quarta-feira, março 19, 2008

Parque Pleistoceno

Há uns anos houve um congresso mítico em Vila Real, em que eu e mais algum pessoal que aqui vem espreitar participou. Entre variadíssimas actividades - a primeira visita ao Douro Internacional, o almoço de posta mirandesa com uma vegeta e a amiga esquizofrénica - e um painel de temas variados - passando por lebres e cegonhas-negras, seguido do meu massacre da tricomoníase - houve uma apresentação que sobressaiu e ficou na memória de todos:
A daquele alucinado que queria re-introduzir o urso-pardo (Ursus arctos) em Montesinho ou no Gerês. Mas como havia pouco espaço, só dava para introduzir urso e meio. A sério! É óbvio que se seguiu coro de gargalhadas e apupos e o senhor desapareceu lá para o gabinete de onde veio.
Acharam esta ideia louca? então vejam o que estes senhores propõem! Para resumir, no final do Pleistoceno ocorreram por todo o globo extinções do que se designou por megafauna. Ainda não está completamente esclarecida a causa, mas crê-se que os nosso antepassados que já por aí andavam a fazer asneiras, deram uma mãozinha. Ora, este pessoal, provavelmente acometido de complexos de culpa, propões restaurar essa fauna extinta. Esqueçam o parque Jurássico, aqui ninguém vai extrair DNA de mamutes a partir de carraças conservadas em âmbar.
O que se pretende é ir buscar animais mais ou menos parecidos e soltá-los nas pradarias americanas. Já não há mamutes? Então vamos ali buscar uns elefantes asiáticos... Os leões-das-cavernas já não existem? Sem problema, soltamos uns afircanos. Estão a ver a lógica? Também estão a ver a asneira monumental que aí vem e todas as implicações possíveis e imaginárias. Se calhar, digo eu, mais valia preocuparem-se em manter o pouco que ainda existe.
Mas, e pondo de parte todas essas considerações, esta idiotice pôs-me a pensar como seria a península Ibérica no final do período das glaciações. Acreditem que os passeios e trabalhos de campo iam ser muito mais interessantes, senão vejam:


Temos então, da esquerda para a direita: Hienas-malhadas (Crocuta crocuta), Hipopótamos (Hippopotamus antiquus), Pumas (Puma pardoides), Mamutes (Mammuthus primigenius), Cavalos-selvagens (Equus caballus), burros (Equus spp.), veados (Eucladoceros spp.), auroques (Bos primigenius),rinocerontes-lanudos (Coelodonta spp.), chitas (Acinonyx pardinensis), leões-das-cavernas (Panthera leo spelae), leopardos (Panthera pardus), Ursos-das-cavernas (Ursus spelaeus), tigres-dente-de-sabre (Homeotherium spp.), veados (Megaloceros spp.), Linces (Lynx pardinus) e jaguares (Panthera gombaszoegensis).

Quem achar interessante andar a fugir montado fora de um bando de mamutes ou leões, pode sempre mportar uns parentes modernos e soltá-los por aí.

É de mim, mas este pessoal andou a fumar umas coisas estranhas ou quê?

4 comentários:

Anónimo disse...

Só mamiferos? E a passarada, será que valeria a pena pensar nisso? Que espécies novas dedicaria o meu esforço? Estou intrigado.

Fuzhong! disse...

convenhamos que um urso ou um mamute são ligeiramente mais impressionantes...
Mas eu soltava por aí Urogalos, perdizes-cinzentas, abetouros, íbis-eremitas e grous (Anthropoides virgo).
Mais alguma sugestão?

Lightalive disse...

O urso-pardo não é nenhuma espécie exclusiva do Plistocénio, pois ainda existe na Península Ibérica.
Foi inclusive avistado um urso-pardo a menos de 50 km de Portugal em 2005. Isso demonstra que estão a descer até cada vez mais perto de Portugal.Se entretanto alguns passam a fronteira, já não seria grande surpresa pra mim. Há uns 10 anos atrás os ursos mais próximos ficavam a centenas de kms de Portugal. hoje em dia estão mesmo, mas mesmo muito próximos. Quem sabe até presentes.

Lightalive disse...

O urso-pardo não é nenhuma espécie exclusiva do Plistocénio, pois ainda existe na Península Ibérica.
Foi inclusive avistado um urso-pardo a menos de 50 km de Portugal em 2005. Isso demonstra que estão a descer até cada vez mais perto de Portugal.Se entretanto alguns passam a fronteira, já não seria grande surpresa pra mim. Há uns 10 anos atrás os ursos mais próximos ficavam a centenas de kms de Portugal. hoje em dia estão mesmo, mas mesmo muito próximos. Quem sabe até presentes.