quinta-feira, dezembro 28, 2006

Ano Novo

Não me vou perder aqui com trivialidades do género "Feliz Ano Novo", dúzias de passas e outros disparates, até porque das vezes que comia as horríveis uvas engelhadas, nenhum dos desejos que formulava se concretizava. Por isso, adiante! As celebrações de ano novo devem começar já amanhã à noite, por isso há que estar concentrado no que interessa, que é a festa (o mudar de calendário é só mais uma desculpa para me divertir na companhia de pessoas que gosto, só tendo pena de não poder estar na companhia de TODAS essas pessoas) e sim, os excessos (de galhofa, risos, comida, e também de bebida).
Por isso, aqui me despeço, com os votos a todos os leitores (alguns vou poder dar o cumprimento pessoalmente) de um 2007, igual ou melhor que o 2006 que agora termina. Banalidades, mas que é que se pode dizer nesta quadra? Até para o ano!

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Radares

Nos últimos dias tenho-me deparado com uma espécie nova da fauna urbana alfacinha: têm forma quadrada, costumam estar pousados em postes por cima de estradas e avenidas, habitualmente têm indicado um número (50 ou 80) e até são bastante simpáticos, pois têm-me dado as boas festas todas as vezes que passo por um (geralmente na 2ª circular). Alegadamente, estes radares foram colocados para prevenir que nós, condutores inconscientes e verdadeiros demónios do asfalto, ultrapassemos os limites de velocidade impostos pela lei.
Mas curiosamente, nos vários dias que levaram para colocar os radares nos seus poleiros, o trânsito nessas zonas, se já era caótico tornou-se perfeitamente irreal, com filas intermináveis de carros até onde a vista alcança. Quem, como eu, que conhece atalhos e trilhos para escapar a estas agruras rodoviárias, não pode deixar de pensar "Fantástico! Ainda estão a instalar estes coisos e já ninguém ultrapassa a velocidade máxima permitida". Pormenores o facto de os carros estarem parados ou, quando avançavam uns centímetros, não ultrapassarem 1 km/h.
Evidente que depois de instalados e a funcionar em pleno, as coisas são completamente diferentes... Numa via como a 2ª circular, em que na melhor das hipóteses, se circulava a uns 90 ou 100 km/h, mercê do tráfego intenso, actualmente é ver os carros a fazerem travagens bruscas, mesmo sem ultrapassarem os 80 km/k previstos, quando avistam os ditos radares luminosos que foram estrategicamente colocados a seguir a uma curva. Genial, não concordam? Realmente, posso imaginar que provocar acidentes nestes locais seja outra maneira de diminuir a velocidade do trânsito, com uma fila interminável de carros numa via e uma lenta fila de curiosos na outra via.
E se os portugueses realmente cumprirem estes limites prevejo ainda mais engarrafamentos, pois onde é que alguém circula a 50 km/h nas grandes avenidas? Mas pronto, há que acreditar que os senhores da DGV e do governo realmente estão a velar pelo nosso bem estar e não a querer recuperar os 2,5 milhões de euros que custou a introdução desta nova espécie através da amiga multa. Temos mesmo que fazer um esforço para ajudar na recuperação da economia! Pelo menos, foi o que os perto de 13.000 condutores que foram capturados pelas câmaras dos radares já começaram a fazer.

terça-feira, dezembro 26, 2006

O Natal já la vai...

