segunda-feira, junho 29, 2009

Próximas paragens

Lago Annsjon, Suécia. Já em Agosto.


Amazónia brasileira e rio Negro. Dezembro.

Com os bilhetes comprados, começa oficialmente a contagem decrescente para as viagens do ano.

domingo, junho 28, 2009

A jóia da coroa

Ninho de cegonha-negra (Cicconia nigra) com 3 crias em montado.

Paínho, está descansado que continuas com o título de animal do mês. Mas, há qualquer coisa diferente em entrar num montado algures no Alentejo com as lebres a correr ao fundo do campo e estar a uns escassos centímetros desta espécie e marcá-la, fazendo o devido jogo de cintura para escapar às suas bicadas e jactos cloacais. Foi o final de uma semana de ornitologia de campo praticamente imbatível, quer pelas espécies com que trabalhei, quer pelos locais e pronto, vá lá, pelo pessoal que foi fazendo companhia.

Field Ornithology

Estava eu a queixar-me, coisa rara dizem-me, no outro dia, que já não ia para o campo há uma eternidade. Claro que o sentido de tempo é relativo, especialmente, para quem já tenha estado em S. Tomé, e nesta caso, o tempo eterno resumia-se a 2 semanas. Realmente, os últimos dias, a começar nos paúis do Baixo Mondego, serviram mesmo para re-oxigenar o cérebro, impedindo-me de ter motivos de queixa para os próximos tempos. Se bem que a pesar nas curtas horas de sono e no acumular de trabalho mas, como sempre, trata-se de uma questão de prioridades.
Posto isto, depois de uma breve passagem pelo Samouco e de uma tarde de trabalho na Sexta, rumou-se ao Alentejo profundo para mais uma mega-operação, desta vez na terra, água e ar. A juntar à colecção, um cromo novo, Sterna nilotica.
O tagaz, que à partida, não parece nada mais que qualquer outra andorinha-do-mar de patas compridas, revelou-se numa espécie cheia de pormenores interessantes, desde ao relativamente longo período até alcançar a idade reprodutora, a dispersão meio nómada pelas ilhas de lagos e barragens do interior, a biologia reprodutora e a dinâmica das colónias, a dieta meio surpreendente (Alburnus, rãs-verdes, grilos e gafanhotos) e, sobretudo, o aparato e logística envolvidas para a sua marcação. Uma manhã muito bem passada, em boa companhia e com direito a uma jola fresquinha seguida de um mergulho no Caia.

quinta-feira, junho 25, 2009

Animal do mês de Junho

Ainda custou a decidir, mas é inequívoco que quem ganha este mês é o paínho (Hydrobates pelagicus), mesmo com uns esboços básicos feitos a partir de fotos manhosas e com 2 horas de sono.

Eles andem aí!

Ah! Ah! E os super-poderes regressaram numa sessão quase contínua de 16 horas de anilhagem. Primeiro, no paúl do Taipal a retirar dúzias de andorinhas e 2 Plecotus auritus das redes. Depois, no cabo Mondego, numa mega-operação envolvendo anilho-mobiles, colunas de discoteca e... Tcharam! uma captura de Hydrobates pelagicus com anilha estrangeira. Finalmente, paúl da Madriz para uma sessão de PEEC, onde, para olhos leigos e ingénuos, pareceu que estive a dormir 2 horas no anilho-mobile e a ser devorado pelos mosquitos da região centro. Na verdade, estava a meditar profundamente sobre como é fixe voltar para o campo e conseguir fazer tanta coisa em menos de 24 horas.

Paúl do Taipal, a transbordar de Plataleas alba e Ardeas purpurea.

Raiva? Qual raiva? Quem é que pensa nisso quando se tem na mão o morcego mais fixe de toda a nossa quiroptofauna? Plecotus auritus.

Claro que a estrela da noite foi mesmo o Hydrobates pelagicus. Segurar albatrozes (ou mais correctamente, Procelariformes, que vai dar no mesmo) miniatura na mão foi o ponto alto da expedição.

E finalmente, um grande bem-haja ao meu cicerone pelo Baixo Mondego, Pqt. Só é de lamentar que os seus formandos sejam uns tenrinhos e não terem aparecido. Ah! E tal, tenho teses e jogos com a académica...

terça-feira, junho 23, 2009

Bite ranking

No outro dia vi um programa bastante idiota no canal Discovery ou similar sobre dentadas de animais em que tinham uns modelos mecânicos bastante estúpidos para exemplificar coisas bastante óbvias e depois até organizavam combates altamente inverosímeis entre os vários modelos. Ontem, depois de o meu polegar ter tido um encontro de 3º grau com a boca de uma Pogona vitticeps, pensei que beijinhos de tubarões-brancos e pumas não são nada, comparadas com o meu top3 (pois é, não foram assim tantas) de dentadas:
3º Lugar: Meriones unguiculatus. Apesar de ser pequenino e fofinho, quando temos aqueles dentes espetados até ao osso de um dedo, o difícil é controlar a saída de palavrões e atirar o c***ão do rato contra a parede.
2º Lugar: Pteroglossus castanotis. O pormenos do bico serrilhado é altamente sugestivo.

