segunda-feira, dezembro 29, 2008

Até para o ano!

Antes que seja invadido pela desejo estúpido de fazer balanços do ano que acaba, rumo amanhã para a Ericeira. Boas entradas!

Como a tartaruga conseguiu a carapaça?

Essa é que é uma grande questão dos nossos tempos. Para pessoas que, como eu, estão com relativamente pouco para fazer (que culpa tenho eu de estar de férias?) e vão intercalando revisões de artigos estranhos (sim, já foi entregue) e outras actividades que se querem científicas, mas também para outras que fazem destas questões o seu dia-a-dia, esta pergunta tem a sua pertinência. Porque, no meu caso, as tartarugas (ou Testudines ou Quelónios) foram as primeiras de uma longa lista de seres vivos que habitaram a minha casa e mais tarde, vieram a fazer parte também da minha vida profissional e sempre se ganha alguma empatia aos bichos. Mas também porque são animais fixes, mantém um modelo anatómico básico e uma forma super-conservativa que praticamente não se alterou, desde que apareceram na Terra há mais de 200 milhões de anos e que lhes permitiu colonizar todos os continentes e uma variedade de habitats terrestres e aquáticos. E também surge esta questão porque estou farto do tema "Natal" e não me apetece começar a falar do tema "Ano Novo".Testudines basais e candidatos a antepassados (esquerda para a direita): Bradysaurus, Pareiasauro do Pérmico médio; Odontochelys semitestacea, Testudine basal do Triássico superior da China; Proganochelys spp., Testudine basal do Triássico superior da Europa; Henodus spp., Placodonte do Triássico superior e Chinlechelys tenerstesta, do Triássico superior do Novo México.
Devido à sua anatomia tão inalterada e ao facto de, subitamente, no final do Triássico surgirem tartarugas, como Proganochelys, basicamente idênticas às formas actuais, alguns cromos ocuparam parte do seu tempo a pensar quais seriam os antepassados mais prováveis das tartarugas e como se teria processado essa evolução.
Dois grupos de Répteis foram propostos como eventuais antepassados: os Pareiassauros e os Placodontes. Os primeiros, anápsides como as tartarugas, surgiram no período Pérmico, e deram origem a formas herbívoras de grandes dimensões mas no final do período Triássico houve uma forte tendência para diminuição do tamanho e algumas espécies, como Anthodon, desenvolveram uma armadura dérmica composta por osteodermes a lembrar um pouco a das tartarugas. Os Placodontes, que provavelmente não serão parentes directos dos Testudines, constituiam um grupo de Répteis marinhos que surgiram no Triássico e rapidamente deram origem a formas muito especializadas, algumas das quais, como Henodus, desenvolveram carapaças formadas por osteodermes, que lembravam as das tartarugas, mas que tinham uma estrutura interna muito diferente.
Em Outubro deste ano, foi descoberto um fóssil na China de um Réptil que não é mais que uma forma transicional (a evolução funciona!) entre uma coisa qualquer (ainda não se chegou consenso quanto aos antepassados) e uma tartaruga e que veio, por um lado, esclarecer algumas coisas mas, por outro, colocar mais perguntas. Odontochelys semitestacea, tem dentes (as tartarugas têm estes substituídos por placas córneas), apenas um plastron - não apresenta uma carapaça, o que vem suportar um pouco o processo de desenvolvimento embrionário das tartarugas, em que o plastron forma-se primeiro que a carapaça e costelas alargadas. Posteriormente, ter-se-á formado uma carapaça por fusão de osteodermes da parte dorsal do corpo com as costelas.
As formas posteriores, como Chinlechelys e Proganochelys, possuiam carapaças completamente formadas e o pescoço e cauda cobertos por osteodermes - sugerindo que, provavelmente ainda não tinham sido desenvolvidos métodos de os enfiar dentro da carapaça. Rapidamente, ocorreu a divisão entre Pleurodira e Cryptodira, que diferem não só na maneira como retraem o pescoço na carapaça - as Pleurodira de lado e as Cryptodira por meio de uma ventroflexão - mas também na forma como a bacia se articula com a carapaça e Tcharam! no Jurássico já encontramos formas praticamente idênticas às actuais.
E, por hoje, chega de cromices.

