segunda-feira, agosto 31, 2009

This is the life

Após uma breve incursão à base da Serra da Estrela, chego mais uma vez rapidamente à conclusão que era capaz de me adaptar a um estilo de vida mais calmo, passado em piscinas com vista para a serra, a mergulhar em ribeiras de água gelada, a dormir até altas horas, a comer refeições infinitas e a bater records de minis. Alguns destes pormenores eram capazes de não fazer muito bem à saúde, mas a boa companhia destes 2 dias era capaz de ajudar a ultrapassar eventuais crises gotosas e outras maleitas.
E, mesmo à distância, consegui honrar o compromisso do desenho de Domingo. Só que como o calor era tanto e como a piscina falava mais alto, ficou uma bela bodega.




Rana iberica

quarta-feira, agosto 26, 2009

Calidris temminckii

Enquanto não houver novas histórias para contar, continua a haver o caderno da Suécia para ocupar estes espaços em branco. Estes esboços de Calidris temminckii (que não é mais que um C. minuta com patas verdes) são uma indicação que regressei mesmo viciado nos papéis coloridos. Sempre me podia dar para uma coisa pior.

domingo, agosto 23, 2009

Domingos de desenho

Depois de um interregno de algumas semanas, esta nossa iniciativa foi retomada. Mas com uma ressaca generalizada, tornou-se difícil fazer alguma coisa de jeito. Sobretudo porque os relvados à sombra na Gulbenkian eram muito mais apelativos. Chegou-se ao seguinte saldo:


2 de 3 riscadores dormiram a sesta;
1 de 3 riscadores andou à procura de um cágado;
3 de 3 riscadores desejaram empurrar turistas idiotas para o lago;
3 de 3 riscadores agradeceram que a velhinha do inferno não fosse sua avó.


Pelo menos, ao fim da tarde lá aparecera umas galinhas-d'água mas a preguiça não permitiu fazer mais que isto.

Lisboa by night

Há já algum tempo que não eram aqui feitas críticas gastronómico-sociais nem posts a destilar veneno e toxinas. Curiosamente, a noite passada conseguiu unir estes dois aspectos.
A noite parecera começar bem, com um jantar de aniversário num restaurante de que até gosto bastante e costumo frequentar, com belas entradas, ricas açordas de gambas, suculentos nacos na pedra e bons vinhos. Ontem, tinham também um prato novo no menú, que era pato verde (nota: não estamos a falar de molhos nem guarnições).
Depois de uma paragem para uns copos num bar de Santos (até posso fazer menção ao Left, que foi o único sítio que não decepcionou), 8 convivas decidiram rumar a outro sítio. Grande asneira!
Há agora um sítio da moda, que passemos a referir como Urban Bitch, por razões que irão certamente compreender, que fica ali numa zona muito bonita de Lisboa, atrás de uns armazéns abandonados, virado para o rio Tejo com as habituais cardumes de taínhas-de-esgoto e, que orignais que somos, com um extenso areal (razão talvez para o nome original) artificial. À entrada do estabelecimento tivemos um deja-vu conjunto e um momento nostálgico dos nossos 15 anos, quando nos barraram a entrada, meninos e meninas. E desta vez por razões diversas, já que só vimos entrar pitalhada, elas na versão putéfia, eles na versão boiola. Obviamente que nós, jovens adultos responsáveis, vestidos de forma casual mas normal e com excelente ar, estranhamos, especialmente quando o sr. funcionário se justificou com um:
"Hoje é só para clientes habituais"
wtf?! Pois é, acabaram por perder 8 potenciais clientes habituais... Bica, definitivamente!

quinta-feira, agosto 20, 2009

Guia de Campo Sueco (parte V) - Nonsense in Sweden

Last but not least, o último capítulo da saga escandinava: os disparates, as ausências mentais e todas aquelas pequenas histórias, que são o sal de cada viagem.


"Allt är mögligt"


E foi este o grande lema da aventura Birding in Sweden. Querem saber o que quer dizer não querem? Foi das poucas coisas que aprendi daquela língua de trapos, para além do básico (embora me tivessem escapado os palavrões).


*Jämtland é o nome da região onde eu estive.

