terça-feira, outubro 28, 2008

E finalmente, o 100!

Ontem no Samouco as espécies que mais se viram foram o vento e a castanha assada (que foi uma excelente ideia para as noites de Inverno que se aproximam). Mas entre os pouco exemplares, emplumados, saiu-me este:
Gaivota-d'asa-escura (Larus fuscus)
Até podia ter sido outra coisa, para marcar o número 100, um bufo-real, uma boneli, uma Porzana - até a palerma da agricola podia ter esperado um pouco - mas saiu-me uma gaivota. Paciência, parece que vou ter de abrir os cordões à bolsa ou pedir um patrocínio à Sagres para cumprir uma certa promessa...

segunda-feira, outubro 27, 2008

Os vampiros contra-atacam Aveiro

Ao regressar a Aveiro para formar uma nova fornada de vampiros-mirins, esperava que a a viagem fosse muito mais tranquila; afinal, estava praticamente tudo preparado e a postos para um fim de semana de sangria e cabidelas várias. Ledo engano. A ligação Lisboa-Coimbra-Brasfemes foi feita a sapar, tanto quanto o meu carro permitia, para ir buscar algum material e admirar a magnífica obra de engenharia galinácea no quintal do Pqt. Ao fazer-me à estrada para Aveiro, o depósito quase seco, fez-me parar numa estação de serviço quase só com umas gotinhas e o carro a mover-se pela energia dos berros e palavrões. O stress da viagem só terminou quando me encontrei com 2 compinchas na "Nau" para um óptimo almoço de rojões. Depois de uma tarde de blá-blá-blá, festa de aniversário em Ermesinde para enfardar leitão e empadas várias.
De noite , não sei bem porquê, sonhei que estava a ser assado vivo - obrigado, Sócio, por teres ligado o aquecimento do quarto nos 50º C, eu sei que faz frio no Porto. Regresso a Aveiro, para a preparação da cabidela e fim dos trabalhos. Chegou-se à conclusão que para dar alguma credibilidade ao curso, há que começar a chumbar pessoas; portanto, o senhor que andou a dar conversa ao presidente, a navegar na net e a requisitar bocados de esferovite, olha, temos pena...
Almoço no "Augusto" e pânico! - quem é que aparece a tocar violino? Acreditem que a música ainda era a mesma, sapatada incluída - e regresso a Lisboa para dizer Saludos à Pintinhas, que veio a terras Lusas.
Agora, é tempo de dizer: ainda bem que começou a semana para poder descansar...

sexta-feira, outubro 24, 2008

Para desenjoar...

Não estão já fartos de ver posts sobre passarada e passaralhos por estas bandas? Pois, para quebrar um pouco a monotonia - não ainda não vou dissertar sobre fantasias sexuais, erotismos de trazer por casa e as várias vertentes da pornografia - mas sim de um grupo muito particular de organismos. Também não são clamídias, gonorreias ou doenças herpéticas sexualmente transmissíveis, mas sim de um grupo de Répteis diápsides do Mesozóico. (Oohh... poderão alguns suspirar de decepção mas este blog nasceu nerd e há-de morrer completamente science-geek).
Pois tenho eu por hábito ter sempre um bloco ao lado do pc onde vou rabiscando qualquer coisa, ora enquanto leio pdfs de artigos, ora para desviar os olhos do ecrã. Ao fim de vários momentos de rabiscanço após alguns dias, tinha feito isto, que não é mais do que um retrato de família do grupo (Ordem?) Avicephala do período Pérmico-Triássico:

Apesar de ser um pequeno grupo (estão descritas umas 8 espécies) de pequenos Répteis (os maiores não deviam ultrapassar os 25-30 cms de comprimento), reuniam uma série de características muito particulares e, se ainda existissem hoje, iam certamente ser o maior sucesso nos terrários por esse mundo fora.