... e fica na memória mais uns dias de excessos gastronómicos, não tanto pelos doces, que não sou grande fã da doçaria natalícia (só escapam mesmo as azevias e as fatias douradas à la yoguini). Tudo o que seja sonhos, filhozes, coscorões, bolo-rei, rainha ou princesa, lampreias de ovos e outros que tais, dispenso! Agora ponham-me à frente um gadídeo assado ou com natas ou crias de ovinos com solenáceas a murro a fumegar, acabados de sair do forno. Ai sim, podem ver o milagre de natal, que é o prato ficar vazio!
Portanto, encerra-se o tema natalício e começa-se a pensar na passagem de ano, que dos meus 15 anos para cá, me tem interessado muito mais. Talvez porque durante muito tempo, a passagem de ano durava uma semana (dia 26 já tinha as malas feitas e fora de casa) e era sinónimo de férias em sítios reconditos do nosso Portugal, pândega, amigos e copos. Como hoje sou uma pessoa altamente responsável e profissional, a passagem de ano ficou reduzida ao dia 31 e 1 (este ano, também tenho o 30) por obrigações profissionais. O que quer dizer que vou ter de comprimir uma semana de diversão em 3 dias... para complicar a coisa, devo ter de fazer daquelas manobras de dobra-espaço-temporal, pois estou a pensar estar em 2 sítios no fim de semana.
Agora, imperdível mesmo vai ter um certo alguém, dito abstémio, a acompanhar-me nos copos!!! Está combinadíssimo, tudo o que eu beber tu também bebes. E livra-te de dizer que não. Faço tudo pelos amigos!

"Então qual vai ser a próxima?" , Perguntou a princesa Amélita, enquanto via a sala a andar à roda e bandos de conóbias a entrar pela janela...


domingo, dezembro 24, 2006

E ainda... o Natal!

No seguimento do post anterior, em que divaguei sobre a incoerência e dicotomia desta época festiva, pude comprovar na prática, ao vivo e a cores, as minhas teorias. Ora vejam:

Noite de 6ª feira: jantar de Natal (o último de uma longa semana gastronómica e de excessos) com o grupo de amigos de mais longa data (os da rua, como já fomos apelidados por uma, que não compareceu à chamada) . Algumas pessoas já não via há muito tempo, outras tive pena de não rever, mas fica sempre a sensação destas reuniões que tinhamos estado todos juntos ainda na véspera. A conversa seguiu ligeira, com gargalhadas e recordar de histórias que atestam anos e anos de amizade e cumplicidade. Se bem que estes jantares podem ser combinados em qualquer altura do ano, os marcados nos dias 20 e tal de Dezembro sabem sempre diferente. Será do frio que faz lá fora e do calor que faz dentro do restaurante?

Noite de sábado: o terror! Sem saber muito bem como, estava eu a chegar ao café, quando fui subitamente surpreendido por um grupo de meliantes que se diziam meus amigos e arrastado para esse antro de degredo que é o Colombo!! Tremam, almas incautas e abandonem toda a esperança quando cruzarem estas portas num sábado à noite e ante-véspera de Natal! Apesar de já ter comprado as prendas todas, acabei por seguir (às vezes sou mesmo parvo, mas a alternativa era voltas sozinho para o café) e mesclar-me em magotes de gente, sacos e embrulhos, beber um café ao balcão, ir a lojas e ouvir tratar as meninas pelo nome (havia uma em que tinham todos o mesmo nome) e substitui mau-maus por bom-bons. Claro que tive de marcar a minha posição com um resmunganço constante, até porque tinha uma sugestão para todas as prendas muito mais simples e simpática (mas isso é outra história). Finalmente, consegui escapar e juntei-me a outros fugitivos que também estavam de saída. Só mais tarde é que o grupo ficou completo quando alguns consumistas finalmente regressaram, mas sem terem comprado tudo! Tenho muita pena, mas a amizade tem limites e a nossa fica algures no dia 24 de Dezembro no Colombo. Por isso, já não me apanham de surpresa!.
"Também queremos comprar prendas" gritava a multidão, abafando os meus gritos de desespero, lá no meio.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Inevitavelmente... o Natal

Poliqueta-árvore-de-natal (Spirobranchus giganteus)
(Para quem pensava que árvores de Natal eram só pinheirinhos...)