quinta-feira, dezembro 25, 2008

Natal Feliz

...seria ter a minha avó na cozinha a fazer sonhos de abóbora ou azevias rechadas com grão, que até nem são as iguarias natalícias que mais gosto mas que nunca lhe cheguei a dizer o quanto eram bons e hoje quase nem me lembro do seu sabor.
Ter montado uma árvore de Natal e pendurar lá em cima mas não tão em cima que que ficasse mais alto que a estrela aquele pai Natal tão carcomido pelas traças mas que já conheceu algumas gerações da família e ouvir, uma vez mais a sua história.
Ter ido apanhar musgo e pedras para montar um presépio, mesmo sem ninguém acreditar muito em toda aquela simbologia e recriação cristãs, mas ainda assim era bom tirar das caixas santos sem cabeça, anjos só com uma asinha e reis magos sem um braço e outras tantas peças reunidas por uma bisavó que não cheguei a conhecer.
Ter passado pelas montras e ver legos e playmobis e outras tralhas que tais, fazer listas intermináveis de prendas (ou nem tão intermináveis assim, quando eramos pequenos sabiamos ser bem mais comedidos nos pedidos), passar as semanas de Dezembro com um formigueiro de expectativa no estômago e acordar na manhã de 25 para encontrar mais não-sei-quantos embrulhos desconhecidos na base da árvore (apesar de ter andado a procurar por presentes por todos os recantos da casa nos dias anteriores).
Ter celebrado o Natal sem a sombra da morte de pessoas mais ou menos próximas, mas que de uma maneira ou de outra nos vai invadindo lentamente, como o frio que entra por baixo da porta, ou porque deixa pessoas de quem gostamos arrasadas ou porque nos faz lembrar amigos e família que, por mais que gostassemos deles, já não se encontram entre nós.
Mas não foi. E quis que este Natal passasse rapidamente. Porque não faz sentido esta obrigatoriedade em estar com um sorriso nos lábios.
Sim, Christmas blues, eu sei.

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Mais rabiscos


Não conheço muito bem nem nunca desenhei a fundo estes gajos. Em vez de dedicar o meu tempo a fazer outras coisas mas como depois do último post já estava a pensar demasiado, foi-se compondo durante a tarde esta selecção de Pterosauros Ranforrincóides, que são os membros mais basais da Ordem. Não sei se as posturas e pormenores anatómicos e comportamentais estarão correctos mas também quem é que me vai contrariar?
No sentido dos ponteiros dos relógios: Dimorphodon, Batrachognathus, Rhamphorhynchus (imagino que também se coçassem), Preondactylus (o mais primitivo), Dorygnathus a demonstrar cuidados parentais (se os crocodilos e as Aves o fazem porque não outros Arcossaurios?) e 2 possíveis aspectos de Anurognathus.
Vá, digam lá todos em coro: Geek!! (E eu ralado)

Ciclos

Nos últimos 3 dias, a sequência baptizado, encontros com amigos, velório e funeral deu que pensar um pouco nas coisas. A quadra festiva também não ajuda muito.

And the Oscar goes to...

Australia!!!
O filme podia ser simplesmente mau mas o realizador Baz Lurhman, tentando criar um clássico australiano, conseguiu criar o maior desfile de clichés da história do cinema. Desde a "E tudo o vento levou", passando por "Casablanca", "Danças com lobos", "X-men", "Crocodilo Dundee" até chegar aos documentários da vida selvagem, westerns e filmes turísticos promocionais.
Ao longo das intermináveis 3 horas de projecção, longas como o deserto australiano, vai-se alternando entre a sensação de dejá vu e as gargalhadas nas cenas mais dramáticas, tal é o índice de piroseira.
Impressionante mesmo foi a cena da tempestade tropical, aquilo é que foram efeitos espaciais, que até fizeram saltar o filme do projector!
Mas enfim, nem tudo foi mau. Graças à engenheira Saramuga, que arranjou os convites, fui ver a película à borla e pude ouvi-la suspirar profundamente cada vez que o Hugh Jackman aparecia em cena. Por isso (por ter arranjado os bilhetes, não os suspiros que ainda tenho o ouvido esquerdo com o eco), o meu obrigado. Quando é o próximo filme?

