quarta-feira, dezembro 27, 2006

Radares

Nos últimos dias tenho-me deparado com uma espécie nova da fauna urbana alfacinha: têm forma quadrada, costumam estar pousados em postes por cima de estradas e avenidas, habitualmente têm indicado um número (50 ou 80) e até são bastante simpáticos, pois têm-me dado as boas festas todas as vezes que passo por um (geralmente na 2ª circular). Alegadamente, estes radares foram colocados para prevenir que nós, condutores inconscientes e verdadeiros demónios do asfalto, ultrapassemos os limites de velocidade impostos pela lei.
Mas curiosamente, nos vários dias que levaram para colocar os radares nos seus poleiros, o trânsito nessas zonas, se já era caótico tornou-se perfeitamente irreal, com filas intermináveis de carros até onde a vista alcança. Quem, como eu, que conhece atalhos e trilhos para escapar a estas agruras rodoviárias, não pode deixar de pensar "Fantástico! Ainda estão a instalar estes coisos e já ninguém ultrapassa a velocidade máxima permitida". Pormenores o facto de os carros estarem parados ou, quando avançavam uns centímetros, não ultrapassarem 1 km/h.
Evidente que depois de instalados e a funcionar em pleno, as coisas são completamente diferentes... Numa via como a 2ª circular, em que na melhor das hipóteses, se circulava a uns 90 ou 100 km/h, mercê do tráfego intenso, actualmente é ver os carros a fazerem travagens bruscas, mesmo sem ultrapassarem os 80 km/k previstos, quando avistam os ditos radares luminosos que foram estrategicamente colocados a seguir a uma curva. Genial, não concordam? Realmente, posso imaginar que provocar acidentes nestes locais seja outra maneira de diminuir a velocidade do trânsito, com uma fila interminável de carros numa via e uma lenta fila de curiosos na outra via.
E se os portugueses realmente cumprirem estes limites prevejo ainda mais engarrafamentos, pois onde é que alguém circula a 50 km/h nas grandes avenidas? Mas pronto, há que acreditar que os senhores da DGV e do governo realmente estão a velar pelo nosso bem estar e não a querer recuperar os 2,5 milhões de euros que custou a introdução desta nova espécie através da amiga multa. Temos mesmo que fazer um esforço para ajudar na recuperação da economia! Pelo menos, foi o que os perto de 13.000 condutores que foram capturados pelas câmaras dos radares já começaram a fazer.

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