quinta-feira, abril 29, 2010

Amazónia revisitada

A preparação para a exposição colectiva vai avançando e estive a rever recentemente os cadernos amazónicos. Os desenhos vieram como ficaram feitos, em bruto, não foi acrescentada ou apagada uma linha, o papel aparece por vezes empolado, com manchas e mosquitos esborrachados. Seja o meu manifesto enquanto fio condutor destes desenhos, seja apenas preguiça ou outra razão qualquer, as coisas vão ficar assim. Afinal, não faz parte do meu estilo deixar tudo inacabado e poupar na tinta?
Comunidade de Aves observadas no lago Curititanini (a sério, não me lembro do nome mas devia ser qualquer coisa assim).
Cachorro.

Dia Internacional da Alergia

Celebrado no meu nariz.
Rios, torrentes, cataratas, um dilúvio de mucosidades; a voz nasalada, interrompida por inúmeros espirros; os olhos inchados e raiados de sangue. Decididamente, um dia muito agradável.

domingo, abril 25, 2010

A melhor chanfana de cabra

Lá para os lados de Brasfemes. A chanfana e umas quantas outras iguarias. Tantas, que o caminho de volta a Lisboa quase foi feito a rebolar pela A1.
Para começar esta semana em beleza e esquecer a semana passada infernal.

Uma série de desgraças

Esta semana foi tão agradável que até merece que me queixe um bocadinho agora que o martírio terminou. Começou com a seguinte sequência:

  1. Jantar de sábado na rua, entre a mesa e o grelhador. Carro atascado à saída mas rapidamente salvo pelos outros convivas e uma constipação para a viagem;
  2. Rios intermináveis de ranho e mucosidades a escorrer nariz abaixo que, em dois dias, foram suficientes para me desidratar ao ponto de me transformar numa passa humana;
  3. A parte da passa é exagero mas a excreção de ácido úrico do organismo diminuiu até atingir níveis pré-gotosos;
  4. Noite em claro a pensar como remover cirurgicamente um dedo do pé;
  5. Ingestão de doses cavalares de analgésicos e colchicina;
  6. Estômago diz "Ouch!";
  7. Experiências correm mal no laboratório e apetece-me partir o espetrofotómetro;

Isto chegou a um ponto tal que, com as primeiras brincadeiras com azoto líquido, já me imaginava a largar o bídon e entornar o líquido pelo chão e pessoas do laboratório. Tal não aconteceu porque chegou a sexta-feira e as coisas voltaram ao normal. Dasse!...

segunda-feira, abril 19, 2010

Rumo ao Sul

Há cerca de uma semana que ando a adiar a escrita sobre uma mini-expedição à costa alentejana; como sempre, falta o tempo e os dias têm sido passados a gerir mil e uma coisas para ontem mas também, o regresso ao Inverno, chuva e tempo encoberto não tem inspirado uma única linha de escrita. Seja pelo contraste do Sol e calor desse fim de semana com os útlimos dias, seja pela necessidade de voltar rapidamente à região, cá vai o registo da viagem.


E viagem que é viagem, deveria começar sempre em estações de comboios, aeroportos ou terminais rodoviários. Aos anos que não andava de expresso mas as saudades foram logo tratadas, ao sair de Lisboa com meia hora de atraso. Também faz tempo que não viajo sem ser ao volante e desta vez, foi possível apreciar os muitos pormenores da paisagem. Depois de trocar o expresso por um comercial opel e os estranhos do autocarro por outra companhia, lançamo-nos à descoberta da costa e dos seus inúmeros lugares e lugarejos, todos com histórias e motivos para fotografar. Santiago do Cacém, as praias a Norte de Porto Covo, Cabo Sardão, praia da Amendoeira, Odeceixe, Aljezur, barragens perdidas o meio da serra e tudo o que ficasse pelo meio.



Oportunidade não só de lavar a vista mas o palato, começando por umas sardinhas que podiam estar estragadas mas ninguém se queixou, passando pelos petiscos do Café com Alma e terminando num Sargo escalado e ameijoas à bulhão pato com vista para uma enseada em Porto Covo. Fica ainda um sítio recomendado para ficar em Aljezur, o Hostel Amazigh. Mas o nosso coração fica mesmo na casa da D. Fátinha em Monte Clérigo!



E tão rápido como dizer "Zambujeira do Mar", o fim de semana passou num ápice. Com instantâneos como os de baixo, é fácil perceber a vontade de largar tudo e rumar a Sul.

Tons de azul de uma praia qualquer.

Panorâmica da praia de Odeceixe.

Cegonha-branca no ninho em escarpa no cabo Sardão.

quinta-feira, abril 01, 2010

Dupla inauguração

Primeiro, hoje foi a primeira sessão do PEEC do Samouco, a estrear instalações anilhadeiras de luxo. As capturas não foram nada de transcendente, capturámos uma raríssima Sylvia albicapilla mas não conseguimos apanhar o Clamator glandarius que rondava as nossas cabeças. O ponto alto foi, obviamente, o rally na carrinha de caixa aberta. Sem entrarem mosquitos para a boca.
Segundo, foi oficialmente aberta a época da sardinha. Ainda pequenina mas bem gostosa e assada no ponto. O que, apesar da minha primeira escolha no menú - uma cabeça de cherne cozida estar esgotada - foi uma excelente alternativa para almoçar no Marítimo, nessa bela localidade que é Alcochete.
P.S. De modo a celebrar este dia tão especial, contei aqui uma peta. Alguém adivinha?

O dia em que salvei a Páscoa

Embora não ligue rigorosamente nada ao calendário litúrgico, ao contexto religioso desta quadra, amanhã ir certamente comer carne sem pestanejar e, mais grave que isso tudo, chocolates e amêndoas passarem-me completamente ao lado, hoje tive plena consciência que esse ícone marcante desta semana - o coelhinho - foi salvo repetidamente pela minha modesta pessoa.
Primeiro, porque aparece com dois ovos recheados com creme de anaeróbios na bochecha - nesta semana, qualquer coisa vagamente ovóide tem de ser um ovo da Páscoa, certo? Depois, porque são atirados aos pares para os quintais de pacatos cidadãos - neste caso, a coelha é que era o ovo kinder, daqui a uns dias devem sair cá para fora uma série de láparozitos, quais matrioskas pascais - ou se calhar não, porque nessa altura já não é Páscoa.
Por isso, podem-me agradecer por irem receber coelhos recheados com amêndoas e ovos com chocolate no próximo Domingo. Eu, que juro solenemente ser verdade todos estes factos, embora um pouco dramatizados, ao contrário de algumas pessoas que aproveitam este dia para andar por aí a espalhar petas...
Não sou eu que vou ter a cabeça a prémio quando a verdade, tal como um ovo de chocolate estragado, vier ao de cima.