Torna-se difícil referir tanta coisa e os pormenores vão-se esbatendo mas não dá para esquecer as paisagens incríveis, a profusão de bagas comestíveis (pelo menos, as que eu comi) e as fintas aos cogumelos manhosos e duvidosos que um italiano louco teimava em apanhar. Felizmente, os únicos encontros perigosos com fauna que tive foram com os enxames de mosquitos, que mesmo completamente encharcado em repelente, teimavam em esvoaçar no nariz e nos olhos, dificultando assim algum trabalho de campo.
Houve ainda momentos de grande iluminação e de auto-preservação, em que evitei pontes suspensas, especialidades culinárias checas gregoriantes e sobretudo, não ter ido andar de barco no dia em que regressava. É que o motor avariou no meio do rio e por esta hora ainda lá devia estar a dar aos remos...
Portanto, um saldo muito positivo, em que, em 2 semanas só houve uma erupção do alter-ego Dr. Veneno porque não há pachorra para lerdices e monguices quando se trabalha com fauna selvagem. Mas sempre mantendo a postura profissional para não causar nenhum incidente diplomático com a República Checa.

terça-feira, agosto 18, 2009

Guia de Campo Sueco (parte IV) - a gastronomia

Mais do que uma degustação da gastronomia sueca, como estavam presentes várias pessoas de diferentes nacionalidades a preparar jantares, assistiu-se mais a uma saudável competição entre diferentes cozinhas europeias. Atentem nas ementas e depois digam-me lá qual o país que definitivamente ganhou (e qual aquele que vai dar pesadelos ao meu palato durante uns tempos):
Suécia:
Almôndegas com puré de batata e molho de umas bagas (groselhas?) - se conhecem as do IKEA, sabem do que estou a falar;
Carne de rena e alce assados - :-)
Burritos - sim, na Escandinávia.
Inglaterra:
Tarte de ruibarbo - boa, quando o cozinheiro não troca o açucar por sal;
Pão de cenoura e azeitonas;
Porridge (papas de aveia).
Portugal:
Bacalhau com natas;
Perna de borrego assada;
Frango estufado com arroz de cenoura.
República Checa:
Lentilhas espapaçadas com ovos fritos estorricados;
Esparguete com ketchup (sim, só!);
Arroz doce (uma mistela feita com arroz cozido, açucar e bagas apanhadas nas traseiras da casa)
Já perceberam o meu sofrimento com algumas refeições? Ou estou a ser muito tendencioso?

segunda-feira, agosto 17, 2009

Guia de Campo Sueco (parte III) - o caderno de campo

Como sempre, nesta viagem esteve presente a trilogia Natureza-desenhos-gastronomia. Embora tivesse ficado aquém das minhas expectativas (nem acabei um caderno), também se riscou pela Suécia, mesmo com chuva, vento e mosquitos. Aqui fica uma ínfima parte dos esboços produzidos:
Amoras-do-árctico (Rubus chamaemorus). Dizem eles que estas amoras grandes, globosas e laranjas são uma especialidade. Eu achei uma bodega e só mesmo em compotas é que eram comestíveis.

Nas traseiras da casa havia um casal de grous e seu descendente que permitiram muitas horas de desenho.
As sessões de anilhagem também permitiram algum trabalho, aqui com pintarroxos (Carduelis flammea)...

... e aqui com rabirruivos (Phoenicurus phoenicurus), em que depois foi possível experimentar 2 materiais, aguarela e guache.

sábado, agosto 15, 2009

Guia de Campo Sueco (parte II) - as cadernetas de cromos

Parece-me que há aqui uns senhores ques estavam à espera era deste assunto. Pelo menos, tenho impressão que alguém me vai pagar umas jolas em Mértola... Temos então:


Caderneta das espécies novas observadas:
Rana temporaria (ou acham que andei só de olho nos pitos?)

Alces alces - fêmea e cria;
Rangifer tarandus - uma manada lá no alto da montanha;
Castor fiber

Gavia stellata
Gavia arctica
Bucephala clangula
Mergus serrator
Cygnus cygnus
Calidris temminckii
Phalaropus lobatus
Sterna paradisaea
Sterna caspia
Picoides tridactylus
Parus montanus
Lanius excubitor - atenção que cá temos é o L. meridionalis!
Hippolais icterina
Carduelis flammea

Mas também houve observações excelentes de grous, açores, brigas entre esquilos, chapins e trepadeiras e muito mais.


Caderneta das espécies novas anilhadas:

Gallinago gallinago
Calidris temminckii
Turdus pilaris
Turdus iliacus
Phoenicurus phoenicurus
Hippolais icterina
Sylvia curruca
Fringilla montifringilla
Carduelis flammea

(já repararam que foi preciso ir quase ao Pólo Norte para ter na mão alguns destes bichos? É sinal que algumas pessoas por cá não estão a trabalhar bem...)



Vá, identifiquem vocês os bichos que conseguem. E porque é uma trabalheira estar a pôr legendas em tudo. Para além destes, assim mais xpto, houve fartura de Luscinia svecica, Carduelis spinus, Phylloscopus trochillus (yack!) e Emberiza schoeniclus, tendo sido possível aprender e discutir muita informação sobre os mais variadíssimos aspectos dos bichos (incluindo aquele mistério insondável, perdoa-me HRC, que é a muda dos passeriformes. Mas isso é uma história para outro post).