Com tanto o que já se disse sobre esta época, acho que não vou acrescentar mesmo nada de novo... Também, o tempo para pensar em frases ou crónicas originais tem sido escasso com a quantidade de jantares, almoços e lanches de Natal que tenho tido. Nem sequer para o post gastronómico, que tanto prazer me dá escrever, tive oportunidade de parar e degustar mentalmente os pratos arroz de tamboril, Picanha ou bifinhos enrolados em bacon que têm passado à minha frente. As refeições também têm sido bem regadas e, sinceramente, se resistir a esta semana sem aparecer a maldita gota, acho que resisto a tudo.

Mas... e o espírito natalício? Deve andar por aí, nos centros comerciais e nos anúncios na televisão. Hoje passei um bom par de horas num inferno chamado Colombo e não o vi por lá. Só encontrei seres vagamente humanos com olhos raiados de sangue e cheios de sacos e embrulhos nos braços. Assustador! Mais assustador ainda foi quando passei em frente a um espelho e vi que me estava a tornar igual a todos os outros à minha volta. Dei rapidamente por finalizadas as compras e sai dali para fora. Eu sei que é um cliché falar da incoerência Natal-compras e de como se perdeu o tal espírito natalício, mas estes comportamentos estão tão vincados que é impossível pensar de outra maneira (e eu que me livrasse de aparecer na noite de consoada sem prendas!).

É óbvio que esta época transcende largamente os presentes e as azevias mas tudo o resto está tão diluído que se me fizessem daquelas perguntas brilhantes de reportagem de rua da TVI tipo "o que é para si o Natal?" ou me saiam daquelas baboseiras tipo paz e amor ou ficaria a olhar para a jornalista, ambos sem saber a resposta para essa pergunta. Nesse momento, e se este fosse um mundo perfeito, um de nós diria "Deixa lá, caga nisso. Anda daí beber é um copo".

Por isso, e para me preparar para uma eventual conversa filosófica sobre o sentido do Natal (que facilmente surge com a quantidade de álcool com que toda a gente anda no sangue nestes dias de festa), decidi que este ano o Natal representa para mim:
  1. Aproveitar a desculpa dos jantares de Natal para rever amigos e família com que já não tenho contacto regularmente e achar que estes momentos sabem sempre a pouco. Como é possível condensar vários meses de conversa das nossas vidas nas 2 horas que leva uma refeição. Que fique então a necessidade e vontade de combinar mais reuniões, seja pelo Natal, pelo Carnaval, porque nasceu um filho ou, simplesmente, porque queremos estar com essas pessoas e sentimos saudades.

  2. De maneira semelhante, parar um pouco para lembrar família e amigos que já não estão presentes e tentar esquecer um pouco mágoas passadas, retendo apenas boas recordações. Esperar que estes momentos de reflexão me ajudem a valorizar mais as pessoas que ainda por cá andam.

  3. Que se lixe! Os presentes! Eu gosto de abrir prendas, gosto de ver que alguém pensou no que eu gostaria de receber (mesmo quando se trata de peúgas ou canetas), da mesma maneira que eu pensei no que essa pessoa gostaria de receber. O acto de oferecer prendas não se resume só ao acto da compra. E a minha lista este ano é tão extensa quanto inatingível. Que fique então a vontade de conseguir no futuro algumas dessas prendas (até porque muitas são coisas imateriais). Se quiserem dar uma ajuda, podem-me financiar uma lista de viagens que tenho em carteira, aumentar-me o ordenado e arranjar-me um emprego mais a meu gosto.