Ora os Avicephala dividiam-se em 2 famílias distintas: os Coelurosauravidae, do final do Pérmico e os Drepanosauridae, do Triássico. Um género, Longisquama spp, encontrado em rochas triássicas do Kyrguizistão (é assim que se escreve?), que aparece no canto superior esquerdo, terá maiores afinidades com a primeira família. A principal característica distintiva eram as estruturas em forma de folha, que foram alvo de inúmeras interpretações quanto à sua origem (proto-penas? escamas? folhas de plantas?), localização (paralelas ao longo dos flancos? em fiada ao longo do dorso?) e função (orgão planador? camuflagem? comunicação intra-específica?). Até hoje, ninguém se entendeu e apesar de tudo, a forma como aparece aqui representado, como Réptil planador, apesar de mais fixe, pensa-se não ser a mais exacta. Uma série de características anatómicas levou ainda a pensar-se que Longisquama estivesse próximo do ramo que terá dado origem aos Pterosauros ou mesmo às Aves (lá viemos cá parar novamente), mas hoje sabe-se que tal não está correcto.

Na família Coelurosauravidae incluem-se vários géneros de Répteis planadores do período Pérmico: Weigeltiosaurus de Madagáscar, Rautiania da Rússia e Coelurosauravus da Alemanha (em segundo plano, no canto inferior esquerdo), havendo quem refira que correspondem todos ao mesmo organismo. Ao contrário dos agamídeos do género Draco, actualmente existentes no Sudeste Asiático, que planam de árvore em árvore suportados por uma membrana estendida entre projecções das costelas, os Coelurosauravideos desenvolveram uma estrutura única mas convergente com a primeira: a membrana planadora era suportada por ossículos dérmicos alongados sem qualquer relação com as costelas.

A família Drepanosauridae engloba, de longe, as espécies mais interessantes. Ao longo dos anos, estes Répteis foram repetidamente interpretados como animais aquáticos, mas sabe-se hoje que as suas adaptações apontam todas para hábitos arborícolas, sendo frequentemente referidos como Simiosauria ou lagartos-macacos.

Megalancosaurus spp. foi encontrado em rochas no Norte de Itália e apresenta as especializações típicas do grupo: cabeça alongada quase projectando-se num bico, corpo lateralmente comprimido, dedos oponíveis, cauda comprimida lateralmente, preênsil e com um conjunto de vértebras fundidas na sua extremidade distal que funcionaria como um gancho, e processos espinhosos das primeiras vértebras torácicas extraordinariamente desenvolvidos. Esta última característica permitiria a inserção de músculos cervicais desenvolvidos de forma a permitir a projecção do pescoço e cabeça para capturar as presas (à semelhança do que os camaleões fazem hoje com a língua). Curiosamente, apenas alguns indivíduos possuiam polegares oponíveis nos membros posteriores, podendo sugerir algum grau de dimorfismo sexual.

De maiores dimensões, Drepanosaurus spp. também provém do Norte de Itália e apesar de o seu crânio ser desconhecido, a sua característica mais distintiva era a estrutura dos membros anteriores, muito robustos, com uma ulna desenvolvida e em forma de crescente e o dedo II com uma unha extraordinariamente desenvolvida. Supõe-se que estas características sejam convergentes como o membro anterior dos papa-formigas-sedosos (Cyclopes didactylus) e que este animal tivesse usado os seus membros para escavar os troncos em busca de insectos e larvas. Aparece no centro do rascunho.

Bastante mais pequeno que os anteriores mas também italiano, Vallesaurus spp. é o único género em que juntamente com os fósseis, foram encontradas impressões de pele, de textura granular. Aparece ao lado do Drepanosaurus spp.

Mudando para o continente americano, temos o género Dolabrasaurus spp, semelhante a Megalancosaurus spp, e Hypuronector spp., que aparece no canto inferior direito. Ao contrário dos restantes membros da família, a sua cauda não era preênsil mas muito alta e comprimida lateralmente, podendo ter sido utilizada como orgão de comunicação intra-específica. As reconstruções deste género são muito especulativas, já que grande parte do crânio e as patas nunca foram encontrados.

E por hoje, já chega de cromice. Mas digam lá se não ficavam espetaculares num dos meus terrários???

quinta-feira, outubro 23, 2008

Procura-se

Ficedula parva


Está a ocorrer uma invasão de parvos em Portugal (como se precisássemos de mais) e esta semana já foram apanhados em Coimbra e no Algarve. Como é, pessoal? Nós que estamos no meio vamos-nos deixar ficar?

terça-feira, outubro 21, 2008

Que classe...

