domingo, agosto 31, 2008

Hasta la vista

Amanhã volto ao Douro e depois, sigo para o Gerês. Como vou entrar em fase anti-tecnologia e reverter a um estado semi-selvagem, os posts vão ser muito menos frequentes. Até ao meu regresso!

Retorno a Tornada

Para me recompor dos traumas da aldeia dos macacos auto-mediquei-me com uns dias de anilhagem no Paúl de Tornada. Os efeitos secundários incluíram uma espécie nova - um banalíssimo pato-real (Anas platirhynchos) -, o primeiro caso descrito para a ciência de uma carriça com sarna, cafés extra-chávenas, overdoses de andorinhas e estorninhos e, sobretudo, overdoses de informação nova.
Claro que tudo acompanhado pela boa companhia de el Presidente y el Vice-Presidente. De certeza que estavam já a temer um post corrosivo mas, lamento, só tenho a dizer bem da campanha de Tornada.

segunda-feira, agosto 25, 2008

Aldeia dos Macacos

Ao regressar da Figueira consegui convencer o Rodas a passar pelo festival Bons Sons ao pé de Tomar, que até ficava de caminho. Depois de andarmos perdidos pelas aldeias da zona e da mota dele começar a fazer ruídos pouco saudáveis, lá encontrámos a localidade de Cem Soldos.
E nada nos teria preparado para a visão dantesca que era aquele sítio: parecia que todos os freaks do país, quiçá da Europa, tinham convergido para aquele ponto para uma grande rasta-convention. Posso parecer preconceituoso ou velho jarreta mas não tenho nada contra rastas, colares de missangas ou djambés. Tenho sim, sérios problemas com pessoas sem conceitos de higiene pessoal, que não fazem nada da vida que andar a fazer malabarismos com bolas ou garrafas de vinho e que passam o dia completamente janados. Acreditem que vi cenas que me fizeram perder fé na humanidade e vou precisar de acompanhamento psicológico nos próximos tempos.
Mas até podia pensar que havia ali umas incongruênciazitas com telemóveis e cartões multibanco a fazerem contraste com os cabelos encardidos ou apanhar lixo do chão para comer e que se calhar aqueles meninos e meninas devem demorar o dobro do tempo a fazer as suas toilettes matinais às rastas do que eu demoro de manhã. Mas se calhar estou a ser demasiado cáustico e ainda vêm dizer que tenho maus-fígados (que tendo em conta a noite anterior até nem está muito longe da verdade).
O pior foi mesmo os olhares de fúria do Rodas que só não me abandonou no recinto porque tinha o capacete na mala do meu carro. A coisa só melhorou - e muito - com a actuação dos Roncos do Diabo. As gaitas de fole e o tambor, possuídos pelo demónio, fizeram esquecer os outros pormenores. Foi um bom concerto mas ainda assim, aquém da mítica actuação em Malhadas.
Ao fim do último acorde saímos dali para fora o mais depressa possível e regresso para Lisboa a toda a velocidade.
Um conselho: no futuro, quando vos convidar para um concerto ou festival, desconfiem e vão investigar. Eu vou fazer o mesmo.

Guia de festas

Estou a pensar seriamente mudar o nome do estaminé para "Guia de festas populares". Este fim de semana foi a vez das míticas festas na Sobreira Formosa. Depois de mais um jantar de musaranhos no Sábado, das rondas de ginjinha e aguardente de poejos, das super-caipirinhas e super-cuba livres, de mais rifas e prémios de sonho, de sessões fotográficas com grande potencial para chantagem, foi a minha estreia num concerto do grande Quim Barreiros!!! Foi o delírio ouvir desfilar o vasto reportório musical do artista!!!
Eu que nunca fui à bola com a festarola e farturas acho que nunca fui a tanta festa popular como este ano. E o pior é que está a haver um regresso às bases e acho seriamente que o pessoal começa a gostar mesmo a sério destes eventos. Desistam de nos ajudar, estamos além de qualquer salvação.
O Domingo, obviamente, passou-se na praia fluvial da Fróia a comer tostas mistas e hamburgueres até ser hora de regresso.
Nota: era mesmo um cartaxo! Alguma vez aquilo é um pardal???