terça-feira, dezembro 23, 2008

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Rabiscos

Tenho por hábito ter folhas de papel ao lado do PC, onde vou rabiscando coisas. Horas e horas de downloads (ver post anterior) resultaram nisto:


Moa-nalos ou Anseriformes ápteros havaianos, alfaiates perturbadores, fauna cambriana de Burgess, moluscos diminutos, marretas, girafídeos extintos, pássaros improváveis, utensílios de ninja, torneiras, ácaros e roedores mesoamericanos.

Um sinal claro e óbvio que o juízo foi-se...

Sou mesmo fácil

Esta semana, tive uma grande esfrega ao ego, que rapidamente se revelou numa armadilha bem urdida em que caí que nem um patinho. Depois de receber mails de colegas italianos a perguntar coisas sobre cortisol e xixi de hamster (sim, eu sei, pode parecer estranho), recebo um mail a convidar para ser revisor de um artigo científico. Por esta altura, estava já tão inchado que não cabia na sala.
Pior, o mail dizia ainda que oferecia livre acesso a dezenas, centenas de outros artigos e subitamente, imaginei-me a navegar por um oceano de conhecimento e confesso que nem vi mais nada. O pior é que nem me posso queixar das letrinhas pequeninas, estava bem escarrapachado o título do artigo que aguardava a minha atenta revisão.
Também achei chato, depois de horas a fio a fazer downloads intermináveis de tudo o que me interessava dizer "Ah e tal, temos pena". Por isso, lixei-me com F grande e já tenho um belo de um TPC para as férias.
Alguém aí percebe alguma coisa de desenvolvimento e regeneração neurológica em porquinhos-da-índia?

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Anúncio oficial

Informo todos os interessados (ou talvez nem por isso) que hoje entrei oficialmente de...

FÉRIAS DE NATAL!!!

Ho-ho-ho! E isto não é o pai Natal a rir-se (se bem que possa enganar alguns), sou mesmo eu, imbuído de espírito natalício, a partilhar a boa nova. Antes de começarem a chover as mensagens de insulto e ameaças de morte, tenho a informar que vão ser só umas feriazitas a meio gás porque não encerrei toda a actividade profissional, tenho trabalho para despachar no PC, etc, etc. Já se sentem ligeiramente menos invejosos? Não?
Vá, todos a cantar comigo: É Natal! É Natal!

terça-feira, dezembro 16, 2008

O homem dos mil ofícios

Entre as minhas vastas e reconhecidas capacidades, todas exercidas com mestria e habilidade, junta-se mais uma, que é... (rufam os tambores)... inspector oficial de sopa!
Tudo porque umas meninas encontraram uns OFNIs (Objectos Flutuantes Não Identificados) na tigela da sopa e vieram, movidas pelo pânico e asco de ter comido coisas não-comestíveis, perguntar o que era aquilo.
Claro que me diverti imenso, não só quando tentava conter o riso quando ia tecendo o meu diagnóstico - não, não são fios de feijão branco, parecem mesmo larvas de um insecto qualquer - e as moças oram iam ficando brancas, verdes, às riscas, tentando conter o vómito - sim, porque já tinham levado à boca duas colheradas daquela mixórdia - mas sobretudo quando andei o resto do dia, sorriso sádico mas simpático nos lábios, a perguntar a toda a gente se tinham comido sopa ao almoço.
Mas que exagero, também eram só uma dúzia de larvas, tenras e rosadas... por tigela de sopa!

sábado, dezembro 13, 2008

Já começou!