Depois de uma manhã perfeitamente caótica com a capacidade de improviso a roçar o surreal, parei num Mac para comer qualquer coisa. Estava eu a sentar-me quando de uma mesa próxima, ocupada por um bando de pitas-sucedâneas-dos-morangos-com-açucar que já tinham chamado a atenção pela guincharia, se ouve um sonoro: "F***-se! Tinhas as mãos na c**a e agora levas à boca! Porca do C*****o!". Não é que me choquem os palavrões, em algumas situações de trânsito (e hoje de manhã também) sai-me o reportório completo. Mas ouvir da boca de miúdas que no Verão passado deviam estar a brincar com Barbies é outra coisa. Não fosse pelo almoço tipicamente corrosivo até diria que a azia foi resultado da banda sonora. Este país está perdido!

Exclusivo

Na sequência dos 2 posts anteriores (t-shirts + falta de juízo) pensei em algo exclusivo para mim e mais a ver comigo. Tcharam:

Se fosse eu a mandar, a anilhagem era muito mais divertida, com marcação de espécies de Aves tão variadas como Dromornis, Confunciosornis, Archaeopteryx, Hesperornis e Terópodes não identificados. Ou pensavam que era só el presidente que tem direito a t-shirts catitas?

Por encomenda

O presidente pede e os rascunhos surgem:



Era mais ou menos isto que querias ter ao peito, pqt? O resto do pessoal não fique demasiado invejoso, depois havemos de pensar em maneiras de me subornarem para ter um t-shirt fixe como esta ou então, formas de uma certa associação me presentear com oferendas.

domingo, outubro 19, 2008

É oficial:

2008 será lembrado como o ano em que TODA a gente perdeu o juízo!

Os vampiros atacam Aveiro

Ta ta ta-ra-ra ta ta ra-ra-ta (pás!)...
Como era mesmo a música que o cigano estava a tocar com o seu violino desengonçado? Felizmente, já consegui tirá-la da cabeça. No entanto, fica na memória a rota Lisboa-Fernão Ferro-Alverca-Tornada-Coimbra-Aveiro (perfeitamente normal...) para chegar ao local de mais um curso de formação de vampiros-mirins, a caça ao pombo na Tornada, o excelente almoço de queijo e chanfana em casa do pqt (ainda agora, cada vez que penso no queijo deixo escorrer um fiozinho de baba), o raio do comando manual de slides que estava avariado, o jantar de bacalhaus de outros planetas (eu avisei que esta tirada dava direito a aparecer aqui...), a estranha fauna nocturna de Aveiro, as novas técnicas de recolha de sangue por projecção dos passarinhos contra as paredes, o almoço (menos bom) de chocos panados - com arroz branco? iech!... - e o reencontro de algum pessoal porreiro- mais uns mesitos e fazíamos um encontro de gaiteiros. Ah! E diz que o curso também foi fixe...

sábado, outubro 18, 2008

Nova definição de Insectos

Os Insectos são bichinhos ou coisinhas com cabeça, tronco e membros e 4 patas. Às vezes, com mais uma ou outra. (o Linneu deve estar aos pontapés na cova!).
É 6ª feira!!!!

Onde anda a FRONHAS?

Começo a achar que trabalho num local super-cool quando a mim, sósia de actor de novela da TVI, me perguntam "sabe onde está aquele seu colega que é a cara chapada do André Sardet?" . É que... dasse! Antes ser o gajo do preço certo, como já dizia o outro, do que cantores neo-pimbas-monos.

Técnicas de gestão de tempo

Acho que começo a exagerar e a fazer gestões de tempo excessivamente criativas quando, para entregar uns artigos dentro do prazo, andava a fazer contas aos fusos horários entre Portugal e os Estates para ganhar umas horas e acabar a escrita. Tudo entregue mas... não tentem isto em casa, crianças!

quarta-feira, outubro 15, 2008

Ó Murphy e se fosses para o c*****o??

