terça-feira, novembro 25, 2008

Lobi 1998-2008

Esta semana, o panorama da ornitologia em Portugal ficou mais pobre, pois perdemos um membro fiel do grupo de anilhagem do Gerês.

segunda-feira, novembro 24, 2008

Os bámpiros atacaruom o Puorto, Carago!

Ou mais exactamante, a base de operações foi uma terra com nome de peixe, onde me prometeram visões etéreas de galinholas, Ficedulas parvas e coisas que tais. Foi formado mais um grupo de gente sedenta de sangue mas as únicas vítimas foram mesmo as francesinhas do almoço de hoje, que ainda estou entupido até às goelas. Desta vez, a logística da coisa não foi tão complexa mas ainda implicou transferência de voluntários entre carros, aplicação prática de muitas horas a jogar tetris e um novo limite de tolerância ao odor corporal de anatídeos.
O regresso foi feito a sapar no nycteamobile - com o Sócio a sofrer em casa na esperança que a viatura chegasse ilesa à capital - com uma breve paragem por Brasfemes para trocar pitos por uma garrafa de geropiga e fatias de bolo*.
Podem continuar a mimar-me assim que eu gosto.
*PQT, os bolos estavam óptimos, os parabéns aos mestres pasteleiros. Depois da prova da tão afamada geropiga farei a minha apreciação.

sexta-feira, novembro 21, 2008

Sobre pássaros e veneno


Colecção de Passeriformes venenosos (no sentido dos ponteiros dos relógios): Ifrita kowaldi, marcador preto+caneta de feltro aguarelável; Pitohui kirhocephalus, caneta de feltro aguarelável; Colluricincla megarhyncha, lápis de cor aguarelável.


Depois de ler um post no blog Tetrapod Zoology sobre o género Ifrita e sendo a conjugação pássaros-veneno-desenho um tema sempre actual esta semana fui aprofundar o assunto, tendo desculpa para mais uns esboços, inacabados como é costume.
Nas florestas da Papua-Nova Guiné vivem algumas espécies de Aves que têm a pequena particularidade de serem venenosas. Pois é, a pele e as penas contém alcalóides potentes, em tudo idênticos às Batracotoxinas presentes na pele dos Dendrobatídeos, que nem têm qualquer grau de parentesco com estes pássaros, pois vivem na América do Sul e por acaso, até são anfíbios (eu não queria usar o termo "rãs" para os designar mas se dissesse "anuros" se calhar ia haver gente que não iria fazer a mais pequena ideia do que raio era isso). Devido à grande semelhança entre os alcalóides destes 2 grupos, as toxinas presentes nestas Aves são designadas de homo-batracotoxinas. Os seus efeitos, quando ingeridos ou absorvidos são idênticos, tendo acções neurotóxicas (levando a paralisia de nervos periféricos) e cardiotóxicas. A sua fonte pensa-se que seja também a mesma: nem as rãs nem os pássaros sintetizam estes alcalóides, crê-se que estes sejam absorvidos a partir de Insectos (escaravelhos Melyridae, género Choresine) que compõem a dieta destes animais e que, secundariamente, fiquem sequestrados na pele.
Estão então descritos 3 géneros de Aves venenosas, todas endémicas da Papua-Nova Guiné:
Ifrita kowaldi, que até hoje ninguém sabe bem em que família colocá-la (no HBW acho que aparece entre os Cinclosomatidae);
Pelo menos, 2 espécies do género Pitohui, P. kirhocephalus e P. dichrous. Apesar de serem classificados entre os Pachycephalidae, este grupo tem sido alvo de alguma revisão taxonómica e no futuro, poderão aparecer associados a outro grupo de Corvóides qualquer. Este género foi o primeiro a ser descrito como venenoso e estas 2 espécies são exemplos interessantes de aposematismo (exibem uma coloração berrante vermelho-preto de aviso para potenciais predadores) e de mimetismo muelleriano (por terem um padrão de coloração idêntico uma espécie acaba por proteger a outra).
Finalmente, uma terceira espécie, Colluricincla megarhyncha, também classificado entre os Pachycephalidae aparenta ter penas e pele venenosa.
Portanto... quem quer ir anilhar para a Papua-Nova Guiné? Aqui, sim, é boa ideia usar luvas.

quarta-feira, novembro 19, 2008

Iupi!

Às vezes coisas simples, como começar para a semana o curso avançado de ilustração científica, tem este efeito antídoto e torna-me um bocadinho menos Dr. Veneno. Ah! E esqueçam o nome pomposo, curso avançado de não-sei-quantos, é simplesmente terapia. Por outro lado, alguns irão achar que estou mesmo a precisar de outras terapias porque os desenhos estranhos vão regressar em força. Mas nesta fase já devem estar habituados.

terça-feira, novembro 18, 2008

Conceito de globalização

Esqueçam as manifestações, Buu! Abaixo a economia de mercado, fora com os Macdonalds, abaixo os governos, viva a anarquia, a globalização não é necessariamente má. Tem aspectos muito negativos e impactos profundos a nível ambiental e em muitos habitantes do planeta mas sem globalização...
... não seria possível gaiteiros, dançarinos de salsa e dançarinas de kizomba encontrarem-se numa tenda marroquina no Sahara para beber coca-cola e comer torradas.

sexta-feira, novembro 14, 2008

Visão do inferno

Afinal o Inferno tem um aquecedor a óleo e é habitado por periquitos. E mandarins. E esquilos. Se trocarem "inferno" por "manicómio" a frase continua a fazer sentido. E mais que antibióticos aquela casa precisava era de prozac. E uma lobotomia. E, talvez um colete de forças, que devia estar tão na moda.