1º Lugar: Iguana iguana. E era uma vez a cabeça do meu dedo, que foi recolocada no lugar com um bocado de adesivo. Esta, senhores, doeu a valer.

domingo, junho 21, 2009

Os vampiros atacam de novo...

... e este fim de semana perdi anos de vida. Meus amigos (vocês sabem quem são), vou pedir indeminizações avultadas a uma certa associação por danos e traumas psicológicos e uns quantos cabelos brancos.
Em alternativa, podem começar a compensar estes momentos de stress dos quais ainda estou a recuperar com convites para jantares, copos, passeios e cromos novos para a colecção. Querem sugestões?

sexta-feira, junho 19, 2009

Oh não! MAIS um post sobre dinosaurios...

Limusaurus inextricabilis
(Sacrilégio! Um pequeno Terópode reconstruído sem os revestimentos de penas que andam tão na moda...)

Pois é, à primeira vista este dinossaurio do Jurássico da China não parece ter nada de extraordinário. Pequeno e esguio, membros posteriores longos, anteriores pequenos e com uma acentuada redução de dedos (também nada de novo se pensarmos nos Tiranosauróides), pescoço longo e flexível, maxilas sem dentes e cobertas por um bico córneo... Só que, primeira surpresa, este é um Ceratosaurídeo, parente de Ceratosaurus, Carnotaurus ou mais chegado mesmo a Deltadromeus. Esta linhagem reunia dinosaurios carnívoros de médio a grande porte, com bocas cheias de dentes e, frequentemente com adornos meio esquisitos na cabeça.
Grande coisa... se pensarmos nos Therizinosaurios, não é a primeira vez que um grupo de dinosaurios herbívoros evolui a partir de antepassados terópodes carnívoros.
O que torna este fóssil mesmo muito interessante é a estrutura da mão; ao longo da evolução dos Terópodes sempre houve uma tendência para a redução dos dígitos. O Limusaurus possuia mãos com 4 dedos, tendo o dedo V (o mais lateral) ido completamente à vida. O dedo I (o mais medial) era composto por apenas um metacarpo, os dedos II e III estavam normalmente desenvolvidos e o dedo IV era composto apenas por um metacarpo e uma falange. Esta organização de dedamens sugere que o dedo II estaria a tentar substituir o dedo I, em franca redução, acabando por vir a fazer as vezes de um pseudo-polegar.
Apesar de não sabermos o que é que o Limusaurus faria com aquelas mãozinhas, este pequeno grande pormenor, que em alguns grupos de Terópodes, as mãos seriam compostas pelos dedos II, III e IV em vez dos dedos I, II e III, pode servir para refutar o único argumento que parece comprometer a teoria da evolução das Aves a partir de dinosaurios carnívoros. Dizem alguns entendidos que nas Aves, a asa é suportada pelos dedos II, III e IV e tendo os Terópodes mãos com os dedos I, II e III, estes nunca poderiam ser os seus antepassados. É verdade que é um argumento contra dúzias de outros a suportar a ligação filogenética entre os 2 grupos mas este fóssil levanta a questão: e se na verdade, alguns Terópodes tinham era mãos com dedos II, III e IV?
Pensem nisso... para saber mais, vão aqui e desfrutem de um grande momento geek. Assim como eu fiz.

Oreochromis niloticus


Por que será que hoje fiquei a conhecer tão bem estes peixes?

Sua majestade, o rei dos xoninhas

Depois da tarde de hoje, nunca mais chamo mono a ninguém. Dassssssssssseeeeee!

quinta-feira, junho 18, 2009

Desenho do dia

Entre trabalho, dúvidas existenciais sobre portfolios e outras tantas coisas, finalmente comecei a despachar algumas tarefas que estavam a ficar acumuladas. Entretanto, ainda houve tempo para começar a fazer um retrato de um sargo (Diplodus vulgaris), aqui um adulto a lembrar os juvenis que fotografei nas poças da baixa-mar da costa vicentina.
Afinal, começo a achar alguma piada a este caderno. Afinal, os lápis de cor até são bem fixes. Afinal, o que eu queria mesmo era estar na praia a mergulhar e a desenhar peixinhos (ou outra coisa qualquer).

quarta-feira, junho 17, 2009

Dispersão

Ao fim de quase 3 anos a olhar para as mesmas páginas do Guia de Campo, achei que estava na hora de lhe mudar um pouco os ares e vai de carregar um novo design. Grande asneira! Ao fim de algum tempo já estava a arrancar cabelos, a dar cabeçadas no PC e a mandar o blogger para o c****ho pela tarefa infernal que foi mudar tudo e mais alguma coisa. Ainda não está como eu queria mas deixa-m estar sossegado.
Claro que mudanças de visual bloggístico, pesquisas ictiológicas do rio Negros, flickradas e revisões sobre cardiomiopatias dilatadas em furões só serviram para engonhar antes de ganhar fôlego e começar a tratar de 1001 coisas pendentes/adiadas/suspensas/soltas que tenho para despachar.
Mas perdido por 100, perdido por 1000 e toma lá mais uma página no caderno de folhas manhosas para recordar que já não vou para o campo há 2 dias, que os papa-figos são mesmo fixes e para recordar o Douro, que se tudo correr de feição, é para marcar presença no fim de Julho para mais uma edição do Burro i l Gueiteiro.

segunda-feira, junho 15, 2009

Mas...