Ontem decorreu o primeiro de uma longa lista de jantares, almoços, lanches e ceias de Natal que aí se avizinham. Desta vez, o início das festividades coube aos agá-vê-éticos, presentes e passados, com uma mesa farta, onde não faltou o bolo rei. O melhor foram mesmo es extremos da refeição, começando nas tâmaras recheadas com queijo e terminando na mousse de maçã. E claro, todo o convívio. E vir com os bolsos cheios de bolas de neve. Tem a ver com a quadra!

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Promessas...

Depois de 3 horas infernais a preparar uma apresentação para hoje à tarde, em que o computador bloqueou, a internet estava lenta como um caracól, não encontrava os artigos que precisava e tive que recorrer a algumas liberdades criativas, eu juro que nunca mais deixo as coisas para a última da hora!
É que não compensa os cabelos brancos de trabalhar em contra-relógio nem a sande que teve de fazer as vezes de almoço. Começo a achar que é qualquer coisa kármica para me castigar pela outra apresentação, dos aracnídeos.
Mas... provavelmente, faria tudo na mesma. Pelo menos, para apreciar o sabor da adrenalina de trabalhar sob pressão. E para ver a expressão de terror causada por uma aranha num slide! E já sei que para a próxima prelectura - olha, é já na próxima segunda - vou deixar tudo para a última.

Novo patamar de ruindade

Fazer uma apresentação em PowerPoint com fotografias de aranhas (tinha a ver com o tema, agora não vem ao caso) a uma assistência composta por algumas pessoas com aracnofobia. Se soubesse, tinha posto mais fotos com tarantulas maiores e mais peludas!
Bwahahah!
(isto quer dizer que vou receber menos quantas prendas no Natal?)

quarta-feira, dezembro 10, 2008

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Non-sense weekend ou Elogio à alarvidade ou três dias no Minho

Este foi o fim de semana certo na altura certa. Foi bom regressar a uma de muitas zonas de conforto, desta feita entre os rios Lima e Minho. Basicamente, para comer, beber, dormir e fazer disparates.
Provou-se os melhores croquetes do mundo, tarte de chuchu, setas no forno, pizzas tresloucadas, pseudo-tiramisús, posta barrosã, clarinhas, sidónios, manjericos, bola e muito mais num frenesim que parecia que os estômagos destas 5 enfardadeiras não tinha fim. Sempre acompanhado de vinho verde, branco ou tinto.
Provou-se também que a idade não trouxe sabedoria. Ou pelo menos, juízo. Entre conseguir ver todos os sketches dos Conteporâneos, tumbas e tesourinhos deprimentes, conseguiu-se deixar a nossa marca indelével em estabelecimentos de restauração inocentes (isto sou eu a falar manuel-machadêz) como o Ancoradouro (onde alguém assediou lasciva e impiedosamente um funcionário) e o Natário (onde se diz que as gargalhadas da mesa do canto fizeram saltar as garrafas de tintol das estantes). Expressões e momentos para a posteridade, como os débeis atrás de cãezinhos na rua, as árvores que dão xailes, o desbaste à laranjeira do quintal e muito, muito mais. Tanto que tornou difícil o regresso à rotina.




sexta-feira, dezembro 05, 2008

Migração

Contrariando todas as rotas de migração, rumo ao Norte, com um stop-over-time (cromos ornitólogos, é assim que se diz?) de 3 dias em Moledo.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Novidades automobilísticas

Enquanto o meu carro dilecto do coração está na oficina a ser revisto, inspeccionado (finalmente!) e, pasme-se, a receber um travão de mão novo - Surpresa! quem andou comigo à boleia nos últimos meses se calhar não reparou que esta peça fundamental não funcionava - recebi um carro de substituição e tenho andado por aí a bombar nisto:
Kia picanto
Até é fixe mas... prefiro o meu, com riscos, borboleta no farol direito (fenómeno digno dos X-files) mas, vá lá, com um travão novo.

Very typical...

... como sempre, deixar acumular trabalho e os prazos de entrega estão aí a rebentar. Prevejo uma ou duas directas para entregar mais um artigo até 6ª (infelizmente ainda não vai ser a capa da Nature). Valham-me super-poderes!