sexta-feira, agosto 22, 2008

Work in progress

As aulas de ilustração terminaram mas as ideias e projectos fictícios continuam a bom ritmo (apesar das limitações tésicas e afins dos últimos dias). Como já é habitual, só há esboços e desenhos incompletos mas como não postava bonecada há algum tempo aqui vai uma amostra do que se vai fazendo nos intervalos:



Estudo para Pelobates cultripes, grafite e lápis de cor

Estudos de peixes abissais para uma ideia maluca, marcadores Sakura

Milvus migrans, aguarela e gouache em papel colorido

Neophron percnopterus, gouache em papel colorido

Os morcegos no museu

Antes de mais, um anúncio: já terminei a história interminável da tese, que neste momento deve estar a ser lida pelos meus orientadores à luz do candeeiro da mesa de cabeceira, qual romance digno de prémio Nobel. Viva para mim! Isto para dizer que após um dia inteiro (mais um) em frente ao computador, a mente não está propriamente sã.
Posto isto, e após uns coelhos e iguanas depois de jantar, rumou-se ao Museu Nacional do azulejo para... ver azulejos, obviamente mas também para assistir a um concerto de jazz no pátio. O saldo: muito disparate, o casamento da galinha, insultos à terra do meu avô, crocodilos na igreja, macacos verdes pela parede, senhores que se esquecem da chave de casa, alguém que ficou a ver burros por todo o lado, descobrir que Lisboa antes do terramoto era habitada por gigantes e estrunfes, ouvir o fim do concerto e o melhor de tudo... entrei à cara-podre e não paguei bilhete! Tcharam! Mais um viva para mim!

domingo, agosto 17, 2008

Fim de semana de sacrifício

Para festejar o aniversário da Dra. Pulha e marcar a sua entrada nos 30's (a partir daqui é só a descer!) rumámos uns quantos ao Sul do país. Na verdade, só fomos lá na mira que ela nos pagasse qualquer coisa mas como ela é fonas só nos ofereceu um mísero pequeno almoço. E nós que fomos tão amigos lhe cantámos os "Parabéns a você" em todas as terras por onde passámos (e não foram poucas) e em várias línguas...
Foi mais um percurso em zig-zag (do tipo Lisboa-Lagos-Sagres-Lagoa-Aljezur-Sines-Lisboa), deu para rever 2 desaparecidos em combate, passar a noite em casa da ex-miss-Tartatuga-marinha (para ela nos vir acordar bruscamente às 10 da manhã), ver eclipses lunares, macacos voadores, o Freud a descer de para-quedas em Sagres, empregados de mesa estranhos, cata-ventos em toda a parte, mais uma vez, comprovar o estatuto do meu super-carro a descer e a subir para a praia do Canal e achar que, para quem não esteve presente, este post não tem pés nem cabeça.
Para quem não foi, umas fotos de mete-nojo da praia do Canal:

Maratona popular

Depois do milagre da multiplicação das reportagens, já devidamente corrigido, o Guia de Campo marcou presença em mais uma festa popular, desta vez da aldeia de S. Pedro em plena serra da Arrábida na passada sexta-feira.
É verdade que o programa foi muito mais tranquilo que as festas ribatejanas, com direito a mergulho na piscina, convívio no alpendre, tortas de azeitão e NÃO ganhar rifas na quermesse. Mas nos próximos tempos vou ser tenrinho e só marcar presença em festas sem bois. Dos de 4 e de 2 patas. Especialmente aqueles que querem marrar nos meus amigos.

sexta-feira, agosto 15, 2008

Finalmente, a reportagem!

Onde estão os Wallys? Quem são os outros cromos? Vejam tudo aqui (só retrata o primeiro dia do evento mas é melhor que nada).

quarta-feira, agosto 13, 2008

Ajuda, precisa-se!

Quem é que percebe alguma coisa de estatística? testes t, p, graus de liberdade, intervalos de confiança... F***-se!

domingo, agosto 10, 2008

Iconografia mirandesa

Por fin alguas eimages!


