, sócio-gerente de uma empresa de prestação de serviços e tal para discordar? Inclusivé, estou a pensar escrever um artigo para o Diário Económico a relatar esta visão apaixonante das coisas. Ora vejam:
#1 se a conta do telefone é grande, obviamente a culpa é dos empregados que, ingenuamente, ligam para os clientes no normal curso da actividade. O facto de 2/3 das chamadas serem feitas pelo boss e de índole pessoal é perfeitamente irrelevante. A solução: comprar uma central telefónica a ser paga em suaves 39974352 prestações e um telefone de uma rede diferente. Claro, para se poupar há que gastar!
#2 se as despesas são elevadas, obviamente corta-se nas encomendas de produtos e consumíveis. Claro, se não tivermos nada que vender e condições para trabalhar, também não se gasta. O facto de por acaso também não se produzir nada, também não interessa.
#3 Obviamente, há que evitar a todo o custo que os clientes apareçam para gastar dinheiro. Assim, passa-se a resolver os problemas pelo telefone e todo e qualquer funcionário que permita a entrada de clientes pela porta será severamente punido!
#4 como chefe e para manter um alto nível de motivação e produtividade há que comprar carros topos de gama, casas benzocas, encomendar charutos e vinhos caros e ir passar férias a sítios chiques como estâncias de ski e cruzeiros! Pela mesma lógica, reduz-se as horas de trabalho, aumentando o débito de disparates e alarvidades por hora.
Hãããã... Vejam lá se não gostavam de trabalhar num sítio assim... A grande indecisão é: rir disfarçadamente dos disparates que ouço diariamente ou revirar os olhos e não ligar? De qualquer modo, não posso deixar de pensar, um pouco filosoficamente, "o que raio estou eu aqui a fazer?"

O cartão de S. Valentim perfeito

Cyanide and Happiness, a daily webcomic
Cyanide & Happiness @ Explosm.net

O dia em que a terra tremeu... mais uma vez

Ontem diz que houve um tremor de terra na escala 6.1 ou 5.8 (depende da rádio) e só me apercebi da ocorrência cerca de 1 hora depois, quando as pessoas começaram a comentar. Na verdade, estava eu ao microscópio no instituto e parcialmente encostado a um armário quando a coisa abanou. "Ups! É melhor desencostar-me que ainda levo com o armário na cabeça", pensei eu. Sim, porque às vezes acontecem-me estes acidentes inexplicáveis em que, sem querer parto coisas e assim. Só mais tarde é que me apercebi que estava inocente (como sempre) e que a culpa era dos movimentos da crosta terrestre. Seguiu-se entre algumas colegas um surto de tonturas, o qual, logicamente, se atribuiu à queda de algum frasco com substâncias estranhas. Hoje não pude ir lá mas estou curioso em saber se ficaram verdes fluorescentes e sem dentes...
Giro, giro foi um tremor de terra há algum tempo, em que estava no Colombo em hora de ponta e aí, sim, algo mexeu comigo... e com o resto do edifício. Agora assim, não tem piada.

domingo, fevereiro 11, 2007

Inevitavelmente... o referendo

Infelizmente, a história relatada em seguida é verídica:

...Após ter sido deixada na clínica durante cerca de uma hora enquanto o senhor que a acompanhava foi resolver uns quaisquer assuntos no escritório, resolvemos começar a fazer chamadas para saber do seu paradeiro, com receio de ficarmos em mãos mais um caso de abandono. Faltava cerca de 30 minutos para encerrarmos as portas quando o senhor se dignou a aparecer e lá podemos começar a consulta.
-Então o que é que se passa com a pequenita?
- Bem, ela já não come há uma semana e acho que também não bebe muita água.
- Uma semana?!... sabe que períodos de anoréxia superiores a 24 h já levam a situações bastante graves.
- Pois, mas vocês estão fechados à hora de almoço...
- Mas só encerramos às 20h00, o que é um horário bastante alargado. Devia ter vindo há muito mais tempo.
- Pois, mas é impossível.
- Bom, então vamos lá a ver... notou alguma alteração de comportamento, ela tem estado activa, etc.
- Pois, não sei...
- E as fezes e urina, têm sido normais?
- Sim.
- Mas ela está completamente suja. Tem diarreia.
- Sim.
- Então em que é que ficamos?
- Pois, tem tido diarreia. Eu acho que ela tem qualquer problema dos dentes.
- Pode ser, mas ela está extremamente magra e desidratada. O que neste momento, é o seu principal problema.
- Ah... e será que lhe podia cortar as unhas?
- Neste momento as unhas são completamente secundárias.
A partir deste momento a voz do senhor começou a soar-me muito distante e indefenida. A irresponsabilidade e negligência tinham atingido novos patamares. A consulta ainda se prolongou por mais uns minutos sempre com comentários semelhantes, que era uma chatice, que era uma maçada e por aí fora. Não pude deixar de me sentir profundamente triste porque era óbvio que ela não iria receber em casa os cuidados necessários para se manter viva sequer e que não podia fazer nada quanto a isso.
Esta longa história para dizer que votei "Sim" no referendo de hoje, por todos os motivos, que não me vou alongar aqui a explanar mas também porque de certeza que a "Bunny"* teria preferido que a sua mãe tivesse abortado para não ter de passar por esta morte definhante. Ou, se calhar melhor, que os pais dos seus donos tivessem abortado. O que é que algumas pessoas andam aqui a fazer?
*nome fictício

sábado, fevereiro 10, 2007

dEUS-Instant street

e de Deus escreve direito por linhas tortas, o que dizer de dEUS? Talvez que esta é a minha música preferida da banda

Tindersticks-Travelling Light

E este... mais uma música, banda e albúm preferidos de há muito tempo.

Fountains of Wayne - Denise

Pronto... só mais este :)

Badly Drawn Boy - You Were Right

Ok, só mais uns vídeos e umas músicas... Mas há coisas que acho que são mesmo de partilhar. Depois agradeçam-me devidamente oferecendo alguns cd's. Ou cheques-prenda da FNAC. Depois prometo mostrar aqui os vídeos.

Irmandade da esteva x 3

Pois é, na passada quinta-feira a Irmandade da Esteva conseguiu um feito incrível, que foi ver 3 filmes em simultâneo. O facto de nessa noite sermos 5 e de nos termos repartido por 3 salas é perfeitamente irrelevante... A verdadeira proeza foi decidir, 2 minutos antes dos filmes começarem, quem ia ver o quê (valha-nos os 20 minutos de publicidade prévia que nos teria permitido alongar a discussão mais um bocado).
Com 2 desistências, uma porque estava cansada e outro porque tinha acabado de chegar de uns milhares de quilómetros pela patagónia (fraquinhos...), lá nos encaminhámos para as bilheteiras, obviamente cheias de gente. Só mais tarde é que nos apercebemos que há outras bilheteiras, completamente vazias, na direcção oposta. Então acabei por ir ver com a Pintinhas on "Scoop", a princesa Maria Amélia foi com o sócio ver "Diamante de sangue" e o outro sócio foi ver "Flyboys".
Sobre o "Diamante de sangue" já fiz a minha crítica, e a opinião foi unânime de que se tratava de um filmão. Àparte do diCaprio, que não convence mesmo... estava à espera que, a qualquer momento, se lançasse para a frente do jipe, em plena zona de guerrilha, e gritasse "I'm the king of the world!!" só para logo de seguida levar um balázio. E viveram felizes para sempre.
O "Flyboys" não vou comentar porque não vi e sinceramente, não faço grandes intenções de ver.
Quanto ao "Scoop" é aquele filme de Woody Allen típico, a transbordar de neuroses e paranóias mal controladas por ansiolíticos. Apesar de não ser o seu melhor filme e lembrar vagamente "O inquilino misterioso", gostei. Foi uma hora e meia de riso, embora sem ultrapassar a minha escala decibélica habitual. E há cenas... como o afogamento fictício na piscina e a caixa mágica completamente hilariantes. Vale também por alguns diálogos, perfeitamente alucinados. Saí do cinema assim morno, o que não é completamente desagradável, dada a época. Quais são as próximas estreias?