  4. Os dias frios e solarengos que temos tido.

  5. E pronto, as azevias!

Sou mesmo um sentimentalão. Feliz Natal a todos os leitores, reais e imaginários, deste blog!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

"Clepe" de Natal

Quando pensam no local ideal para fazer um almoço de Natal, a primeira coisa que vos vem à cabeça é, obviamente, um restaurante chinês! É que tem mesmo tudo a ver, desde aos pratos, à decoração, ao próprio ambiente. Qual perú recheado ou bacalhau com todos! Este ano é chop-suey de perú e chao-mim de bacalhau para todos. E em vez de azevias e filhozes, gelado "flito" e banana fa-si para sobremesa.
Convenhamos que estou a ser ligeiramente mordaz... a comida até estava boa (espero que tenha sido um dos restaurantes que escapou à fúria de fiscalização há alguns meses atrás), não tinha baratas nem pelos púbicos (não era a primeira vez... yuck!) e a ementa constou de:
crepes (claro, um clássico)
arros chau-chau (outro...)
porco agridoce (mais um...)
frango com limão (apelidado de frango com gelatina por algumas pessoas)
frango com bambú e cogumelos chineses
pato com ananás (outro com gelatina)
chau-min de gambas
Na verdade, até se encontrava bastante acima da média e até gosto de algumas variações ao tema culinário. Mas convenhamos, nada ultrapassa uma posta de vitela... ou de bacalhau na brasa. E que saudades de papas de sarrabulho e rojões... Enfim, o almoço deu-me as forças necessárias para ir fazer mais trabalho de investigação de tarde.

Sunday on Speed

É incrível a quantidade de coisas que se podem fazer num único dia, havendo tempo e vontade... e não estou a falar de trabalho (isso é outra história). Este Domingo que passou consegui juntar n vertentes da minha vida, apesar de ser difícil acompanhar todas estas marcações:
9h30 às 13h00: Manhã de birdwatching no Estuário do Tejo. Não marquei cruzinhas novas no guia de campo, mas é sempre bom rever espécies como a águia-pesqueira (Pandion haliaetus) e bandos de 50 íbis-negros (Plegadis falcinellus). A manhã estava soalheira mas gelada e foi a custo que se manteve os bnóculos empoleirados nos narizes. Parece-me que conseguimos converter mais 3 almas à seita (conhecida por alguns como a irmandade da esteva).
14h30 às 16h30: Após voltar a Lisboa a voar para comprar uma prenda, teleportei-me para a Ericeira para um almoço de aniversário/Natal com o pessoal scalabitano. Após fazer uma finta a alguns lugares menos desejados (eu e 99% dos convivas), foi encher a pança de marisco. A "Marisqueira de Ribamar" proporciona óptimos pratos de frutos do mar, como o belo creme de marisco com nacos gigantes de crustáceos e pão firto e panelões de arroz de marisco, verdadeiros festins de sapateira, gambas e afins. Realmente, ao fim de 4 patos e após reconstruir o exosqueleto (agora vazio) de uma sapateira começa-se a ficar um pouco cheio...
17h30 às 18h00: Nova viagem a Lisboa, desta vez para visitar um familiar em convalescença. Como a recuperação parece de feição, sigo para mais uma voltinha...
18h30 às 21h30: Lanche de Natal + troca de prendas + apresentação do mais novo rebento ao mundo. É difícil não estabelecer analogias com esta ocasião com o quadro natalício da adoração dos reis magos. Sou ateu convicto, mas até agora, foi o único momento de espírito natalício que me atravessou. Claro que os reis (e rainhas) estavam tudo menos magros e a única magia que fizeram foi fazer desaparecer pratos de pão, enchidos e bolos.
22h00 às 24h00: Café em Oeiras, onde fui presenteado com uma obra literária da qual fui participante. Café simpático, apesar das portas traiçoeiras e do cheiro a queijo requentado (felizmente não foi nos Gémeos do inferno)
Pode-se dizer que foi um dia extremamente bem preenchido mas das 2, uma: ou realmente começo a dedicar-me ao teletransporte ou aprendo as artes de manipular o tempo, pois devo ter passado perto de 4 horas dentro do carro de um lado para o outro! Mas não me estou a queixar...

quinta-feira, dezembro 14, 2006

And the winner is...