Os burros, inevitavelmente!
Paisagem envolvente
Cegonho tradicional


Pormenor da igreja da Póvoa

Guindilhas e cerveja ou a relação causa-efeito


Esboços de cartaxos de manhã cedo

Uma noite... diferente

Continuando a onda de festejos tradiconais, na passada sexta-feira foi a minha estreia na festa do barrete verde de Alcochete. Depois de um agradável jantar - ainda não descobrimos o segredo da massa de camarão dos Petiscos do António mas andamos lá perto - rumou-se à festarola e ao que seria uma noite à natiga. Mais ou menos... Senão ora veja:
Toiros (ou pelo menos os cornos, que foi a única coisa que consegui ver). Copos. Porrada (a partir das 4 da manhã a vila mais parecia um cenário de batalha campal). Possessões demoníacas. Versões portuguesas do incrível Hulk. Técnicas de diplomacia e negociação.
Felizmente, tudo acabou bem, só alguns fígados mais torcidos. Quer dizer, ninguém ficou com um olho roxo ou o nariz deitado a baixo. Por isso foi muito divertido e os anfitriões estão de parabéns.
Mas não deixo de pensar: "f***-se! Chega um gajo aos 30 anos para assistir a primeira vez a cenas destas?!"

sexta-feira, agosto 08, 2008

Dia 4 - de Malhadas a Miranda

Depois de acordar noutro lameiro com uma vista esplêndida sobre os campos, lá consegui fazer mais uns bonecos e tomado o pequeno almoço, lá se faz o grupo à estrada com uma primeira paragem por Pena Branca.
Almoço à sombra e há que começar a gerir a gota, intercalando as jolas com outras buídas. Começa-se a chegar àquela fase em que basta sentar-me para desligar o cérebro e começar a dormir pelos cantos. Ou se calhar é a minha desculpa por ter ficado em penúltimo no jogo dos pregos.
De Pena Branca toma-se o caminho para Vale de Águia, começa-se a ter uns vislumbres sobre as arribas sobre o Douro e avista-se Miranda ao longe.
A entrada na cidade foi um misto de apoteótico com uma invasão. Não de bárbaros mas de burros, burriqueiros e gaiteiros. E nem dá para descrever toda a marcha pelas ruas. A toque de caixa. Mas quem lá esteve sabe do que falo. O cortejo para numa praça (perdoem-me a ausência mental mas ainda estou a digerir a overdose de informação dos últimos dias) para uma actuação dos pauliteiros de Miranda para depois seguir para outra praça (deve ser mesmo Alzheimer) onde teve lugar o jantar, a final do jogo do prego e rever a actuação de Galandum Galundaina. Por esta hora, já nem sei onde arranjo forças para mexer sequer as pestanas. Ainda tocaram os Rarefolk mas o momento já era de despedida, não sem antes terminar com umas últimas paródias em palco.
É óbvio que este relato é uma fracção de todo o evento, que superou toda e qualquer expectativa e transcendeu todos os sentidos. É que nem faz sentido descrever por palavras esta nova perspectiva sobre a região (afinal, não é só passarinhos). Mas talvez ao som da gaita de foles consiga fazê-lo.
Um grande bem-haja à organização, AEPGA, Galandum Galundaina, aos burros e a todas as pessoas e personagens, rainha das fadas, escuteiro-mirim de andrómeda, le Mota e todos os pormenores, pequenos e grandes como as arribas que tornaram este passeio por terras de Miranda único. Para o ano certamente voltarei.
P.S.: WTF?! Chego a Lisboa e é ruas cortadas, assaltos e reféns, pessoas histéricas (sim, fui directo do Douro para o trabalho) e o camandro. Quando é que posso voltar a sair?

