Desta vez, a pressão para escrever é elevada e a fasquia foi colocada bem lá no alto, com um "este é o post da tua vida". Sou obrigado a objectar! Embora a qualidade das estórias e viagens acabe por inspirar a escrita e estas duas dimensões andarem geralmente a par, definir este fim de semana como o top da prosa, era definir esta incursão ao Alto Ceira como o expoente máximo das minhas andanças. E, se bem que tenha andado a roçar esse meu conceito de viagem perfeita, era acabar por dizer que futuras expedições não seriam tão boas. E eu quero mais!
O céu é já a seguir à curva
Literalmente. Acordar no alto do Colcurinho de madrugada e ver até onde a vista alcançasse a Estrela, o Caramulo e uma infinidade de serras e vales era como estar a tocar o topo do mundo. Descer aos vales encaixados nos montes, com casas de xisto abandonadas e atravessar ribeiros de que ninguém se lembra do nome dava uma estranha sensação de conforto e familiaridade. Atravessar a Mata da Margaraça e ganhar torcicolos a tentar alcançar com a vista as copas das árvores era ter uma pequena amostra do que teria sido a floresta original naquela região. Esta acabou por ser uma ideia transversal em toda a viagem, uma sensação de conforto a absorver paisagens naturais ainda desconhecidas com um travo ligeiramente agridoce pois a qualquer curva havia qualquer coisa a dar um ligeiro sentimento de perda. Como parques eólicos a alterar a percepção de escala da paisagem. Ou encostas a recuperar de incêndios a lembrar como as coisas são precárias.

Este fim-de-semana, saíram-me dois cromos novos: Ptyonoprogne rupestris e Hirundo daurica e a possibilidade de voltar a ter outros na mão, como Cinclus cinclus, Dendrocopus major e Sylvia cantillans, que embora sendo repetidos deixam-me sempre a salivar um bocadinho nos cantos da boca. Mais que isso, é a whole package, com cobreiras a sobrevoar-nos, descobrir ninhos de cias no meio da vegetação ou ver um melro-d'água a cair na rede. Pumba!


1 comentário:
Outubro. Por terras da Freita e Caramulo. E é uma época tão bela: o Outono, as cores e acompanhados de umas caçoilas de chanfana assada no forno de lenha da minha sogra. Prepara-te
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