Guia de Campo Sueco (parte I) - o contexto

Eis-me finalmente à pátria regressado, depois da expedição ao Norte da Suécia. Devido à grande extensão e complexidade dos temas que irei tratar, vou ter de preparar vários posts sobre diferentes tópicos (e assim, escuso de inventar assunto de conversa para os próximos dias). Infelizmente para alguns, terão de ouvir durante longas e penosas semanas frases como "Na Suécia era assim...", "Na Suécia era assado..." e "As suecas não sei quantos...".
Mas estejam descansados, em especial aqueles que tiveram o prazer de falar comigo quando cheguei, a fase de cuspir labaredas de fogo e esguichar sangue pelos olhos já terminou, depois de 36 horas virtualmente sem dormir em comboios periclitantes e aviões com criancinhas em birra contínua. A partir daqui, é só falar de paisagens maravilhosas e passarinhos a cantar nas árvores.

Uma breve passagem pelas ruas de Estocolmo (inédito! Eu a visitar uma cidade!).

Um dos locais de trabalho, no delta do rio Are (falta a bolinha em cima do A), com o lago Annsjön lá ao fundo. Bastante horrível, não é? E já disse que tínhamos de ir para lá de barco, a descer o rio, rodeados de mergansos, mobelhas e cisnes?

O outro local de trabalho ficava aqui, no meio de florestas de vidoeiros e árvores de Natal. O rio que vêem, onde andavam Bucephalas clangulas e castores é igualmente o rio Are.

Acham mesmo que atravessei isto??? Mas... devo dizer que dei uns passos na ponte-baloiço-do suicídio. Aqueles lá ao fundo eram colegas meus mas como apareceu um urso no outro lado da ponte, eu tive de cortar as cordas para me safar e poder escrever estas linhas. Eles foram cascata abaixo.

Mas... fiz outras idiotices, como subir até à base desta montanha, a Storsnassen, sozinho, sem mapas, telemóvel e outras coisas lógicas. Infelizmente, começou a chover torrencialmente e tive que regressar sem ver lagópodes ou moleiros-rabilongos. Mas vi renas! (Repararam no pormenor de termos uma montanha com neve, 8º C e chuvas diluvianas em Agosto? É assim o Verão na Suécia...)

Já estoirararam de inveja ou ainda aguentam mais uns posts?

terça-feira, agosto 11, 2009

Update II

Hoje esteve a amena temperatura de 11 graus, andei com 2 polares e impermeável vestidos e a meio da manhã tivemos que interromper os trabalhos porque comecou a chover. Agosto na Suécia! Mas hoje também, um castor passou à minha frente no rio e o casal de grous da traseira da casa comecou a ensinar a cria a voar.
Entretanto, fui promovido a chefe, depois do bacalhau com natas desta noite (não era bem bacalhau e também não eram bem natas). Mas também há quem diga que sou o waders expert e moulting expert, que são as coisas que mais detesto, portanto é melhor não dar muito crédito...
Só é pena estar quase no fim.

sexta-feira, agosto 07, 2009

Update

Consegui arranjar um tempinho para dizer que estou vivo, ainda não sucumbi à hipotermia nem às hordas de mosquitos que por aqui andam. Já vi alces e renas (e também já os comi), estou um expert em navegacao fluvial, de tanto viajar no delta do rio Åre, com mobelhas e mergansos a sobrevoar-nos, já tenho muitos cromos novos na coleccão, ainda não sei falar uma palavra de sueco e a casa parece uma versão ornitológica da residencia espanhola, tantas são as nacionalidades que aqui param. E, sobretudo, continuo deslumbrado com a beleza do Norte da Suécia.
Seguem-se mais actualizacões (se não estiver a fugir de um alce ou de um urso)

segunda-feira, agosto 03, 2009

Próxima paragem:

Suécia!

Domingos de Desenho

E a saga continua! Desta vez, o destino foi o jardim do Museu do Traje e diga-se de passagem, a merecer muito mais o título de jardim botânico do que o seu homónimo, quer fosse pela organização, pelo aspecto mais cuidado, pelas inúmeras fontes, lagos e cascatas e pela maior diversidade de objectos de desenho. Na verdade, o mais importante foi, como pessoas decentes que somos, não termos pago entrada, darem-nos lanche sob a forma de belas e sumarentas maçãs e haver uma bela esplanada a meio do percurso. Por isso, recebe o título de melhor jardim de Lisboa. Quando dermos a volta a todos os espaços verdes da capital, este vai ser o primeiro a repetir.