Minha gente, podem abrir o champanhe e entregar-me já o prémio! Parece-me que esta semana ganhei novamente a competição "Quem conheceu o ser humano mais debilóide?", senão atentem na seguinte sequência de frases emitidas por esta alminha:
"...Ele faz cocó mole, depois duro e depois saem os rins..."
depois do meu olhar tipo "de que planeta vens tu?" foi-me explicado que os rins eram "cocós todos juntinhos"... Ahhhhh! fiquei muito mais descansado! Mas depois achei que o conceito de rins desta pessoa era ligeiramente diferente do meu. Adiante...
Seguiu-se guincharia e frases "Não lhe corte a língua!". Na verdade, se houvesse alguém para ficar sem apêndice língual e orgãos da fala era a dita cuja. Mas controlei-me...
Após outras pérolas do género e frases que entretanto fiz por recalcar, e enquanto vestia a mantinha de malha ao menino, foi-nos esclarecido que hoje ele estava muito irrequieto porque os "...lásticos estavam a prender-lhe os estículos..". Foi nessa altura que fugi. Bom dia, boa noite, boas festas, até nunca e ala dali para fora! Exausto depois de conter o riso durante este tempo todo (e todos devem ter imaginado como isto me deve ter custado) pensei que algo vai muito mal com o género humano.

24 horas

Muito melhor que a série 24 que passa na 2, em que só se anda aos tiros e a salvar o mundo, as minhas últimas 24 horas foram bem mais interessantes... desde andar a fazer piões na Peninha, ver amigos degustarem avidamente paté de salmão de marca duvidosa, ir farolar para tanques em busca de anfíbios só com uma lanterna e uma garrafa de brandymel para 7 pessoas e ficar com os sapatos-de-ir-à-madrinha todos cagados, lutar com corvos-marinhos e milhares de malófagos (muito piores que piolhos do iogurte) até disparar dardos anestésicos com espingarda e acertar quase em cheio no alvo (afinal sempre andei aos tiros...) . Não salvei o mundo, mas cada vez mais gosto de andar por cá.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Pocker!

Ontem fiquei muito orgulhoso de mim próprio quando, na apresentação de projecto de mestrado, o supra-sumo me tentou demover do projecto e por em causa as minhas capacidades de trabalho. Não sei se foi um truque de psicologia invertida, seguramente não foi um bluff de jogador de pocker, mas foi nesse momento que tive a certeza de que tenho a auto-confiança e tudo o mais para levar esta empresa a bom fim. Obrigado!

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Trabalho de campo Parte II - a gastronomia

É certo e sabido que não há saída de campo sem saída gastronómica e se bem que durante o dia nos alimentávamos de sandochas (eu mantinha-me bem com 1 sandes por dia, por mais incrível que possa parecer) o jantar era reservado a outras degustações.
07 Dezembro: Jantar no restaurante "O Túnel" em Sintra. Normal, bife com batatas fritas e um belo abacaxi de sobremesa.
08 Dezembro: o prato mítico do campo: massa com atúm. Palavras para quê? Um clássico para quem anda nestas andanças.
09 Dezembro: Salsichas frescas e costeletas grelhadas na lareira com arroz de feijão. Neste dia fui eu o chefe de culinária e como sou muito criativo, preparei um arroz de feijão inovador. Segue a receita:
  1. Preparar um refogado com cebola, alho e tomate picados, azeite e louro num tacho colocado em cima do Campingaz;
  2. Deitar o arroz no tacho;
  3. Entornar o tacho por cima do fogão e bancada da cozinha e atirar com o campingaz (aceso) para cima dos pés;
  4. apanhar o arroz de volta para o tacho e voltar a por em cima do campingaz;
  5. juntar o feijão, deixar apurar e retirar coisas pretas e outras impurezas do arroz;
  6. Servir à mesa e reparar que toda a gente repetiu o arroz.
Tenho a agradecer ao Abetúrcio por me ter ajudado a por o arroz de volta no tacho.
10 Dezembro: frango assado, arroz e batata frita.
Todas as refeições devem ser regadas com vinho Galito e no final whisky "Vat 69"!