Acordar com as costas feitas num oito depois de uma longa noite a lutar contra o tempo para acabar 3 artigos (e ainda falta um). Sair atrasado com um trânsito infernal a começar quase à porta de casa, que me fez desistir e deixar o carro estacionado uns 300 m à frente. Entrar no metro e ter as máquinas de venda de bilhetes todas avariadas e entrar na carruagem sem título válido. A complicação para me deixarem sair na estação de destino, com o funcionário do metropolitano desconfiado da história da avaria (mas toma! fiz uma viagem sem pagar bilhete, c***ão!). A reunião de bruxas no local de trabalho. Percorrer não sei quantas papelarias para não encontrar o que precisava e acharem-me maluquinho (dasse! É muito estranho um caderno pautado?). Estar na fila do continente e o multibanco avariar com a velha que estava à minha frente.
Digam-me que a partir daqui o dia só pode melhorar!

terça-feira, outubro 14, 2008

Ainda não foi desta!

Mais uma incursão nocturna ao Samouco e voltei a deixar escapar o 100 (por um lado, ainda bem, não acho grande graça àqueles passarinhos castanhos e de bico comprido que por lá andam). Desta vez, consegui beber café, não fui picado por mosquitos e voltei a aperceber-me do fenómeno espaço-temporal que ocorre naqueles lados, em que o tempo dilata e as 3h da manhã rapidamente passam a 4h30.
Uma constatação: depois dos 200 e tal pitos da última sessão, as expectativas ficaram muito altas.

Momento surreal do dia

Ontem atingi o apogeu da minha vida, quando fui informado que sou o sósia de um actor da novela da TVI. O que me deixou deveras preocupado...

sexta-feira, outubro 10, 2008

Desabafo

Ainda agora as aulas começaram e já há uma turma de calhaus que apela aos meus mais profundos instintos de Dr. Veneno. É que o deserto mental que reina naquelas horas é de tal maneira desesperante que até ao ano acabar devo ir mais depressa parar ao divã do psiquiatra do que aquela gente chumbar toda com notas negativas.

domingo, outubro 05, 2008

passarinhos fofinhos

Enquanto que uns dizem que os passarinhos têm penas fofinhas ou que são gorduchinhos (esta é mais antiga, alguém se lembra?) eu fui severa e impiedosamente criticado por dizer que as penas de determinada espécie eram sedosas. A conversa foi parar aos papa-moscas-sedosos, que aqui apresento em minha defesa.
Família Ptilogonatidae
Os papa-moscas-sedosos constituem uma pequena família de 4 espécies de distribuição maioritariamente mesoamericana, embora uma delas chegue até ao Sul dos Estado Unidos. São aves omnívoras, alimentando-se de Insectos que capturam em vôo à semelhança dos papa-moscas do Velho Mundo (daí parte do nome), mas também estão dependentes de bagas e outros frutos. Recentemente, análises de biologia molecular têm sugerido que estas 4 espécies de plumagem com um brilho e toque característicos (daí o resto do nome), embora próximas dos tagarelas (Família Bombycillidae) devam ser separadas destes. Desta vez, não tenho muitos factos obscuros para escrever sobre este bichos. São eles:

Phainoptila melanoxantha

Phainopepla nitens
Ptilogonys cinereus
Ptilogonys caudatus

Oooohhh!...

Pensavam que ia chegar aos 100 cromos e oferecer uma rodada aos demais presentes? Fica para a próxima sessão. De qualquer modo, o dedo do pé cristalizado e o estômago feito peneira (depois das doses cavalares de anti-inflamatórios), não iam permitir que pudesse acompanhar no brinde - e ia ficar a olhar ver o pessoal beber, não?
Foi o fim de semana de encerramento da campanha de Santo André, recheada de frio, toneladas de migas, patos zarolhos, atascanços vários, coletes voadores, poucas horas de sono e ataques de narcolépsia, mas com excelente companhia (depois digam que só sei dizer mal) e excelente disposição. Apesar das poucas aves - e tudo saberá a pouco depois do Douro e da última tainada de limícolas - ainda rendeu uns tantos cromos novos a alguns dos presentes.
Até à próxima sessão!

99...

Estorninho-malhado
(Sturnus vulgaris)

98...

Rola-turca
(Streptopelia decaoto)

quarta-feira, outubro 01, 2008