sexta-feira, agosto 08, 2008

Dia 3 - de Constantim a Malhadas

Só pelo fim da manhã se conseguiu mobilizar as hostes e, acompanhados da Lindinha e da Iroatsu, lá se fez o nosso grupo à estrada, em companhia dos restantes burriqueiros e seus burricos, com os gaiteiros e outros músicos a anunciar a passagem da longa caravana pelos campos, seguidos pela matilha de 3 castros laboreiras e outros exemplares caninos e por 2 carroças, carregadas de miúdos, água e melancias.
Paragem na Póvoa para almoçar e engolir, com o resto do almoço, que não gosto de feijão verde, porque estes estavam deliciosos. Finalmente, os primeiros esboços e a certeza que iria ficar muitíssimo aquém da fasquia por mim colocada, que era encher um caderno de campo em 4 dias. Sinal de que não havia tempo de desenhar e de que, no futuro, tenho mais uma desculpa para regressar à região e ao passeio.
É hora de ir buscar os burros ao lameiro e fazer-nos ao caminho para Malhadas, já pela fresca do fim de tarde, com o sol a mandar os últimos raios entre os freixos e carvalhos. Chegado então a Malhadas, está na hora de voltar à Póvoa para buscar o carro numa viagem surreal.
Depois do jantar, dos pauliteiros de Malhadas e de actuações espontâneas das velhotas locais, começou um concerto memorável, seguramente entre os melhores que já assisti - atenção, estou a falar de coisas ao nível de Arcade Fire no Superbock do ano passado - com os Tuttis Catraputis a arrasar e a incendiar (literal e figurativamente) a assistência, seguidos dos Roncos do Diabo a manter as hostes em brasa, para ter um final apoteótico com todos os músicos juntos a tocar. Por volta das 3 da manhã acho que já ninguém sabe onde ir buscar as forças para saltar, gritar e bailar, no que parecia algo como uma transe-party de duendes da floresta num filme de Kusturica (ao fim de longas horas de debate chegámos a esta definição que dá uma ideia do ambiente).
E eu acabei a noite de fato de banho a tomar duche de água gelada no centreo recreativo da terra, com toda a gente a achar que estava mais bêbado que eles todos. Mas estava sobríssimo (acho) e aquele banho soube que nem ginjas.

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