Trabalho de campo Parte I - A investigação

Este fim de semana tive mais um piscar de olho ao CSI quando me juntei a um grupo maior de investigadores para andar à procura de pégadas e outros vestígios de carnívoros selvagens e outros bicharocos em Sintra-Cascais. Os trabalhos foram suportados por GPS (fartei-me de carregar nos botões a marcar pontos) e por uma equipa técnica do mais alto gabarito. Inclusivé, pude demonstrar o meu expertise a fazer necrópsias no campo e a estimar a time of death da vítima com base nas suas larvas.
Na verdade, para mim foi mais uma oportunidade de rever amigos, conhecer outros, fazer passeios loucos e marcar muitas cruzinhas no guia de campo. Claro que a parte científica é interessante mas...

Fica então o registo fotográfico:


A base de operações ficava na Peninha e às 8h00 a paisagem era de tirar o fôlego, com o Guincho lá em baixo e bem lá ao fundo, a serra da Arrábida. Diz-se que em dias descobertos se consegue ver até às Berlengas.

Da Adraga até à praia da Ursa a paisagem era assim e era impossível irmos a olhar para o chão à procura de pistas... Por cima, Falco peregrinus a picar, Phalacrocorax aristotelis nas rochas e Sula bassana a planar por cima das ondas. O pior foi eu e a Caracol termos de aturar o presidente da associação Melgas da Suiça o caminho todo! Por várias vezes pensámos atirá-lo pela falésia abaixo porque o gajo era completamente louco, mas controlámo-nos.

A praia da Ursa lá em baixo (sim, descemos isto tudo).

Pois é... tudo o que desce tem de voltar a subir! Cá em baixo, na praia da Ursa parecia-nos que íamos subir os Himalaias, mas acabámos por galgar aquela garganta em 30 min. A meia encosta, almoçamos deitados no tapete de batatas fritas verdes e estivemos a observar Monticola solitarius nas rochas. No fim, encontrámos ainda vestígios de presença de 3 lobos, dos quais o maior era o macho alfa.
Foi aqui que vi a minha vida a andar para trás... numa falésia com mais de 100 m, o mar a rugir lá em baixo, o vento a uivar, num trilho com 15 cm de largura e a estreitar lá à frente, e o suiço(ida) a querer arrastar-nos para uma morte certa, tive que me sentar e dizer "Daqui não passo" e ir dar a volta.

A paisagem do Cabo da Roca. Ainda prosseguimos mais uns kms pelas falésias, em caminhos em que nem cabra pisa e por isso, dei por encerrada a sessão fotográfica, já que as mãos foram usadas para trepar a quatro.

Ainda fui responsável por verdadeiros momentos de ausência. Ora vejam:

Suiço(ida): "estes lírios são exóticos ou são de cá?"

Eu: "Eu sou de Lisboa"

Caracol: "não nos estamos a nutrir à altura..."

Eu: "devemos estar a 70, 80 m..."

Ou estou a ficar surdo ou senil ou numa de poupança de neurónios só oiço o final das frases: "blá blá blá... decá?" e "blá blá blá... altura".

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Estou quase lá...

Hoje não pude deixar de pensar que ando a ver demasiados episódios do Dr. House... Hoje desanquei num senhor que nem gente grande que o homem até ficou branco que nem a parede da sala onde estávamos (até levei com uns olhares reprovadores da tia Micas para não ser tão ruim). Mas também, o dito cujo vinha acompanhado pela Kate Moss versão verde-amarelada e desidratada que teimava em se alimentar exclusivamente de agrião há 2 anos. A propósito, já ouviram falar de terrários com lâmpadas por baixo? Eu não. E tive que perguntar 3 vezes ao senhor para ver se estava a perceber bem... É uma luz indirecta, dizia ele. Foi então que tive de ser muito directo com ele...