... para provar que não passei 5 dias em coma deitado na toalha de praia ligado a um jarro de sangria - até porque, pelos vistos, o meu cérebro só para lá para cima no Douro, aqui ficam as provas que mesmo em férias até vou fazendo alguma coisa:Desenho inaugural das férias, ainda completamente catarinoado. Tinta da china e ecoline azul no Moleskine de papel manhoso.

Apesar de as gralhas-de-nuca-cinzenta (Corvus monedula) serem para lá de abundantes naquelas bandas, estes foram os únicos esboços (a grafite) dos bichos.

Mais uma vez, o meu obrigado ao Rodas por continuar a patrocinar grandes expedições sub-aquáticas com a sua underwater-maquineta, que me torrou o juízo por não conseguir atinar com as macros, focagens e zooms. Por isso, apesar de desfocado dá para ver que isto é um Parablennius sanguinolentus (será?).
Mais passarinhos a grafite. Desta vez, andorinhas-das-chaminés (Hirundo rustica) esboçadas a grafite a partir de uma esplanada qualquer.
Mais peixes infernais, que não param quietos e que são virtualmente impossíveis de identificar. Mesmo depois do trabalho de edição feito pela Flicts, continuo sem saber exactamente que espécie de Pomatoschistus é este.

domingo, junho 14, 2009

Regresso à realidade

Estes 5 curtíssimos dias pela costa vicentina souberam-me simultaneamente pela vida mas também a muito pouco. Quer pela companhia, quer pela praia (Engª Saramuga, desta vez não se descaia) e pela casa que foram um achado, quer pelas longas horas a esplanar e pelo desfilar de caracóis, ameijoas, camarões, L-colesterol, coisas com alma e outras iguarias, quer por conhecer esses vultos da música popular que são a Dª Fatinha e o Sr. Vivaldo. Só foi uma pena não ter fotografado, desenhado, snorklado e lido mais mas com tantos escaldões, frisbeeadas, jump-sessions à beira das falésias (por vezes acompanhadas de gritos de pânico de algumas pessoas), tops das estrelas e passeatas não sobrou tempo para muito mais.

terça-feira, junho 09, 2009

Escapadela

Quem adivinha que praia é esta?

A partir de amanhã e até Domingo corto contacto com o resto do mundo.

sábado, junho 06, 2009

Osmose

Coisa curiosa esta, a facilidade com que nos deixamos contaminar por tipos de registo e estilos gráficos e as folhas dos cadernos de campo ora vão aparecendo Salgadas, PeFadas, Marcoadas ou, mais recente e intensamente, Catarinoadas. Sem contar com as osmoses de influência estrangeira.
Mas quando é que começam a surgir páginas clara e distintamente Fuzhongadas?

Concerto

Hoje foi noite de concerto de Norberto Lobo na casa do alentejo. A chegada à sala, tipicamente alentejana, dizia a Flicts, com lustres no tecto, talha dourada nos cantos e um palco que só faltava a azinheira, mesmo em cima do início da actuação parecia prever qualquer coisa harmoniosa mas vagamente repetitiva. Mas, senhores, há ali uns rasgos que ficamos "hã?" e quase nem ligamos a uma gaja que não se cala. Se há coisas que dão vontade de partir para o extermínio total com direito a decapitações e uso de lança-chamas é pessoal que não pára quieto e não se cala em concertos, especialmente este, em que se quer atenção a toda a nota que sai ora da guitarra, ora de outros instrumentos de cordas.
Bom. Tanto que, coisa rara, comprei o cd.

quinta-feira, junho 04, 2009

Caderno Berlengueiro

O regresso às Berlengas não foi feito nas melhores condições. É verdade, ao fim deste tempo todo, os super-poderes falharam e o cansaço acumulado do Douro, dos dias anteriores alucinados em Lisboa e 2 horas de sono mal dormidas na véspera do embarque fizeram-se sentir. Resultado: os 2 primeiros dias quase literalmente passados sem me mexer, alternado entre longas horas de sono e curtas horas de vegetanço. Só ao terceiro dia é que comecei a acordar e afazer qualquer coisa de jeito.
Mas nem tudo é mau, 2 dias passados a dormir equivaleram a 2 dias sem comer e as sestas dentro da tenda equivaleram a umas sessões de sauna e sempre preciso de perder uns quilos. E fica sempre a desculpa para voltar mais tarde. Porque esta soube manifestamente a pouco.