terça-feira, novembro 11, 2008

Insuficiência cardíaca aguda

...E os níveis de Dopamina e outros neurotransmissores vieram por aí abaixo.

sexta-feira, novembro 07, 2008

Tradução simultânea

"A reunião está marcada das 18h às 19h"
Tradução: traz saco-cama que vais passar cá a noite. E já agora, um penico, que é chato sair a meio para ir fazer uma mija. Olha, não bebesses tantos cafés hoje.
"-Quer manteiga na sandes?"
"-Só um bocadinho."
"-OK."
Tradução: vou enfiar 1 kg de manteiga no pão, daquela com sal que não há cá merdas light isso é para tenrinhos, até te sairem lacticínios pelos ouvidos e as artérias chiarem com o colesterol (o mau, é claro) a passar.
"Ah... pois, mas não é esta fila. É aquela ali."
Tradução: pois, decidimos, pôr placas indicativas encriptadas para estupidamente perder meia hora na fila errada atrás deste senhor psicótico e complicado, que ainda por cima cheira a catinga que tresanda.
"Então ninguém se lembra? falámos disto a semana passada."
Tradução: Hello?! Alguém aí trouxe um cérebro?
"Está marcado para as 18h30."
Tradução: vais apanhar uma seca à espero dum filho da p**a que nem sequer pede desculpa por chegar atrasado, soltar os maus fígados e atirar-lhe a tartaruga e 2 abcessos à cara.
E pronto, foi o resumo de uma semana altamente poliglota e rica em mensagens subliminares que terminou.

segunda-feira, novembro 03, 2008

IlustraDouro - a fauna

Esboços de corvo-marinho-de-faces-brancas (Phalacrocorax carbo). Grafite e aguarela.
Esboços de andorinha-das-rochas (Ptyonoprogne rupestris) e dáurica (Hirundo daurica) feitos na fraga do Puio. Grafite.
Alguém identificou este grilo (família Tettigoniidae?)? Grafite.
Ainda há esboços de outros bichos mas ficaram muito foleirotes. Foram alguns exemplos do que foi possível produzir em 2 + 1/2 dias. Quando é a próxima ilustroExpedição?

IlustraDouro - a vegetação

Folhas de amendoeira. Marcador preto com pincel de água.
Cogumelo (eu sei que não é uma planta!!!). Lápis de cor em papel colorido.

Yuck! Uma exótica qualquer (quando me disseram que não era autóctone o desenho ficou por aqui). Gouache.
Pormenor de zimbro. Aguarela.
Folhas e bolota de carvalho (Quercus faginea). Aguarela.
Nota: infelizmente, as couves dominaram este projecto. É óbvio que ao frio e à chuva, qualquer bicho inteligente (excepto os ilustradores, que são uma espécie diferente e se deixavam ficar) se raspava para o quente da sua toca ou ninho. Excepto as plantas, que não se mexem. Ou estou a ser demasiado tendencioso?

IlustraDouro - as paisagens

Pormenor da paisagem perto de Ribeira de Mosteiro. Lápis pastel

Vista do rio Douro em S. João das Arribas. Grafite aguarelável

domingo, novembro 02, 2008

De regresso ao Douro

Após uma ausência de alguns dias, eis-me regressado das arribas do Douro e do Planalto Mirandês, desta vez sem andar atrás dos pássaros, sem burros nem gaitas de foles, mas a acompanhar o grupo dos ilustradores-seniores. Muito se poderia contar sobre 4 curtíssimos dias mas ficam algumas considerações:
É sempre bom passar por novas experiências, nomeadamente ter um furo na auto-estrada a 140 km/h, de noite, no meio de nenhures, com um frio de rachar, camiões a passar a razar, o c***ão do macaco defeituoso, a mudança criativa de pneu (nem vou entrar em pormenores) e fazer os restantes 400 km a 80 à hora. Só tenho a agradecer o trabalho de equipa da Morcega e dos nossos dois compinchas, que quase me viram transformar em Dr. Veneno, a deitar chispas dos olhos e tudo!
Apesar dos autóctones dizerem o contrário, já faz muito frio na região. Não tanto como naquela passagem de ano em que só faltou beber anti-congelante. Mas frio. Nem quero pensar quando lá voltar em Dezembro - já me estou a afiambrar à casa nova dos nossos anfitriões! Foi realmente pena o tempo não ajudar mas proporcionou alguns momentos marcantes como desenhar à chuva e entrar em modo R e pintar 4586 espécies diferentes de cogumelos numa tarde.
A desculpa dos desenhos para voltar à região e ver algumas paisagens - incluindo sítios novos, como o Penedo Durão e a ribeira de Mosteiro - de forma mais contemplativa e poder rever amigos. Ainda deu para ver uns passarões, rever os burros e comprar rifas para ganhar... uma gaita-de-fole! Afinal a trilogia pássaros-burros-gaitas afinal sempre esteve presente.
Inevitavelmente, a gastronomia: postas de vitela e bacalhau, alheiras e perninhas... de rã!! No jantar que ficou conhecido como "O meu primeiro Anfíbio". Agora só faltar passar perto de Mértola para provar as gambas típicas e marcar uma cruzinha nos Répteis. Paradoxalmente, descobri que consigo manter-me vivo um dia inteiro só com uma sandes de panado.
As pérolas que se viram e ouviram durante estes dias. Desde os pinguins do Laos que vivem na margem do rio Douro, os pedidos encarecidos do chefe para não me rir - ou, pelo menos, rir baixo, o passeio de barco-foguete, os bandos de origamis das arribas e a gincana para aceder à net Sábado à noite.
Como sempre, muito fica por relatar mas fica o desejo de regressar em breve. Seguem-se alguns dos desenhos produzidos.