terça-feira, dezembro 05, 2006

Observações gastronómicas

Como este espaço não é só para falar de pitos e lagartixas, passo a relatar as minhas variadíssimas observações gastronómicas com maior regularidade e direito a posts individuais! Também é verdade que as saídas de campo das diferentes irmandades ficaram há anos indissociáveis das saídas gastronómicas. E actualmente não é possível pegar nos binóculos com uma mão sem pegar num belo pedaço de choco frito (por exemplo... mas pode ser salada de polvo, moelas, postas mirandesas, etc.) com a outra.
Hoje levou com uma cruzinha no guia o restaurante "O Correio", na Areia, Cascais, com um belo almoço de frutos do mar: amêijoas para entrada e uma tachada de arroz de marisco para saída, regado com algumas imperiais, que até podiam comprometer o serviço durante a tarde... mas o pessoal é profissional! Tudo muito bom, as amêijoas fresquinhas e com litros de molhanga para ensopar o pão e o arroz, riquíssimo em espécimes moluscas e crustáceas (quase tantas como o arroz). A sobremesa não deslumbrou mas também não sou muito doceiro. Para mais, havia uma lata cheia de rebuçados de ovo deixados por um cliente à espera de quem precisasse de mais glicose no sangue.
Ainda melhor me soube não ter de pagar por este repasto pois foram as meninas minhas colegas e a sua caixa do tesouro que se chegaram à frente. Não me importava nada de repetir a observação ;)

Realidades alternativas

Cada vez mais frequentemente penso como seria a minha vida se não tivesse escolhido este raio de profissão. Onde estava eu com a cabeça?? É verdade que, na maior parte do tempo gosto do que faço e nem penso muito nisto. Também é óbvio que a minha vida e o que sou não é definido pela minha profissão. Mas ainda assim... como seriam os meus "Eus" alternativos se tivesse optado por outras saídas profissionais? Se calhar muitos de vocês diriam "Biólogo" ou qualquer coisa parecida. Talvez... Mas, digo-vos eu, as minhas alternativas vão muito mais além... do surpreendente ao sublime! Ora vejam (o grau de disparate vai aumentando à medida que forem lendo):

Opção a) Biólogo. Se calhar a mais óbvia. Tinha era que trabalhar em destinos exóticos e descobrir muitas espécies novas

Opção b) Ilustrador científico. Também teria o seu sentido. Às vezes até faço coisas engraçadas, pinto dentro dos traços e tudo!

Opção c) desenhador de BD. Humm... agora é que a realidade começa a ser um pouco alternativa. Era mais uma brincadeira que se tornava profissão. Sim, porque não desenho só escaravelhos e passarinhos.
Opção d) Paleontólogo. Não tinha que necessariamente trabalhar com dinossauros (está muito batido), há muito mais coisas interessantes:




Opção e) Músico. Sex, drugs and Rock n' Roll!! Ou numa onda muito mais fixe, tipo Cake ou outra banda de jeito. Parece-me é que ia ter uma carreira curta...

Opção f) E que tal... arqueólogo? Aventuras... gajas boas em perigo... Viagens... Destinos exóticos...

Opção g) Agente do FBI. Este até acho q tinha jeito, com a quantidade de gente alienígena com que lido, extraterrestres, lobisomens e poltergeists até me iam parecer um descanso. Desde que tivesse uma colega boazona...
O que vos parece? Em que área profissional é que teria mais sucesso?

domingo, dezembro 03, 2006

Raistapartiça a p#+@ da abaladiça!