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Cake- Frank Sinatra

Ok, confesso que neste momento estou completamente viciado nos vídeos do youtube... Estou a apanhar uma overdose músical, mas Cake é mesmo incontornável no meu guia de campo sonoro. E esta é das suas melhores músicas. Já valeu a alguém ter ficado com o carro todo pintado.

Calexico-The Ballad Of Cable Hogue

E agora uma inversão para uma onda mais neo-country...

The Flaming Lips

Começo a achar que algumas das minhas bandas preferidas têm algum fetiche com bonecos de peluche... ou que estão sob efeito de ácidos quando fazem os vídeos. Mas não deixa de ser um grande albúm e música (Yohimi battles the pink robots)

grandaddy - nature anthem

Mais uma banda altamente, mais um vídeo completamente alucinado!!! Wow!!! E repararam no passe de dança dos coelhinhos? Isso é uma história para outro dia...

Eels rocks!

Mais uma banda de eleição! Se tivesse uma banda havia de ser alguma coisa assim, vídeos alucinados incluídos!!

Grandes verdades universais

Esquilos e anilhagem são 2 coisas meio incompatíveis. Primeiro, porque hordas destes sanguinários roedores conseguem eliminar rapidamente toda e qualquer população de aves que nidificam em vegetação (e mesmo as caixa-ninho estão a um passo de serem vandalizadas). Segundo, não contentes com o primeiro, os demónios de cauda felpuda teimam em roer redes e atirar-nos com pinhas. Solução: a) Martes martes; b) Bubo bubo; c) Automóveis.
Nunca combinar coisas com a princesa Maria Amélia quando está a fazer provas de cross-matching. De tanto esperar, quem já precisava de uma transfusão sanguínea era eu.
Evitar centros comerciais perto de escolas secundárias à hora de almoço. Como por artes mágicas, o local transforma-se na pitolândia ou num episódio de telenovela da TVI. Resultados: o ruído sobe para níveis perigosos, tal é a guincharia; é difícil arranjar mesa para almoçar; faz-me sentir velho.
Nunca pedir um pouco de molho a acompanhar os bifinhos com cogumelos. O pouco para algumas pessoas significa afogar o arroz e os bifinhos em litradas de molhanga com natas, até se deixar de ver o que se tem no prato. O que vale é que até estava bom.
Se calhar, nem são verdades assim tão universais, mas hoje o meu universo pessoal foi regido por estas leis da física.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Guia de campo sonoro #2

No saudoso ano de 1996 descobri este album, já com alguns anos e ainda hoje esta é das minhas canções preferidas do duo.

Guia de campo sonoro #1

Esta música valeu a compra do albúm, que até nem é nada de especial...

domingo, fevereiro 04, 2007

Fim de semana

Começa a ser rotina começar a semana à 2ª feira mais cansado do que no final da semana passada. No meu caso, não é necessariamente mau ou indicador de que se avizinha uma semana infernal (também, depois da semana de trabalho passada, aguenta-se qualquer coisa), mas apenas que o fim de semana foi bem preenchido. Este não foi excepção, recheado de eventos sociais, culturais, científicos e outros que tais.
Começou sexta à noite, com um chá de inauguração da casa de um casal amigo, o qual tive de sair mais cedo, com pena minha. Mas precisava de dormir algumas horas para aguentar a viagem de 300 e tais kms do dia seguinte. Por isso, eram 6h30 (é verdade, leram bem) quando estava a sair de Lisboa, rumo a Gouveia, Serra da Estrela para um pequeno curso de formação.
Apesar de chegar com 1 h de atraso planeado (também estava fora de questão acordar 1 h mais cedo), apanhei o início dos trabalhos.
O dia correu ligeiro, apenas interrompido para almoço e uma apresentaçãozinha minha a cravar amostras para a tese. Ao jantar pude repetir esse êxito estrondoso culinário, o arroz de feijão. Só não ficou tão bom como o anterior porque não me deixaram fazer aquele truque de entornar o tacho no fogão. Azar... A acompanhar, uma constelação de enchidos da zona, para me entupir as artérias quando for velhinho (alguém há-de me apanhar; se não for o ácido úrico há-de ser o colesterol ou outra coisa parecida). A oportunidade de rever DVD's de documentários de Félix Rodriguez de la Fuente e sentir uma onda de saudosismo naturalista a bater forte. Ou seria do tinto "Periquita"? Não deixa de ser engraçado verificar que uma série de televisão (coña, ainda por cima) está tão presente no imaginário deste pessoal. Após uma sobremesa de toblerone de 4,5 kg rumo ao Sporting clube de Vinhó ou coisa que o valha.
Grandes conversas sobre tudo e nada, cerveja para não deixar secar a boca e manter o diálogo fluido. O Sporting ganhou e só foi pena não ter visto muito bem o jogo porque a um dado momento a televisão do café começou com problemas e a transmitir as imagens em palplus (de facto, acho que uma certa altura estava tudo a 16 por 9...). Felizmente ou infelizmente, ainda não sei bem, acho que me curei daquele efeito refractário ao alcoól da passagem de ano. Ou então, há sempre aquela desculpa do cansaço acumulado. Só sei que com 0,5 L de tinto e 2 médias estava ko e a sentir-me um fraquinho. Quem me salvou foi a Abtúrsio, que rapidamente elaborou a teoria do Efeito gravitacional do alcoól, que passo a demonstrar:

Perceberam? Quando me sentei o nível do alcoól atingiu o cérebro. Deve ter sido isso. Às 2h00 já não me aguentava acordado e ala para a cama, onde rapei um frio desgraçado e acho que engoli uma pastilha de melancia menstruada. Lamentavelmente, perdi uma noite repleta de grandes debates filosóficos sobre dedos, orifícios naturais e escovas de dentes.

A manhã de Domingo foi a passear na serra. Mais um almoço, mas levezinho que a noite passada tinha sido puxada. Viagem de volta para Lisboa, onde me encontro agora a pensar no que vou fazer para jantar.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Coelhos suicidas

Há muito mais aqui de onde este veio. Alguém cria cenouras transgénicas com Prozac?

Diamantes

Após as habituais intermináveis horas a aturar gente louca no local de trabalho e a contribuir para o meu grau crescente de misantropia, ainda consegui arranjar tempo para ir ao cinema. Não posso deixar de confessar que estou um pouco desapontado com o resto da irmandade da esteva... tanta sofreguidão cinéfila para depois virem com uns "Ah e tal! Amanhã tenho que acordar cedo..." ou "Ah! vou ficar por casa e o camandro". Ou outros ainda que ligam à hora do filme começar a dizer que vão apanhar o metro para o cinema. Enfim...
Terá sido do jantar à base de coca-cola, desta semana desgraçada, do buraco do ozono ou se calhar, de nada em particular, mas a história do filme mexeu um bocado comigo. Nunca fui mercenário nem traficante de diamantes e consequentemente, não me identifico directamente com nenhuma das situações do filme. Também sei que o enredo está necessariamente romantizado e dramatizado. Por outro lado, sei que situações destas retratadas ocorrem diariamente, que existem refugiados, mortes movidas por interesses económicos e políticos e barbáries por esse mundo fora. Também sei que pouco posso fazer para modificar qualquer uma dessas situações apesar daquele lema, mais da área ambiental "Think globally, act locally". Também confesso que sou pouco humanista, a minha microscópica tentativa de melhorar um pouco o mundo (sim, apesar de tudo, ainda acredito nesta utopia) está mais virada para a parte natural. Mas também não sou alheio ao sofrimento humano, até porque as coisas não são indissociáveis.
Toda esta verborreia para dizer que, apesar de achar meio embaraçoso deixar-me mover assim por 2 horas de cinema, o filme deixou-me cansado. Apesar do final semi-feliz (afinal conseguiu-se trazer alguma justiça nos últimos 5 minutos), tudo o que ficou para trás pesa muito mais. As interpretações são um pouco abafadas pela história (sim, o diCaprio nunca me convenceu como actor) mas em última análise, gostei. Bastante. Só que preciso de ir ver depressa outra vez "O Fabuloso destino de Amélie Poulain"!