Dia 3 - de Constantim a Malhadas

Só pelo fim da manhã se conseguiu mobilizar as hostes e, acompanhados da Lindinha e da Iroatsu, lá se fez o nosso grupo à estrada, em companhia dos restantes burriqueiros e seus burricos, com os gaiteiros e outros músicos a anunciar a passagem da longa caravana pelos campos, seguidos pela matilha de 3 castros laboreiras e outros exemplares caninos e por 2 carroças, carregadas de miúdos, água e melancias.
Paragem na Póvoa para almoçar e engolir, com o resto do almoço, que não gosto de feijão verde, porque estes estavam deliciosos. Finalmente, os primeiros esboços e a certeza que iria ficar muitíssimo aquém da fasquia por mim colocada, que era encher um caderno de campo em 4 dias. Sinal de que não havia tempo de desenhar e de que, no futuro, tenho mais uma desculpa para regressar à região e ao passeio.
É hora de ir buscar os burros ao lameiro e fazer-nos ao caminho para Malhadas, já pela fresca do fim de tarde, com o sol a mandar os últimos raios entre os freixos e carvalhos. Chegado então a Malhadas, está na hora de voltar à Póvoa para buscar o carro numa viagem surreal.
Depois do jantar, dos pauliteiros de Malhadas e de actuações espontâneas das velhotas locais, começou um concerto memorável, seguramente entre os melhores que já assisti - atenção, estou a falar de coisas ao nível de Arcade Fire no Superbock do ano passado - com os Tuttis Catraputis a arrasar e a incendiar (literal e figurativamente) a assistência, seguidos dos Roncos do Diabo a manter as hostes em brasa, para ter um final apoteótico com todos os músicos juntos a tocar. Por volta das 3 da manhã acho que já ninguém sabe onde ir buscar as forças para saltar, gritar e bailar, no que parecia algo como uma transe-party de duendes da floresta num filme de Kusturica (ao fim de longas horas de debate chegámos a esta definição que dá uma ideia do ambiente).
E eu acabei a noite de fato de banho a tomar duche de água gelada no centreo recreativo da terra, com toda a gente a achar que estava mais bêbado que eles todos. Mas estava sobríssimo (acho) e aquele banho soube que nem ginjas.

Dia 2 - Constantim

Chegados a esta aldeia raiana, começa verdadeiramente o programa das festas, no meu caso, na oficina de Célio Pires, para um workshop sobre gaitas de foles e flautas pastoris da região. A riqueza de pormenores históricos e técnicos e o debate de ideias levou a que a conversa se estendesse agradavelmente por toda a manhã, não permitindo que participasse no workshop seguinte, de pauliteiros - o que se calhar não foi assim tão mau, pois mantenho os dedos inteiros e a testa no sítio - mas ainda deu para visitar o tio Aureliano e ver as capas de honra feitas por ele.
Depois de almoço, hora do burro-paper aldeia fora, conhecer as gentes, provar guindilhas e porretas, decifrar inscrições em mirandês e passar o resto da tarde a pintar uma carroça com mais 2 artistas. O tempo voa e já é hora de jantar, assistir aos concertos de Trasga e de Sonidos de Trasgo, a preparar o clima para o que virá.
Às 2 da matina é hora de procurar um sítio para dormir.

Dia 1 - Chegada a Miranda do Douro

Depois de uma breve passagem pela Figueira, da sua casa assombrada, da praia fluvial da Fróia e do jantar de musaranhos, é altura de rumar para Nordeste, passando pelas terras de Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo-de-Espada-a-Cinta, Mogadouro, Sendim e Atenor, ora descendo as fragas quase até ao rio, ora atravessando o planalto mirandês.
Bagagens largadas em Teixeira, ruma-se a Miranda para a recepção do passeio na Casa da Música, que dava um pequeno vislumbre do que se iria passar.

L Burro i l Gueiteiro

Foram 4 dias inesquecíveis passados por terras de Miranda!

sexta-feira, agosto 01, 2008

Update

Depois da booze house party em casa da Piko, da visita a Mora, do seu peixário, Montargil e a excelsa gastronomia, da finalização dos trabalhos em Elvas, da quase conclusão da tese (e recepção de mais um trabalhinho de férias), do encerramento do curso de ilustração científica - mas não dos desenhos e muito menos das pessoas - e de um jantar no Aya (mais um japonês, a dever muito à organização mas que depois compensou) acho que deixei passar ao lado algumas peripécias, histórias e pormenores que até tiveram piada.
Mas o que querem? Parece que a qualidade de vida é inversamente proporcional à frequência com que venho aqui largar um pouco dos maus fígados.
Mas descansai, prometo continuar a voltar aqui largar um pouco de bílis e queixar-me disto e daquilo. Apesar desta ser uma imagem criada pelo público, que não tem qualquer relação com a realidade - na verdade, sou um ser afável, com um excelente feitio e inúmeras virtudes - não posso defraudar as expectativas.