Quando se combina "vamos beber um copo ao bairro?" não se está a combinar ir beber um copinho de shot ou uma imperial de 20 cc; na verdade, pretende-se esgotar o stock de cerveja de todos os bares por onde se passa. Do mesmo modo, dizer "voltamos cedo" não quer dizer que à meia-noite estamos todos transformados em abóboras e a dormir, mas sim que vamos fazer uma directa para tomar o pequeno almoço na madrugada seguinte.
Não que eu me esteja a queixar, já conheço estes mensagens subliminares e subentendidos do pessoal (todos sabem ao que vão) há anos e só tenho pena de não ir mais vezes. E foi assim, que rumamos 5 a essa meca da diversão nocturna que é o Bairro Alto.
Não me perguntem os nomes dos bares, já vou lá há anos e raros são os que decoro. Só sei que tive de subir uns 100000 degraus da bica até lá acima e que estive de cerveja na mão à porta da D. Celeste. Ainda deu tempo para assistir a uma invasão de conguitos, aturar os insuportáveis brindes à MEF (e foram vários) e terminar a noite (ou madrugada) num desses antros de degradação que são as roulotes de cachorros. F*&@-$3!!! A fauna que vê nesses locais dava para escrever uma enciclopédia sociológica com muitos volumes. Ah! e foi aí que encontrámos a abaladiça, senão havia alguém que não se calava...
Eram quase 6h da manhã quando me teletransportei para casa, após ter feito uma finta a uma garrafa de vodka...
Para o próximo fds há mais... espero!

sábado, dezembro 02, 2006

Safari fotográfico

Não foram tigres nem leões que fotografei, não descobri novas espécies para a ciência mas também não estive no Congo nem noutro país esquisito. Estive no Estuário do Tejo, bem às portas de Lisboa e os campos alagados fervilhavam de vida. Os locais de observação são meio secretos, só as irmandades da esteva e da planta-lava-panelas é que os conhecem, mas tenho todo o prazer em fazer a visita guiada. Seguem algumas fotos devidamente legendadas (nesta fase só consigo fotografar alguns "cromos" mais comuns mas dêm-me tempo). Qual acham que vai ser a próxima capa da National Geographic???

Cegonha-branca (Cicconia cicconia) vistas através de uma cerca (não ia dar cabo do arame ao homem). Comuns mas sempre fotogénicas.

Colhereiros (Platalea leucorodia), ainda atrás da cerca. Bem menos comuns que as cegonhas, logo mais interessantes.

Não são corvos, nem o Mantorras e os amigos. São gralhas-pretas (Corvus corone).


Estes são patos-reais (Anas platyrhynchus), a espécies mais comum no Estuário. Como tal, e como esta foto já foi tirada à hora de almoço, não faz mal pensar neles rodeados de arroz e rodelas de chouriço a sair do forno.


Et voilá! a prova fotográfica (por digiscoping) da presença de piadeiras (Anas penelope) no estuário, que deu direito a pôr mais uma cruz no meu guia. Livrem-se de dizer que está desfocada! Qualquer incapacidade de identificação deve-se a inépcia do observador (sim, tu que vês a foto), má qualidade do telescópio ou estremecimento constante da plataforma onde me encontrava.

Pequenos prazeres da vida

Pequenos prazeres (ou Life's Simple Pleasure, que também é mais ou menos o título de um album de Tindersticks) são pequenos nadas que frequentemente passam despercebidos e que não são devidamente valorizados. No meu dia-a-dia, entre lutas renhidas com seres alienígenas e a hercúlea tarefa de trazer alguma sanidade mental a certas pessoas, ainda mais facilmente são descurados. Afinal, foi preciso um feriado para abrandar um pouco e poder ver quais são as coisas que realmente importam. Senão, vejam:
  1. ir para o campo numa manhã fresca de Inverno;
  2. experimentar uma máquina fotográfica nova (e tirar fotos dignas da capa de qualquer National Geographic);
  3. marcar no Guia de Campo uma espécie nova (neste caso um bando de Anas penelope);
  4. passar uma tarde a beber chá e a jogar Scrabble com amigos;
  5. sair de casa naquela expectativa que antecede qualquer jogo de futebol...
O dia só não foi perfeito porque o Sporting perdeu a duas (injustas) bolas o jogo com os lampiões. Em casa. Desgraça...