terça-feira, julho 19, 2011

Jackpot!

Desta vez, a pressão para escrever é elevada e a fasquia foi colocada bem lá no alto, com um "este é o post da tua vida". Sou obrigado a objectar! Embora a qualidade das estórias e viagens acabe por inspirar a escrita e estas duas dimensões andarem geralmente a par, definir este fim de semana como o top da prosa, era definir esta incursão ao Alto Ceira como o expoente máximo das minhas andanças. E, se bem que tenha andado a roçar esse meu conceito de viagem perfeita, era acabar por dizer que futuras expedições não seriam tão boas. E eu quero mais!


















O céu é já a seguir à curva
Literalmente. Acordar no alto do Colcurinho de madrugada e ver até onde a vista alcançasse a Estrela, o Caramulo e uma infinidade de serras e vales era como estar a tocar o topo do mundo. Descer aos vales encaixados nos montes, com casas de xisto abandonadas e atravessar ribeiros de que ninguém se lembra do nome dava uma estranha sensação de conforto e familiaridade. Atravessar a Mata da Margaraça e ganhar torcicolos a tentar alcançar com a vista as copas das árvores era ter uma pequena amostra do que teria sido a floresta original naquela região. Esta acabou por ser uma ideia transversal em toda a viagem, uma sensação de conforto a absorver paisagens naturais ainda desconhecidas com um travo ligeiramente agridoce pois a qualquer curva havia qualquer coisa a dar um ligeiro sentimento de perda. Como parques eólicos a alterar a percepção de escala da paisagem. Ou encostas a recuperar de incêndios a lembrar como as coisas são precárias.









A lotaria ornitológica
Este fim-de-semana, saíram-me dois cromos novos: Ptyonoprogne rupestris e Hirundo daurica e a possibilidade de voltar a ter outros na mão, como Cinclus cinclus, Dendrocopus major e Sylvia cantillans, que embora sendo repetidos deixam-me sempre a salivar um bocadinho nos cantos da boca. Mais que isso, é a whole package, com cobreiras a sobrevoar-nos, descobrir ninhos de cias no meio da vegetação ou ver um melro-d'água a cair na rede. Pumba!






Os olhos também comem


E alimentaram-se das paisagens e de todo o património natural. Mas o resto do corpo também precisa de se nutrir. Mas falo a verdade quando digo que estes dias ultrapassaram o conceito de nutrição. Estamos a falar na mais pura alarvidade e gula alguma vez vistas. Vendo em retrospectiva o que se comeu e bebeu (eu, nem por isso, visto ainda estar em alarme amarelo pré-gotoso - felizmente falso-alarme) dava para alimentar todo um qualquer país africano. Durante um ano. E aumentar a taxa de hipertensão, diabetes e colesterl mau na população. A lista de pratos e petiscos regionais é infindável, dava para escrever todo um volume do livro de Pantagruel. Só sei que se as paisagens idílicas foram o paraíso, tudo o que se deglutiu deu direito a uma passagem em primeira classe no expresso do pecado da gula para o Inferno.





As tríades lusitanas


O triângulo Natureza + Pássaros + Gastronomia não faz sentido sozinho. Estas coisas só funcionam quando estamos acompanhados de amigos. Mais que um prazer, foi uma honra acompanhar 3 PADAs efectivos nestes 3 dias. Claro que a convivência com estes senhores não é isenta de riscos, quer pelos excessos culinários, que mais uma garfada e ficava com o sangue transformado em leite condensado, quer por ideias geniais a roçar o suicida, de tomar banho nas águas indescritivelmente geladas da Fraga da Pena. Ainda não sinto os dedos dos pés. A verdade é que apesar de continuar com a conta bancária na mesma, tenho a sensação que neste fim de semana me saíram 5 números e 2 estrelas.






A questão que fica no ar é... quando é a próxima expedição?

1 comentário:

PADA 1 disse...

Outubro. Por terras da Freita e Caramulo. E é uma época tão bela: o Outono, as cores e acompanhados de umas caçoilas de chanfana assada no forno de lenha da minha sogra. Prepara-te